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Pode dizer-se que o Mundial de sub-17 teve um desfecho improvável. O Brasil não era o maior candidato à partida (não fosse o anfitrião e nem iria participar), mas conseguiu chegar ao quarto título neste escalão. Vamos aos destaques colectivos e individuais da prova 👇
Sem Reinier desde o início e com Talles Magno de fora nos últimos encontros, emergiram figuras como Yan Couto (lateral-direito tecnicamente evoluído e capaz de desequilibrar de diversas formas) e Kaio Jorge (5 golos em 7 jogos; muito frio a finalizar e contribui com apoios).
Deixamos Gabriel Verón (MVP da FIFA) para o fim. Destacou-se na fase de grupos, mas teve menos brilho nas eliminatórias. Jogando sobre a direita, rompe em aceleração por dentro e é difícil travá-lo quando existe espaço. Há talento, mas precisa de encontrar a pausa no jogo.
Apesar do título, este Brasil não apresenta (na teoria) muitos jogadores para chegar lá acima. Os centrais (Henri e Luan Patrick) são limitados com e sem bola e nenhum dos médios (Daniel Cabral, Talles Costa e Diego Rosa) mostrou ser um organizador acima da média.
O México é outra das selecções habituadas a vencer nos sub-17. Desta vez, foi a surpresa da prova e saiu como vice-campeão. Não falamos de uma equipa extraordinária, mas houve individualidades que conseguiram valorizar-se - mais em termos defensivos do que na frente.
Eduardo García, decisivo nos penáltis com a Holanda, foi o melhor guarda-redes da prova - demonstrou qualidade e regularidade entre os postes. Alejandro Gómez perdeu nível com o avançar do torneio, mas a dupla com Víctor Guzmán no eixo defensivo merece destaque.
Os médios Pizzuto e Josué Martínez tiveram momentos positivos, mas o mexicano com maior potencial é o avançado Santiago Muñoz. Muito fino tecnicamente, movimenta-se de forma inteligente e dá opções à equipa. Resta saber se consegue fazer melhor do que a lenda Carlos Fierro.
A França relaxou com a vantagem na meia-final, mas garantiu o terceiro lugar. Foi a melhor selecção europeia, vencendo Espanha (por 6-1) e Holanda. Tal como no Euro, Lucien Agoumé e Adil Aouchiche demonstraram maior margem de progressão do que os restantes.
Depois de ter marcado 9 golos no Euro, Aouchiche (que já se estreou no PSG) voltou a demonstrar o que é capaz de oferecer no último terço. Não sendo o médio mais envolvente, desequilibra no último passe, chegando à área e na bola parada. Acabou com sete assistências e um golo.
Lucien Agoumé, que se transferiu do Sochaux para o Inter de Milão, deixou novamente indicações de que pode ser um médio centro interessante. Junta condições físicas (utiliza o corpo para proteger a bola e pressionar/recuperar) e técnicas (qualidade no passe curto e longo).
Nathanaël Mbuku (ataca facilmente o segundo poste e marcou 5 golos) e Isaac Lihadji, extremos franceses, foram tendo bastante protagonismo. Este último, canhoto sobre a direita, mostrou capacidade individual e entendimento com o lateral Soppy.
Uma nota ainda para Georginio Rutter. Foi um dos melhores franceses no Euro, mas quem jogou mais no ataque foi Kalimuendo Muinga. Ainda assim, deixou uma exibição soberba na goleada frente a Espanha.

A Holanda quase foi eliminada na fase de grupos, mas conseguiu recuperar o nível com a entrada de Jayden Braaf (extremo esquerdo que desequilibra por dentro) e a presença de Sontje Hansen como avançado (6 golos e 2 assistências).

Ainda assim, a principal figura holandesa (e o melhor médio do Mundial) foi Kenneth Taylor. Tem um entendimento do jogo notável para a idade e organiza com critério. Brinca aos passes com o pé direito ou com o pé esquerdo. Outro diamante do Ajax.

Em geral, vários jogadores holandeses foram uma sombra daquilo que apresentaram no Europeu. Naci Ünüvar foi uma das maiores desilusões do torneio (deixou mais dúvidas do que certezas para o futuro), mas também Bogarde e Maatsen ficaram aquém do esperado.
A selecção espanhola foi atropelada por França, mas não deixa de ser uma das mais ricas a nível individual. Com Pedri (apenas fogachos) e Navarro (nem sempre com um pensamento colectivo) inconsistentes, destacaram-se figuras alternativas.
Ilaix Moriba, médio do Barcelona, é o mais bem pago de sempre na formação catalã e tem uma cláusula de 100 milhões de euros (o clube cansou-se de perder talentos). Jogando de trás para a frente, aparece perto da área para marcar diferenças. Um box-to-box de potencial elevado.
Pablo Moreno, avançado da Juve, foi outro dos destaques na posição. Arrasta os centrais, tem qualidade no primeiro toque e um timing de desmarcação notável. Menção para Javi López, um dos melhores laterais-esquerdos da prova (inteligência a atacar, por dentro ou por fora).
Finalmente, há que falar de dois centrais canhotos que impressionaram. Piero Hincapié, equatoriano do Independiente del Valle, tem sentido posicional e uma velocidade fora de série para antecipar ou corrigir (pode partir atrás, mas vai buscar o avançado). Uma pérola.
Na dupla italiana (composta por dois esquerdinos), Lorenzo Pirola apresentou-se como um central muito completo. Cria vantagens a atacar, conduzindo ou queimando linhas através do passe, mas também é sólido a defender. Joga no Inter, mas está a ser seguido pelo Man City.
Finalizando, deixo uma série de tweets soltos sobre diversos jogadores que mostraram qualidade em selecções que não chegaram tão longe. Começamos com Ryan Teague.

Simone Panada, médio centro no losango italiano.

Wilder Viera, médio paraguaio, que formou uma dupla muito chamativa com Fabrizio Peralta. Vale a pena seguir também o avançado Diego Duarte.

Yamato Wakatsuki e Jun Nishikawa, dupla de ataque japonesa muito complementar. Nos nipónicos, atenção também ao central Riku Handa e ao médio centro Joel Fujita.

E ainda a selecção de Angola, que conseguiu a primeira participação numa fase a eliminar num Mundial de qualquer escalão. Zito Luvumbo tem uma capacidade individual distinta, mas precisa de adquirir sentido colectivo.

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