Eu vou aproveitar o chorume do Weinfraude e o gancho que o Pachá puxou para tentar transformar a bosta em adubo.
A passagem que o ministro cita é uma mentirada, mas isso abre algumas frentes para discutir Marx.
A passagem que o ministro cita é uma mentirada, mas isso abre algumas frentes para discutir Marx.
(antes de mais nada, quer coisa mais "Medalhão" que citar a obra em alemão, bancando o erudito, mas demonstrar que jamais abriu ela??? Weinfraude mostrando todo seu charlatanismo num vídeo)
Mas vamos lá: Marx nunca detonou a família no Capital. A única passagem na qual Marx fala algo sobre família está no Manifesto. E na boa? Ela é excelente!
"Supressão da família! Até os mais radicais se indignam com este propósito infame dos comunistas.
"Supressão da família! Até os mais radicais se indignam com este propósito infame dos comunistas.
Sobre que assenta a família actual, a família burguesa? Sobre o capital, sobre o proveito privado. Completamente desenvolvida ela só existe para a burguesia; mas ela encontra o seu complemento na ausência forçada da família para os proletários e na prostituição pública.
A família dos burgueses elimina-se naturalmente com o eliminar deste seu complemento, e ambos desaparecem com o desaparecer do capital.
Censurais-nos por querermos suprimir a exploração das crianças pelos pais? Confessamos este crime.
Censurais-nos por querermos suprimir a exploração das crianças pelos pais? Confessamos este crime.
Mas, dizeis vós, nós suprimimos as relações mais íntimas ao pormos no lugar da educação doméstica a social.
E não está também a vossa educação determinada pela sociedade?
E não está também a vossa educação determinada pela sociedade?
Pelas relações sociais em que educais, pela intromissão mais direta ou mais indireta da sociedade, por meio da escola, etc.? Os comunistas não inventam o efeito da sociedade sobre a educação; apenas transformam o seu carácter, arrancam a educação à influência da classe dominante.
O palavreado burguês acerca da família e da educação, acerca da relação íntima de pais e filhos, torna-se tanto mais repugnante quanto mais, em consequência da grande indústria...
todos os laços de família dos proletários são rasgados e os seus filhos transformados em simples artigos de comércio e instrumentos de trabalho."
Essa é a passagem do Manifesto, né? E é tão curioso: que atire a primeira pedra quem, nas suas relações familiares, nunca viu ou mesmo vivenciou a ruptura de laços por questões financeiras?
O saudoso Marshall Berman, no livro "Aventuras no marxismo", faz um comparativo lindo sobre a sua infância/adolescência e a morte de seu pai, um comerciante judeu nova-iorquino.
Berman associa a figura do pai ao caixeiro viajante Willy Loman, da peça "Morte do caixeiro viajante" e vai narrando como as dívidas, as transformações tecnológicas e as próprias mudanças nas relações pessoais foram matado seu pai. É triste, mas é bonito ao mesmo tempo.
Para Berman, essas histórias familiares se cruzam com o descobrir do marxismo para ele. E de fato, quando Marx retoma Balzac no Capital, a ideia é mostrar justamente como quem, de fato, está destruindo a noção de família não são os comunistas, mas sim o próprio capital.
Afinal, é a pressão existente em transformar o dinheiro em capital que faz com que, ao invés de criar um tecido social capaz de auxiliar os parentes, as pessoas prefiram investir esse dinheiro, isolando-os mais ainda dos seus.
Eu tenho algumas histórias pessoais nesse sentido, mas acho que fica para uma próxima vez.
Contudo, como vocês podem ver, a própria trajetória do Weinfraude pode acabar corroborando a visão de Marx sobre a família:
revistaforum.com.br/politica/weint…
Contudo, como vocês podem ver, a própria trajetória do Weinfraude pode acabar corroborando a visão de Marx sobre a família:
revistaforum.com.br/politica/weint…
