O governo Bolsonaro tem insistido no discurso que o levante indígena no Equador é arquitetado pelo Foro de São Paulo, que teria perdido espaço no país com a saída do presidente Rafael Correa. Mas esse raciocínio ignora três informações essenciais: 
1 - O atual presidente do Equador, Lenín Moreno, pertence ao Movimiento Alianza País - partido que, vejam só, é PARTE do Foro de São Paulo
2 - Principal organização por trás dos protestos, a Confederación de Nacionalidades Indígenas de Ecuador (Conaie) é inimiga política de Correa e não quer que ele volte ao poder. Vejam a chapuletada que os indígenas deram no ex-presidente por ele tentar surfar nos protestos
3 - A esquerda, que já dominou quase toda a América do Sul, hoje se mantém na Bolívia, Venezuela e Uruguai. Já a direita governa Brasil, Argentina, Colômbia, Chile etc. O Foro de SP virou, salvo raras exceções, um clube de partidos apeados do poder ou de governos em frangalhos
A crise equatoriana tem a ver com questões internas, principalmente. Um dos seus gatilhos foi a ruptura entre o presidente Lenín Moreno e os indígenas (muitos dos quais apoiaram sua candidatura) a partir do anúncio de medidas de austeridade e de um acordo com o FMI
Quem fala em trama internacional envolvendo esquerda X direita no Equador parece mais interessado em manter vivos alguns fantasmas que lhes são úteis politicamente
