1 A Mercadona, que fatura mais de 24 mil milhões, que apresenta lucros de 600 milhões e que tem vindo a ser elogiada pela sua estratégia de crescimento e inovação, decidiu que a sua expansão internacional havia de ter início no norte de Portugal. E essa decisão foi substantiva:
2 Sede fiscal no Porto, plataforma logística na Póvoa de Varzim, centro de inovação em Matosinhos, 10 primeiras lojas nos distritos do Porto, Braga e Aveiro,.. Ao todo, a Mercadona está a criar 1100 postos de trabalho, incluindo 120 cargos de direção.
3 Uma aposta muito forte e que não é de estranhar. Falamos da região mais populosa, mais densamente povoada, com maior atividade empresarial. Quando a Mercadona investe no Norte de Portugal, não o faz por caridade ou simpatia. Fá-lo por saber que esse é o melhor investimento.
4 Não é de estranhar, mas é rara no establishment português. Ainda há pouco tempo, a presidente do INFARMED dizia que no Porto não havia condições para instalar uma agência europeia e que a transferência daquele organismo para o Norte representava um risco para a saúde pública.
5 Disse isto, logo após um grupo de trabalho criado especialmente para o efeito ter concluído que essa transferência representaria poupanças para o Estado e ganhos relevantes de produtividade e eficiência. As conclusões foram ignoradas pelo Governo.
6 Também a TAP, depois de projetar a supressão de todas as rotas intercontinentais a partir do Porto, acabou por reduzir a sua atividade ao mínimo e o lugar deixado vago foi entretanto ocupado por outras companhias aéreas. Agora, corre energicamente atrás do prejuízo.
7 Primeira conclusão: quando as opções estão exclusivamente sujeitas a lógicas de racionalidade, acontece o que aconteceu com a Mercadona. Quando não estão, estamos sujeitos a perdas globalmente incalculáveis para todos nós.
8 Segunda conclusão: o Centralismo é um buraco negro de perda de objetividade, obsessão e fantasia, cujo objetivo é preservar uma imagem ficcionada de prosperidade através da concentração geográfica da riqueza. Perdemos todos.
