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O que Monty Python tem a ver com o momento atual do Brasil? O que realmente significa ser imparcial em seu trabalho, seja como juiz federal, professor ou em qualquer profissão? Assista o vídeo. E segue a Aula-fio.

Na esquete, a turba raivosa leva a suposta bruxa para o julgamento de Sir Bevedere. Já a caracterizaram como bruxa, com direito a chapéu e nariz falso. Querem queimá-la, e uivam de ódio.
O julgamento de Bevedere não poderia ser mais tresloucado: Uma bruxa queima por ser de madeira, madeira boia, e patos também boiam. Portanto, se a mulher tiver o mesmo peso que um pato, ela é uma bruxa.
O problema é que claramente a balança tem um defeito, não é justa, e a mulher se conforma em ser queimada.
Mas o que isto tem a ver com hoje? O simples fato que não houve julgamento. Julgar é analisar os dados apresentados em defesa e acusação ao réu, e da forma mais imparcial possível, chegar a um veredicto.
E hoje, vivemos a mesma situação. Não importa se quebram a lei supostamente para defender a lei. E muitos veem isto não apenas com naturalidade, mas com júbilo. São a turba raivosa querendo queimar a bruxa. Não querem Justiça, apenas uma grande fogueira.
Como disseram no último @AntiCast, todos sabem que promotores e juízes conversam entre si. O problema é a evidente postura de parcialidade, que no caso é o momento em que o juiz antecipadamente condenou o réu. Portanto o processo passa a ser mera formalidade.
Para um exercício de imaginação, imagine se os diálogos divulgados fossem quase os mesmos, mas entre o ministro Gilmar Mendes e um advogado de defesa de Lula, Cabral ou Cunha. Haveria a turba da fogueira em frente ao STF neste momento, em busca de um Bevedere para apoiá-los.
Outros profissionais estão sujeitos à parcialidade? Sim! Desde um gerente ou supervisor que acelera a promoção daquele amigo em detrimento de um colega mais competente até o médico que não atende pessoas com certos tons de pele com o mesmo cuidado.
Também temos o motorista de aplicativos que não leva certos “tipos de pessoas”, e o professor que repete o aluno em maio. Sim, a verdade é que alguns, poucos, colegas já dão seu veredicto em respeito de um aluno sem um semestre concluído sequer.
Por problemas de relacionamento com o aluno, por baixo rendimento do mesmo, por não ter buscado outros modos de avaliar o estudante, por simplesmente não avaliar, mas apenas condenar. Isto é errado e deve ser combatido.
Também tem o caso dos pais que vivem condenando a escola e os professores pelo baixo desempenho dos filhos. A responsabilidade nunca é deles ou de seus rebentos. Não estão disposto a ouvir, dialogar. Já têm os seus condenados.
E não podemos esquecer, existe toda uma cultura de condenar o professor. O Escola sem Partido já o faz a anos, apoiado por políticos como Fernando Holiday e colunistas como Reinaldo Azevedo. Enxergam nas escolas centros de doutrinação que devem ser combatidos.
E sem falar nos perigos que vemos em quem simplesmente nega-se a ouvir qualquer argumento que vá contra a sua própria certeza baseada na própria ignorância. Vide a proliferação de terraplanistas e anti-vacinas.
É neste contexto que Olavo de Carvalho ganha força.É o legitimador de toda ignorância que passa a ser uma virtude e de todo preconceito.”Você não é um ignorante,apenas não foi valorizado”.O problema não é ser ignorante,o problema é não admitir ou não mudar isto através do estudo.
Portanto, na sua profissão, busque não cometer o erro do antes juiz e por enquanto ministro. Não julgue antecipadamente, não torne os procedimentos mera burocracia para referendar o que você já achava que seria. Esteja aberto tanto a mudar de opinião, quanto a aprender.
Especificamente para os professores, quando ver aquele aluno que aparentemente não tem jeito, busque esgotar todas as possibilidades de abordagem didática quanto de avaliação do que o estudante sabe. Dá trabalho, mas nos deixa mais sólidos em nossos pareceres.
E no final, busque ser imparcial quando a razão o exigir. Mesmo com a pessoa que lhe é mais próxima: você mesmo. Também é difícil, mas crescemos quando deixamos de ser sempre condescendentes ou depreciativos com nós mesmos.
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