Thread by @XadrezVerbal

Pequena thread sobre o dia de hoje em relação ao Brasil e o mundo

O presidente da república diz que "se quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade (...) O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias".

(Segue...)

(...) Só a parada LGBT de São Paulo movimenta 160 milhões de reais.

O turismo para destinos receptivos ao público LGBT é um dos que mais cresce no mundo, especialmente quando é acompanhada pela progressiva aceitação da sexualidade dessas pessoas em seus países de origem. (...)

(...) Isso facilita documentação e planejamento de turismo.

É uma área que movimenta mais de duzentos bilhões de dólares por ano, mais de 790 milhões de reais. O Brasil é, hoje, um dos principais filões desse mercado, que injeta dinheiro na economia (...)

(...) cria demanda, postos de trabalho e, principalmente, aumenta o intercâmbio de ideias e a visibilidade, potencialmente diminuindo preconceito e hostilidade.

Além disso, é uma bobagem contrapor turismo LGBT e famílias, como se antônimos. (...)

(...) É uma bobagem dizer que quem defende o reconhecimento de uniões LGBT é "contra a família". Não, sou a favor da multiplicação da família, ao contrário dos que acham que podem monopolizar a definição do que é amor filial. E existe também o turismo LGBT família (...)

(...) com destinos até como a Disney fazendo eventos específicos para famílias LGBT, e cruzeiros familiares. Longe da imagem de "apenas orgias desvairadas" que algumas pessoas têm de qualquer ambiente LGBT.

As declarações do presidente não são apenas para seu eleitorado (...)

(...) ele é o Chefe de Estado, e essas frases já repercutem negativamente pelo mundo, o que pode ter impactos econômicos em diversos setores. Ele está basicamente dizendo que algumas pessoas não são bem vindas a se divertir e gastar seu dinheiro aqui. (...)

(...) Para alguém que diz admirar tanto Israel, ele deveria ir além do discurso eleitoral e saber que, mesmo com diversas discussões sobre o uso de pautas LGBT para propaganda, Tel Aviv tem uma enorme parada LGBT, com cerca de 200 mil pessoas (...)

(...) Isso em um país de menos de 10 milhões de habitantes. Enquanto isso, o chanceler recebeu, em agenda oficial, um senador e um líder religioso. A pauta foi o tratamento de dependentes químicos por organizações religiosas. (...)

(...) O senador não faz parte da CRE do Senado, nem é de um estado fronteiriço. A pauta (a dependência química, que não é igual ao crime transnacional de tráfico) não faz parte das atribuições do MRE.

Isso tudo tem nome. Ideologia. Muito longe de um governo "técnico".

Complementando a thread, já apareceu a defesa com a provável argumentação do presidente: de que foi uma "declaração informal" tirada de contexto.

Era um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. No Palácio!

Não era um papo informal. Não caiam nessa.