O conceito de imagens de controle foi desenvolvido por Patricia Hill Collins em “O Pensamento Feminista Negro” a partir de quatro imagens de controle interrelacionadas da feminilidade de mulheres negras, a mammy, a matriarca, a mãe do bem-estar social e a jezebel.
Na obra Black Sexual Politics, de 2007, a autora ampliou o debate a cerca desse conceito evidenciando como as imagens de controle da feminilidade negra estão articuladas com a estrutura de classes afro-americana
adicionando imagens de controle que se relacionam com a dimensão do trabalho na vida de mulheres negras, especificamente a partir do estigma da mulher negra enquanto vadia(bitches) e enquanto mãe violenta(bad mother).
Collins também abordou com mais profundidade a questão das imagens de controle mobilizadas para mulheres negras da classe média a partir das imagens da mammie moderna, da black lady e das vadias de ensino superior.
Antes de explicar o conteúdo dessas imagens de controle e apresentar imagens correlatas nas dinâmicas racistas e sexistas no contexto brasileiro, cumpre compreender que as imagens de controle apresentam contornos dinâmicos que possibilitam
que elas se alterem conforme alteram os contextos sociais são modificados, mais importante do que o conteúdo das imagens é compreender o controle que as mesmas operacionalizam no cotidiano de mulheres negras.
As imagens de controle são a dimensão ideológica do racismo e do sexismo e o controle que as mesmas operam invocam estereótipos que desumanizam mulheres negras e procuram controlar o corpo, comportamento, as realizações de mulheres negras ,
bem como a aptidão dessas mulheres enquanto mães, trabalhadores, parceiras afetivas, lideranças e, sobretudo, enquanto cidadãs.
As imagens de controle são, portanto, um importante artificio da dominação e, ao mesmo tempo, a resistência a essas imagens é fundamental para a auto-definição de mulheres negras.
O conceito de imagens de controle nos possibilita enxergar como que operam as representações na sustentação das relações hierárquicas de poder. Também é possível perceber, a partir dessa categoria, como mulheres negras resistiram as lógicas de desumanização através da história.
Os esforços de mulheres negras em resistir ao conteúdo, uso e efeito das imagens de controle constituí um tipo de conhecimento subordinado, o qual pode ser mobilizado por outros grupos cujo as formas de subordinação são semelhantes.
O conceito é uma ferramenta teórica importante para auxiliar mulheres negras tbm nas suas vidas cotidianas. Compreender o conteúdo de uma imagem de controle e a forma como ela opera é uma forma importante de conhecimento,
que nos ajuda a romper com as naturalizações e inevitabilidades que constantemente são imprimidas em nossas vidas como forma de suprimir nossas subjetividades.
O pensamento feminista negro compreende as relações hierárquicas de poder de forma interseccional. Historicamente, a teoria feminista negra tem investigado as variadas intersecções entre raça, classe, gênero , sexualidade,
idade, etnia, nacionalidade e capacidade física como sistemas de poder interseccionados que modificam os contornos das imagens de controle, por exemplo, os contornos de imagens de controle que são mobilizadas para mulheres negras pobres e lésbicas,
são distintos das imagens de controle mobilizadas para mulheres negras heterossexuais de classe média.
Compreender as relações de dominação e as formas de resistência subsequentes a partir sistemas intersectados de poder, sugere que outros grupos sociais também serão atingidos por imagens de controle que são especificamente mobilizadas para esses grupos.
Por exemplo, imagens de controle mobilizadas para homens negros ou pessoas de origem asiática ou, no contexto do norte global, mulheres latinas. Ou seja, as imagens de controle são um principio central das relações de poder interseccionais.
