Thread by @XadrezVerbal

Depois dessa sabatina (ainda rolando) do ministro da Educação, mais campanhas de informação sobre universidades, e ainda com a amplitude dos protestos de hoje, é complicado pra alguém continuar achando que os cortes orçamentários são "técnicos", e não por ideologia e conveniência

Que se precisa reformar o orçamento e a administração universitária? Sem dúvida, é um buraco negro de burocracia.

Agora, não é na canetada que se faz isso; não é cortando dos setores mais fracos; não é do dia pra noite; não é com mentiras; não é como chantagem política.

Que se precisa investir mais na educação de base? Sem dúvida, mas investir mais na educação não é cortar da mesma educação. Conhece efeito cascata?

E não é omitindo que a educação de base envolve outros orçamentos de outras entidades da União.

Que a economia precisa melhorar? Sem dúvida, mas qual o sentido de fazer isso cortando o salário de pesquisadores (bolsa de pesquisa é salário)? Cortando a verba de gente que movimenta a economia desde setores de serviço, mercado imobiliário, até grandes corporações?

No fim das contas só conseguem tentar justificar esse arbitrário, ideológico e imenso tiro no pé falando de Dilma, de Lula, de drogas e de putaria.

Como se não tivesse tido protesto estudantil nesses governos e o universitário não tivesse mais preocupado com o fim do semestre.

"Ah, mas eu vi foto de gente pelada na federal", "Ah, mas eu conheço um cara de humanas que é maconheiro".

Ok, primeiro, cheque a fonte. Segundo, coloque perspectiva. São dois milhões de universitários na rede pública. Você vê dois milhões de peladões por aí todo dia?

Se você quer um resumo do que significam os seguintes e crescentes cortes nos orçamentos de educação, sem discussões mais amplas, democráticas e graduais, tem um ditado: "economia na base da porcaria".

A conta chega depois.

E novamente me explico: entendo os que se sentirem incomodados por não ser um tema de política internacional, mas, como professor e um egresso de universidade pública que fornece conteúdo gratuitamente na internet, me dou o direito de participar desse debate.

Sobre as manifestações de hoje e os que dizem que "não são sobre educação", um ótimo complemento, bem realista:

Mais dois complementos:

Primeiro: "Não é corte, é contingenciamento"

Não é soco na cara, é contato físico movido por força mecânica entre as falanges da mão de um indivíduo e o maxilar de outro

2º complemento: "Mas foi determinação do Guedes, o ministro só acatou".

Ministro não é pra dizer amém, é pra brigar pela sua pasta, brigar pelos seus recursos. Mauro Vieira peitou Levy em 2015 pelo orçamento do MRE. Se for pra só seguir ordens, coloque-se Guedes na pasta logo.

O fio continua: Sobre cortes "foram em todas as áreas": O corte no MEC representa 30% do total da pasta para investimentos, mas corresponde a 4,7% de TODO o orçamento de INVESTIMENTOS da União. O que é um rombo enorme nos investimentos em educação é um corte pequeno (...)

(...) em comparação ao número total.

Segundo, um dólar investido em educação superior significa 4,5 dólares voltando pra economia segundo a universidade de Berkeley, Califórnia.

(...)

(...) Terceiro, 90% das pesquisas no PAÍS são realizadas em universidades públicas. Cortar INVESTIMENTO é cortar pesquisa, cortar pesquisa é ficar mais pra trás na economia mundial.

Suficientes pra mostrar que é economia na base da porcaria?