Umas das críticas (por quem contesta) é que não foram citados os impactos de fato. Então, aqui vai uma revisão de literatura. Não fiz nada novo. Está tudo por aí. Segue.
- Em 2008 crédito direcionado era 32% do total
- 2015, o crédito direcionado já era 49%.
Ou seja, o BNDES ocupava metade da economia. Quais foram os efeitos? Segue a literatura.
Bonomo et al. (Journal of International Money
and Finance, 2015) concluem que os empréstimos direcionados tendem a ir para para empresas grandes.
Esse resultado é inesperado, pois esperava-se o oposto.
Resultado é em linha com Frischtak et al. (World Bank, 2017) que mostram que a maior parte do crédito foi para tomadores que teriam acesso a outras fontes de crédito.
Frischtak et al. ainda mostra que SOMENTE 22% dos desembolsos foram para atividades com externalidades claras.
Ou seja, grande parte dos subsídios do BNDES foram transferidos para atividades que não geram externalidades positivas!
Lazzarini et al. (World Development, 2015) concluíram que o BNDES financiava principalmente firmas grandes e lucrativas.
Essas empresas REDUZIRAM suas DESPESAS FINANCEIRAS, mas sem nenhum efeito sobre seu investimento e sua performance.
Se os empréstimos direcionados não foram usados para aumentar investimento, é POSSÍVEL (SUGEREM os autores) que eles tenham sido usados para substituir empréstimos privados mais caros ou para investimentos financeiros a taxas de juros maiores.
Cavalcanti e Vaz (Economics Letters, 2016), analisando apenas PEQUENAS EMPRESAS, concluem que MUDANÇAS PERMANENTES têm efeito sobre investimento e produtividade. Mas MUDANÇAS TEMPORÁRIAS não são estatisticamente significantes.
Carvalho (Journal of Finance, 2014) encontra evidência de o governo incumbente pode usar seu controle de bancos públicos para distorcer a concessão de empréstimos, a fim de obter benefícios políticos.
Bonomo e Martins (Working Paper, 2016) estimam como o impacto da Selic foi atenuado pela expansão do crédito direcionado.
Uma consequência disso é que uma variação da Selic tem EFEITO MENOR do que teria na ausência de crédito direcionado.
Apenas reuni aqui de maneira resumida.
Porque assim como jogador de futebol vive de fazer gols, a gente sabe que um gol na final da Champions contra o Barcelona vale mil vezes mais do que um gol contra o time da firma.