My Authors
Read all threads
Esta é uma ferramenta que produz cenários de mudanças climáticas de forma interativa, apenas mexendo alguns parâmetros na interface online. Vamos experimentar?
1/n
en-roads.climateinteractive.org/scenario.html?…
A rota atual, que corresponde ao cenário-padrão ao entrarmos na página, é dominada por fontes fósseis e demanda energética crescente. Isso nos leva a um aquecimento de 4,1°C e elevação do nível do mar chega a 1,24m até o fim do século. Um verdadeiro desastre, obviamente!
2/n
Simplesmente reduzir o crescimento populacional é um caminho eficaz para resolver a crise climática? Troquemos o crescimento gradual até 10,87 bilhões de pessoas (cenário-padrão), por outro em que a população mundial chega ao pico em 2061 e depois recua para 8,388 bi em 2100.
3/n
Mantendo o resto como está (modo de vida, crescimento econômico, fontes de energia, etc), a demografia não muda muito o quadro. A demanda energética em 2100 é 21% menor, mas fontes fósseis dominam, emissões de CO2 seguem elevadas e o aquecimento fica em 3,8°C! Mar sobre 1,22m
4/n
Ok, mas se além da mudança demográfica, desacelerarmos o crescimento econômico? O efeito combinado de menor população e menor crescimento econômico leva a um PIB global 46% menor em 2100 e a uma demanda energética 43% do que no cenário original.
5/n
Mas como o sistema energético segue alimentado por combustíveis fósseis e a lógica de produção agropecuária/mudança no uso do solo continua a mesma, o efeito cumulativo pesa. Planeta aquece 3,4°C! Oceanos se elevam de 1,17 metros!
6/n
E se além de frear o crescimento populacional e a expansão da produção e consumo, limitando o crescimento da demanda energética, pararmos o desmatamento? Aqui, trabalhamos com um cenário no qual ele estaciona e, a partir de 2025, cai a uma taxa de 10% ao ano.
7/n
Lamentavelmente, as mudanças são pouco significativas, pois o grosso das emissões de CO2 (queima de combustíveis fósseis) fica intacto. Mesmo iniciando um programa de 20 anos de reflorestamento em 2025, o aquecimento global chega a 3,2°C e os oceanos a 1,15 m.
8/n
Ok, mas se cortarmos a carne bovina? Sabemos que além do CO2 existem outros gases de efeito estufa, como o metano, e que este é emitido em grande quantidade pela fermentação entérica no aparelho digestivo de ruminantes. Uma dieta sem carne desses animais salva o mundo, certo?
9/n
Infelizmente ajuda, mas só mais um pouquinho. Aqui, a partir de 2025, simulamos uma redução nas emissões de CH4 e N2O da agropecuária (e também de resíduos, ou seja, lixo e esgoto). Aquecimento em 2100 ainda é de 3°C e elevação dos mares, de 1,11 m!
10/n
Embora essas mudanças sejam relevantes, também existem emissões substanciais de metano que vêm das operações de petróleo e gás. Outro aspecto importante é que o metano tem menor tempo de vida na atmosfera que o CO2, então a longo prazo o efeito cumulativo do CO2 domina tudo!
11/n
Ok, então vamos pra cima do pior entre os combustíveis fósseis: o carvão! Além da questão climática, isso reduziria os impactos da mineração e das termelétricas que o utilizam, que são muito poluentes!
12/n
Aqui, taxamos as emissões do carvão em U$50/tce (tons coal equivalent) a partir de 2025 e em 2040 é dado um prazo de 10 anos para o "phase-out", isto é, o encerramento de todas as operações de carvão no mundo. Algo assim, tão radical, deve ser suficiente...
13/n
Suficiente? Ainda não! Sem restrições a outros combustíveis fósseis, principalmente o gás natural termina crescendo, e não apenas as renováveis. Resultado: o aquecimento global ainda vai a 2,6°C ao final do século, com mares 1,06 m acima dos níveis do ano 2000.
14/n
E se tornarmos a indústria e os edifícios mais eficientes? Aqui introduzimos um programa de aumento da eficiência energética a uma taxa de 3% ao ano com renovação da infraestrutura de 10% ao ano. Isso melhora a eficiência energética do PIB!
15/n
Mas ainda assim, temos apenas novo avanço incremental. Menos energia é demandada, o que ajuda na descarbonização e impede um crescimento explosivo do gás fóssil, por exemplo. Mas ainda assim, as temperaturas sobem 2,4°C e os mares sobem 1,05 m.
16/n
Então vamos mexer com os transportes, aumentando eficiência e taxa de eletrificação! Será que com isso chegamos ao menos no limite superior do Acordo de Paris, isto é, 2°C? Aqui, colocamos um programa iniciado em 2025, que aumenta ambos os fatores a uma taxa de 3% ao ano.
17/n.
Ao final do século, a maioria do transporte estaria eletrificada, fazendo com que o uso do petróleo caia mais rápido do que em outros cenários. Mas isso estaria longe de trazer uma mudança radical no quadro: temperaturas ainda ficariam 2,3°C acima e mares, 1,04 m acima.
18/n
Não dá para esperar pelo "peak oil" nem confiar só na eletrificação do transporte. Outros mecanismos para limitar o uso do petróleo são necessários. Taxando U$ 25/boe (barril oil equivalent) a partir de 2025 e forçando redução gradual em 50% a partir de 2040, queda vem antes
19/n
Mas novamente o quadro não melhora tão rapidamente quanto o necessário. Seguimos 0,2°C fora dos limites do Acordo de Paris em 2100 (2,2°C). Elevação dos oceanos ainda ultrapassa um metro (1,03m)
20/n
Então vamos pra cima do "gás natural" (que preferimos chamar "gás fóssil")! Taxemos $2,00/Mcf (thousand cubic feet) a partir de 2025 e forcemos redução de 50% a partir de 2040. Além disso impeçamos a construção de novas infraestruturas de óleo e gás de 2040 em diante!
21/n
A queda forçada do uso de óleo e gás obriga o sistema energético a partir para as renováveis. Chegamos ao limite superior do Acordo de Paris (2°C em 2100), mas os impactos climáticos ainda são grandes, incluindo a elevação do nível do mar.
22/n
Subsidiar as renováveis e a bioenergia e precificar o carbono reduzem ainda mais o aquecimento ao final do século. Aqui os subsídios são U$0,04/kWh e U$10,00/boe, começando em 2025. Preço do carbono é aplicado em duas etapas de aumento gradual e descarbonização é mais rápida
23/n
Com estas medidas, após chegar a 1,95°C em meados do século, a anomalia de temperatura recua para 1,8°C em 2100. Este é o primeiro cenário em que a elevação dos oceanos ao final do século fica abaixo de um metro.
24/n
Acontece que esse ainda não é o nível de fato recomendado pela ciência. O @IPCC_CH publicou em 2018 um relatório (SR15) em que mostra que há vantagens substanciais em limitar o aquecimento global em no máximo 1,5°C. Amanhã iremos abordar esse enorme desafio!
25/25
@IPCC_CH Volta o fio!
Mesmo a 1,5°C de aquecimento global, 70% dos corais de águas tropicais ficam sob risco de branqueamento e morte. Mas a 2°C, esse risco se estende à quase totalidade deles. A 1,5°C, a chance de um verão sem gelo marinho no Ártico é de 1/100. A 2°C, 10 vezes mais.
1/17
O problema é que o enorme atraso nas políticas climáticas necessárias nos deixou praticamente sem opções. Fazendo tudo o que propusemos na primeira parte do fio, ficamos apenas em 1,7°C. O que seria necessário para chegarmos a 1,5°C?
2/17
Aqui há dois caminhos ainda fisicamente plausíveis. Um é usar diversas tecnologias de sequestro de carbono, mas lembrando que a maioria delas não está bem desenvolvida ou não tem escala e têm impactos significativos. Neste artigo é feito este debate: oquevocefariasesoubesse.blogspot.com/2018/02/a-bioe…
3/17
Com BECCS+biochar+sequestro de carbono via agricultura+captura direta com mineralização, entrada dessas tecnologias entre 2025 e 2035 e uso de até 30% do potencial de cada uma, o efeito é, ao lado do reflorestamento, o sequestro de >10 Gt de CO2 por ano após 2063.
4/17
Porém... Mesmo esse uso intensivo de tecnologias só funcionará se a matriz energética for descarbonizada e for feita junto ao reflorestamento. Se isso não acontecer, as emissões continuarão maiores que a retirada de CO2 e todo o esforço tecnológico será em vão.
5/17
Com todo esse esforço, o objetivo mais audacioso (1,5°C) é atingido até o final do século XXI, mas após 74 anos de temperaturas acima desse patamar isso é suficiente para fazer com que os oceanos subam 94 cm.
6/17
A alternativa mais segura é, certamente agir logo. Imediatamente. Com medidas duras. Sem a muleta tecnológica, fizemos um cenário em que antecipamos todas as medidas iniciadas em 2025 para 2022, incluindo a proibição de novas térmicas a carvão a partir daí.
7/17
Decretar a morte imediata da indústria do carvão, em comparação com a política anterior (que lhe dava 5 anos mais de sobrevida) nos assegura um precioso décimo de grau! Nesse cenário, oceanos sobem 93 cm.
8/17
E se formos igualmente mais rigorosos com o petróleo e o gás, antecipando em cinco anos todas as medidas restritivas? Isso significa taxar petróleo e gás em 2022 e vetar qualquer nova infraestrutura a partir de 2035. Ok, essas medidas melhoram o quadro, mas não o suficiente.
9/17
É também preciso antecipar para 2022 a política agressiva de desmatamento zero/negativo. A partir daí, 10% a menos de desmatamento por ano. Com 3 anos para garantir a terra necessária para reflorestar, e completando o plantio em 15 anos, isso antecipa a captura de CO2.
10/17
Com a economia sendo radicalmente descarbonizada a partir de 2022 e uma recuperação florestal com a mesma ousadia, o objetivo de 1,5°C é cumprido, com apenas um pequeno "overshooting". Mesmo aí, no entanto, os oceanos sobem 92 cm.
11/17
Uma margem de segurança é garantida ao, além dessas medidas rápidas, acrescentar-se um uso limitado das tecnologias de captura de carbono (BECCS, biochar, mineralização etc.), mas mantendo-as a 20% do seu potencial para evitar impactos socioambientais mais graves.
12/17
Esse cenário é compartilhado neste link: en-roads.climateinteractive.org/scenario.html?…
13/17
Nele, o crescimento econômico é freado, o aumento de população é modesto e a demanda energética cai. Essa demanda é basicamente suprida via renováveis, ao contrário do cenário de "business as usual" (terceira imagem).
14/17
Carvão é quase imediatamente retirado da matriz. Óleo e gás sofrem restrições crescentes até nenhuma nova infraestrutura ser construída (em 15 anos). Desmatamento é combatido e sinal das emissões de AFOLU é invertido em 2037. Tecnologias ampliam o sequestro de CO2.
15/17
Ao final do século, a temperatura é controlada em 1,4°C e os oceanos têm infelizmente uma inevitável elevação de 90 cm, mas com esse processo visivelmente desacelerado em relação a outros cenários.
16/17
É preciso mudar "tudo" (nossa economia, nosso sistema energético, nossa produção agropecuária) para evitar que tudo mude (a temperatura, a frequência de extremos, as condições para suprir a humanidade de água e alimentos e a própria biosfera como a conhecemos). Mãos à obra!
17/17
Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh.

Enjoying this thread?

Keep Current with O Que Você Faria se Soubesse o Que Eu Sei?

Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

Twitter may remove this content at anytime, convert it as a PDF, save and print for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video

1) Follow Thread Reader App on Twitter so you can easily mention us!

2) Go to a Twitter thread (series of Tweets by the same owner) and mention us with a keyword "unroll" @threadreaderapp unroll

You can practice here first or read more on our help page!

Follow Us on Twitter!

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just three indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3.00/month or $30.00/year) and get exclusive features!

Become Premium

Too expensive? Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal Become our Patreon

Thank you for your support!