1. Há 33 anos, parte da Europa ficou ameaçada de se tornar inabitável após o acidente nuclear na Usina de Chernobyl. O episódio de 25 de abril de 1986, região da Ucrânia, foi retratado na série “Chernobyl e o preço da mentira".
De um lado, os membros do Partido Comunista, representados por Boris Scherbina, então Vice-Primeiro Ministro da União Soviética.
Segundo Scherbina, o acidente havia provocado apenas uma radiação de 3,6 Roentgen (o equivalente a um raio-X).
“Não! Não é verdade. A questão é que a leitura máxima do dosador é de 3,6 Roentgen. Pelo que vi, este número deve ser muito maior...”
Não! Pelo contrário, acreditaram na versão que era conveniente ao Partido.
Chernobyl foi o maior acidente nuclear da história, classificado como um evento de grau 7 (a classificação máxima).
pessoas morreram no acidente, mas a ONU estimou em 2005 que mais de 4 mil pessoas morreram pela exposição à radiação.
A decisão das autoridades de minimizar o acontecido e não avisar a população para se autoproteger maximizou a contaminação.
A Universidade de Leiden, na Holanda, produz anualmente um ranking com as instituições que mais produzem pesquisa acadêmica.
Em meio a críticas recentes, a notícia era boa o suficiente para o alto escalão da USP comemorar.
O Ranking Leiden classifica as universidades em todo o mundo pelo volume de publicações acadêmicas.
Quem utiliza essa lógica ignora que o fato de que temos 210 milhões de pessoas e eles, apenas 10 milhões.
Temos que avaliar a qualidade da pesquisa, e não apenas a quantidade. Vendo o ranking Leiden, me perguntei: qual a porcentagem das pesquisas está entre as mais relevantes?
Conclusão: a USP produz muitos artigos, mas com pouco impacto no cenário internacional.
Mas o que membros do alto escalão fizeram quando viram o Ranking Leiden? Questionaram? Não. Fizeram críticas à metodologia? Não!
Chernobyl: aplaudiram a verdade que lhes convinha e fizeram questão de divulgar a informação que lhes favorecia.
Não me entendam mal. Não quero diminuir a USP, que é uma universidade respeitada e faz parte da história do país...
Como deputado, cuja principal bandeira é a educação, trabalho diariamente para melhorá-la em todo o país, sobretudo no ensino superior. Como membro
do conselho da USP, quero vê-la ao lado com as melhores do mundo.
Como vamos melhorar se buscamos apenas mentiras confortantes e escondemos as verdades inconvenientes?
No auge de Guerra Fria, os soviéticos negavam qualquer narrativa que fosse enfraquecê-los para não revelar fraqueza ao Ocidente.
(Artigo meu, publicado no @BrazilJournal)