Eu sempre falo que a politização baixa o nível da discussão pública, mas ainda me espanto em dias como hoje. Eu não tenho tendência apocalípticas, mas estou começando a achar que estamos mesmo em uma era de decadência. A maioria está maluca.
O anti-trumpismo fez o Washington Post pegar leve com o líder de um dos piores grupos terroristas dos últimos anos.
No Brasil, mesmo gente que antes parecia ser sensata, está sofrendo uma psicose anti-bolsonarista.
No Brasil, mesmo gente que antes parecia ser sensata, está sofrendo uma psicose anti-bolsonarista.
O ódio a Bolsonaro é impressionante. A maioria das pessoas passa o dia interpretando tudo que ele faz sob a pior luz possível. Mesmo depois que foi desmentido a acusação de ligação com o assassinato, essas mesmas pessoas estão agora criticando o modo como ele se defendeu.
Vocês não percebem que isso é loucura? Se você ajudou a compartilhar uma falsa acusação de assassinato, o momento agora é para você ficar envergonhado com o seu próprio comportamento e pensar na motivação dos que acusam o presidente.
Se, em vez disso, você redobrou o ataque...
Se, em vez disso, você redobrou o ataque...
... você está com um sério problema. Você deixou os baixos sentimentos da politização lhe intoxicarem ao ponto de você querer atacar seu inimigo a qualquer custo. Você se tornou parte do problema. Você perdeu o senso de proporção.
Senso de proporção é, no mínimo, perceber que mesmo uma pessoa com o qual você não concorda tem o direito de ficar exaltado quando é repetidamente alvo de falsas acusações.
Bolsonaro está governando com uma base de apoio minúscula, em um país onde um parlamento corrupto sempre teve um poder enorme, em uma sociedade que sempre teve um nível baixíssimo de moralidade e interesse intelectual -- e esperam que ele se comporte com um presidente de filme.
Não há santo na história que tenha conseguido o milagre de mudar um país inteiro da hora para a outra. A sociedade brasileira tem problemas seculares. Passar o dia atacando o presidente não ajuda em nada.
Esses ataques constantes, no entanto, possuem um propósito claro: é o velho mecanismo da espiral do silêncio. A tentativa é queimá-lo ao ponto de silenciar as pessoas que estão em posições mais neutras, para isolar seus defensores como radicais.
Embora eu não faça parte de nenhum movimento político, eu não posso deixar de notar que há algo de imoral nisso tudo. Essa militância constante e universal é o verdadeiro discurso de ódio que fragmenta a sociedade.
Mesmo o fenômeno -- real, aliás -- dos governistas agressivos que aparecem nas nossas "mentions" vem daí: quando a população mais educada expulsa algumas perspectivas do debate público, isso radicaliza ainda mais quem não está sendo representado.
Eu sempre insisto que não há grande coisa a esperar da política. Mas o que esperar de uma constante campanha contra o presidente em exercício? Estamos entrando na época das campanhas políticas permanentes -- multiplicando as tensões sociais muito além do calendário eleitoral.
Não precisamos defender ou atacar ideologias políticas. Precisamos de pessoas virtuosas -- isto é, na capacidade de efetivamente fazer o bem. O resto é secundário.
