Thread by @pfnery

Incrível: o conselho regional de economia (Corecon) do Rio reproduz em seu site panfleto contra a reforma da Previdência, assinado pelo lobby dos juízes e procuradores. Vai ter thread!

Olha esse coitadismo: reclamam que a PEC 287 permite que trabalhadores pobres contribuam por menos tempo do que os servidores.

É claro que não pra comparar quem tem estabilidade com quem tem a "instabilidade". O pedreiro, a empregada, que passam menos tempo em emprego formal.

É um erro factual, porque a aposentadoria por idade, com 15 de contribuição, não é criada pela reforma. Ao contrário, a PEC diminui o tempo mínimo de contribuição do servidor de 35 para 25. Dão a entender que ela cria uma diferença quando na verdade reduz neste ponto.

A aposentadoria por idade paga em geral pouco mais do que 1 salário mínimo. Que escárnio servidor com direito à integralidade e aposentadoria antes de 55/60 se fazer de coitadinho comparando com quem se aposenta com 1 salário aos 60/65 (aposentadoria por idade).

Na ânsia de panfletar, há uma contradição em seguida. Se antes o problema eram os 15 anos do pobre, agora se fala dos supostos 40 anos para conseguir 100% na aposentadoria. Mas o pobre tem a aposentadoria vinculada ao salário mínimo. Para a maioria, 15 anos é suficiente para 100%

Isso porque o salário mínimo cresceu muito acima da inflação, especialmente nos governos do PT. Por isso, o salário médio de um trabalhador pobre está abaixo do mínimo atual. Independentemente de fórmulas, com 15 anos ele pode receber 100% na PEC 287. Na verdade, mais do que 100%

Há outro vitimismo falacioso: a reclamação de que o servidor tem uma idade mínima, e a aposentadoria por tempo de contribuição no INSS não. Mas além da idade mínima ser em baixa (na prática menor do que 55/60), há uma grande discrepância no valor do benefício.Veja o próximo tweet

No INSS, existe o fator previdenciário: a aposentadoria é menor do que a média salarial, de acordo com a expectativa de vida. No serviço público, há o faVOr previdenciário (integralidade): a aposentadoria é MAIOR do que a média salarial. Não se considera expectativa de vida.

A integralidade é a principal fonte de desigualdade entre os regimes, e de desequilíbrio fiscal nos entes, principalmente estados e capitais. Foi abolida, mas de acordo com a contrarreforma de 2005, somente para quem entrou até 2003. Quem se aposenta nos próximos anos ainda têm.

Fecho com este ato falho, em que as entidades do funcionalismo, principal Jud e MP, dão a entender que servidores não são trabalhadores. Reforma cruel? Fala sério! Até a integralidade é mantida na PEC 287, com transição.

Se é um contrassenso um cartório para economistas como os corecons, que contraria as próprias prescrições da teoria econômica, é pior ainda a sua captura pelo sindicalismo mais vulgar. Nesse sentido, importante artigo da @ElenaLandau, ontem no Estadão:
economia.estadao.com.br/noticias/geral…