Acaba de sair um paper de Gustavo Joaquim (MIT) tratando de uma das questões mais importantes da atualidade: competição bancária.
O paper pode ser obtido aqui: economics.mit.edu/files/18121. Uma síntese:
A discussão sobre o tema no Brasil se ressentia da ausência de evidência empírica. O trabalho de Gustavo preenche esse vazio.
No paper, os autores analisam aproximadamente 550 milhões de operação de crédito para PJ entre 2005-2015.
O grande desafio para se estimar efeito de competição sobre preços (spread, no caso) é lidar com endogeneidade
Competição afeta spreads, mas spread também afeta competição (via entrada, por exemplo). Isso traz dificuldades para se obter efeito causal.
Como, então, estimar o efeito CAUSAL de competição sobre spread?
É preciso alguma fonte de variação exógena: algo que i) afete competição diretamente, mas que
ii) Só afete indiretamente (via seu efeito em competição) spread.
Os autoresusam os fatos de que a competição bancária é local e que muitas decisões de fusão e aquisição não são tomadas por fatores locais.
Desse modo, usam fusões e aquisições como INSTRUMENTO (fonte de variação exógena) para competição.
Os resultados são impressionantes (embora asbsolutamente previsíveis)
Um aumento na concentração de mercado local associado à redução de quatro para três bancos (aumento médio de concentração na amostra):
i) aumenta de maneira persistent os spreads em 16% (um aumento de 5.88 pontos percentuais);
ii) reduz a quantidade de crédito em 17.3%.
Resultado NÃO surpreendente porque é EXATAMENTE o que a teoria econômica (eg., Cournot) sugere que ocorreria.
(Parênteses: modelos de relational banking eg, Petersen e Rajan) sugerem
relação não monotônica...
relação não monotônica...
...Gustavo mostra que esses efeitos não são relevantes aqui no Brasil)
Os efeitos reais sobre a economia são grandes: se houvesse um banco a mais em cada mercado local, crédito agregado aumentaria 17%
Se os spreads aqui caíssem para o nível médio mundial, o montante de crédito aumentaria em 40%, o que geraria ganho de produto de quase 5%.
Em suma: ao contrário do que muitos no debate público afirmavam: (ausência de) competição importa no mercado de crédito.
Qual a implicação de política? Promover ambiente que permita entrada de novos players. Bacen tem feito isso magistralmente.
