Não foi uma pauta econômica, como a previdência, mas uma moral: o pacote "anticrime" do Moro.
Uma em que o governo tem a maioria da população do seu lado, calcado no senso comum.
Defender o punitivismo é uma estratégia de diferenciação para ter acesso à migalhas.
Então...
Uma estratégia é exatamente mostrar que esta estratégia tem falhas, e gritantes. Usar os vários casos de trabalhadores assassinados pela polícia
Outra estratégia é demonstrar o elo entre o governo e as milícias.
Mas é preciso falar mais do que é a milícia. As pessoas não falam que as milícias também traficam drogas, que cobram "proteção" como uma máfia
E apontar que como as milícias estão dentro das polícias, a lei dá garantias de não serem incomodadas. Não é anticrime, é pro-máfia.
No mundo ideal a gente consegue fazer discussão de encarceramento em massa, e que impedir progressão apenas aumenta o poder das facções.
A brasilidade exige que você seja um "cidadão de bem" em público, mas permite que seja flexível em privado. Manter a imagem de "trabalhador" é importante, vida e morte para algumas pessoas. Então, elas se fecham.
Cada um com sua base, e precisamos de todas. Precisamos de "intelectuais orgânicos".
Não pense que vai convencer minion. Não gaste tempo e energia com isso. O foco e solidificar a posição dos aliados, convencer indecisos e aquelas pessoas que não concordam com você, mas não fazem disso um cavalo de batalha.
Para identificá-las, repare: elas não estão falando de política.
Somos uma sociedade em que todo mundo fala e ninguém escuta. Se a pessoa acha que milícia é OK, é porque ela tem uma demanda que a milícia supre. Se ela acha que o PT é o demônio é porque o inverso
E, nessa hora, a gente precisa ajustar argumento.
Posso por exemplo falar que não quero ver vapor preso, porque não concordo com meus impostos servirem para colocar um marginal pé de chinelo na "universidade do crime".
Não é o argumento principal para eu ser antiprisional, mas se me parecer que vai ser efetivo, uso sem peso na consciência.