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Já pensou em vender seus filhos? Nunca? E se houvesse uma vertente econômica que não veria problema nisto? Conheça o libertaríamos, ou ou chamado anarco-capitalismo...

Segue a Aula-fio...
Hoje, li o Tweet do @lackingclass abaixo que me instigou a jogar no Google as seguintes palavras chave: “comércio de crianças”, “argumentos” e “anarco-capitalismo”.

O resultado que me chamou a atenção foi um texto de um autor chamado Murray Rothbard (1926-1995). Ele merece um verbete robusto no Wikipédia. O link é:
pt.m.wikipedia.org/wiki/Murray_Ro…
Para Rothbard,”o Estado é a organização do roubo sistematizado e em larga escala”.Era discípulo de Ludwig von Mises,e considerado o criador do anarco-capitalismo. Um regime econômico onde não haveria o Estado. Apenas a iniciativa privada supriria todas as demandas da população.
O link para o texto é este: rothbardbrasil.com/a-etica-da-lib…
Leia, para entendermos realmente com que mentalidade estamos lidando, qual mentalidade está atualmente no poder. O texto é o cap. 14 do livro “A Ética da Liberdade” de 1982. O capítulo intitula-se “As crianças e seus direitos”.
O que farei de agora em diante é coletar trechos do texto que li nesta tarde e tecer pequenos comentários. Não é uma aula particularmente interessante, mas necessária...

Vamos lá...
Não entro aqui no mérito sobre a legalização do aborto, mas ao condicionamento do feto como mera propriedade da mãe. O autor, chega a nomeá-lo de parasita.
Para Rothbard, qualquer ser humano que não tenha plena capacidade de sustentar-se, retira direitos de seus tutores, país, responsáveis e afins. Toda tutela é um acinte às liberdades individuais.
Note-se o uso do termo “dona”. Mas fiquem tranquilos, libertários anarco-capitalistas não defendem o direito dos pais matarem seus filhos...
Eles defendem o direito dos pais não alimentarem suas crianças, deixando-as definharem de fome, pois o assassinato seria “grotesco”.
Note-se também que não fala-se de eutanásia, fala-se de deixar crianças com necessidades especiais definharem de fome. Extremamente humano.
O conceito de empatia passa longe de Rothbard. O racionalismo de uma máquina, de uma programação fria e desalmada. Um robô que atemorizaria Isaac Asimov ou Arthur C. Clarke.
Também é evidente o contorcionismo argumentativo. Quantas crianças fugiram de casa e acharam lares que as acolheram com dignidade e amor.
O arremate é este. A solução para os problemas que a infância acarreta seria um livre comércio de crianças. Pais podendo vender seus próprios filhos pelo melhor preço possível.
Novamente o contorcionismo mental. Os orfanatos nunca estão vazios. A fila de pais desejando filhos é menor que a de crianças querendo um lar,
O trecho selecionado final com o que Rothbard acredita ser o ideal de relações parentais.O aborto como afirmação da propriedade,o direito dos pais deixarem os filhos à míngua e dos filhos fugirem de seus lares sem pais correndo atrás deles. E,por fim,o livre comércio de crianças.
Nenhuma preocupação com o amor de pais pelos filhos, nenhum questionamento sobre os traumas que o abandono e a fuga poderiam causar, somente a mais cristalizada incapacidade de ver em outro ser humano um igual. Para Rothbard somos apenas propriedades, não seres.
Então, de agora em diante não riam dos anarco-capitalistas como se fosse apenas piada. Eles estão bem organizados, mobilizados e empenhados em criar suas narrativas. E este é o valor que eles aprender que a vida humana tem, a de mercadoria. Pensamento perigosíssimo, trágico.
É uma ideologia que nega todas as conquistas da cidadania desde o Iluminismo. Tem de ser confrontada com seriedade, mas não necessariamente sisudez. A maioria dos que seguem estas ideias tem sérios problemas de sociabilização e (como já dito) empatia.
Professores e pais, atenção quando o discurso anarco-capitalista aparece, em casa ou sala de aula. Mostre com argumentos tangíveis, com boa didática, os perigos deste tipo de mentalidade, mas sem perder a calma.
Uma ideologia que se baseia apenas no valor dos seres humanos enquanto propriedade, mesmo que de si mesmos, não é civilização. É barbárie. Barbárie metálica, barbárie gélida, barbárie robótica. Sejamos humanos, sejamos quentes, sejamos, mais do que nunca, vivos!
*Libertarismo*
Quase esqueci de marcar o cara em um podcast do @melhoresdomundo , me apresentou o conceito de anarco-capitwlismo, @AndreoMaximus ... lembro de ter rido horrores daquela piada, hoje já não consigo rir mais...
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