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Sobre a (mais nova) manifestação contra nordestinos – e nortistas, vai um breve ‘fio’... #Thread #NE
É burra. Ao tratar a região como uma unidade igual, ignorando particularidades geográficas, culturais etc. Micro exemplo: não há UM sotaque nordestino, sequer UM de cada estado. No diálogo entre um cabra do sul da Bahia e um soteropolitano, seu ouvido notará o abismo de acentos.
A conversa do pernambucano do sertão do Araripe com o recifense pode ser comparada ao papo entre um cubano e um chileno; castelhano, sim, pero muy diferente.
É ignorante. A região não é um imenso semiárido. Pasmem! Há centros urbanos, polos regionais e até pequenas cidades do interior com alto desenvolvimento.
Núcleos de exportação em municípios de áreas rurais, de cidades litorâneas e de capitais.Pesquisem sobre Luís Eduardo Magalhães, Petrolina, São Gonçalo do Amarante, São Luís, Recife... A lista vai de produtos básicos, semi, manufaturados a tecnologia.
Como qualquer outra região semiárida do planeta, o Nordeste brasileiro sempre estará sujeito a secas recorrentes. É característica natural: chuvas irregulares e mal distribuídas. Questão climática alheia à vontade humana. Foi, é e assim sempre será.
A diferença são as políticas públicas de combate à seca ao longo dos Governos. Paliativas, populistas, estruturais... lemos, aprendemos ou vivemos o que foi feito e o que não foi. Tudo é história.
Abre parêntese.
Ainda durante o Império houve a ‘Grande Seca’: três anos sem chuvas que dizimaram plantios, rebanhos e gente. Vem desse período a ideia de transposição das águas do São Francisco, iniciada mais de cem anos depois.
O fluxo migratório, inicialmente das zonas rurais do semiárido para o Sudeste, começou a ser mais frequente há um século após outra longa estiagem. O volume, no entanto, foi maior nas décadas de 1940 a 1960, quando são registradas outras importantes secas.
Nesse período, as populações do Rio e, especialmente, de São Paulo, praticamente dobraram – também por conta dos migrantes nordestinos. Ao mesmo tempo, há alto desenvolvimento econômico dessas metrópoles. Havia demanda de mão de obra. A 'salvação' de muitos.
Só que quem chegou fugido da seca tinha, em sua maioria, baixa formação. Restaram os menores salários, o subemprego, o setor primário, as periferias. Eis o ponto. Mora aí a origem do preconceito.
Mais do que geográfico, ele esconde o preconceito de classes. É preconceito contra o pobre e o que ele supostamente ‘representa’.
Fecha parêntese.
E, por fim, o vídeo é cruel. ¨Essa mula (reclama) ‘ah, não tem água’¨. A soma dos períodos de seca matou milhões. É um dos nossos Holocaustos. Não se tripudia da dor. A menos que você seja um canalha.
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