Thread by @Savagefiction

A revolta do sangue preto desembarcou nas terras brasileiras desde que o primeiro navio trouxe cativos. Não houve um século sem batalhas ou sem nascer um nome para lutar pela liberdade do povo afro-brasileiro e foram muito maiores do que a Princesa Isabel #13deMaio

O maior desses símbolos foi Palmares, chamada pelo racista/eugenista Raimundo Nina Rodrigues de “República de Palmares”, tudo indica que foi a tentativa de reconstruir um verdadeiro reino africano no Brasil, uma afronta a coroa Portuguesa. Os primeiros mocambos surgiram em 1580

Palmares durou quase um século e trouxe vários nomes que representam uma verdadeira monarquia do povo negro: Aqualtune, Ganga Zumba ou o próprio Zumbi que reinou nos últimos 15 anos. Todos foram assassinados pela coroa, nenhum escravagista iria querer um guerreiro em sua senzala

Zumbi foi morto em 1695, teve a cabeça cortada e exibida em praça pública. Mas a realeza e a luta pela liberdade já havia plantado outra semente 5 anos antes quando chegou ao país uma princesa da nação Cambinda em Angola, Zacimba Gaba.

Como os africanos reconheceram sua realeza na senzala, o barão José Trancoso a trancafiou longe dos outros negros, cometeu vários estupros e ameaças para que os cativos não se revoltassem. Foi em vão, os brancos não conheciam a força das princesas africanas.

Em segredo articulou um plano, envenenou o barão com pó de cabeça da cobra jararaca, que cortada, torrada e moída. Estourou a senzala, criou um poderoso quilombo em Itaúnas(ES) e viveu por anos atacando navios que tentavam desembarcar negros escravizados na região

Em 1798 estourou na Bahia a Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, liderados por vários negros escravos e libertos, como Lucas Dantas do Amorin Torres e Manoel Faustino do Santos Lira. Além da abolição eles tinham intenções anti-racistas, que não veio com a abolição de 1888

No começo do século XIX foram mais de 30 revoluções pela liberdade do povo negro, só na Bahia. A dinâmica da escravidão havia se alterado um pouco no Brasil, diferente de todas as outras colônias existia uma flexibilização rumo a liberdade.

Era comum dias de folga e alguns maus tratos causavam mortes dos capatazes. Os quilombos causavam medo real, era comum que alguns grupos fugissem e no desespero pela liberdade se vingassem matando famílias brancas inteiras.

Os negros muçulmanos se levantaram em 1835, criando um dos grandes pesadelos dos escravagistas: a Revolta dos Malês. Enquanto isso em 1838 no Vale do Paraíba Manoel Congo e Mariana Crioula tentaram erguer um novo reino africano livre, citados como Rei e Rainha

O Movimento da abolição quilombola surtiu efeito junto com movimentos sociais, grupos que compravam alforrias ou apoiaram a abolição de todas as formas.

No Censo de 1872 verificamos que apenas 15% da população ainda era escravizada naquele ano. A maior parte dos negros já estava livre menos de duas décadas antes da abolição “legal” promovida pelos abolicionistas e assinada por Princesa Isabel

nexojornal.com.br/especial/2017/…

A abolição era inevitável e parlamento sabia disso, desde que assinou leis como do Ventre Livre em 1871. Era um projeto de liberdade gradual que depois foi acordado entre a elite política, aí fica fácil a princesa assinar sem ter derramado uma gota de suor pelo povo preto

Dentro do Panteão da Liberdade Afro-Brasileira ainda podemos citar os grandes abolicionistas Luiz Gama, Tereza de Benguela, Dragão do Mar (que aboliu a escravidão anos antes da Lei Áurea) e os abolicionistas no parlamento como Joaquim Nabuco e André Rebouças.

A escravidão era insustentável, ninguém aprisiona homens e mulheres como animais sem esperar um contragolpe. Ele veio pelas mãos dos próprios negros, a única saída pacífica foi aceita-los como cidadãos.

Só que essa elite brasileira sempre foi canalha, ela fundou a República e assinou a abolição com promessas de liberdade, era tudo uma farsa. O Brasil deu início, à políticas de branqueamento e empurrou os ex-escravizados para a pobreza.