Boa parte das discussões para a resposta à crise tem sido pelo lado da demanda. Nesse fio eu vou focar sobre uma política de oferta: sustentação do emprego e da capacidade produtiva para o período após a crise. E pq o governo errou a mão na MP (agora revogada). Segue o fio. 🧶
Essa crise econômica é diferente pq ela não é interna à economia. Ela está ocorrendo essencialmente porque a gente decidiu colocar desligar o motor da economia, paralizando atividades, para atingir um objetivo maior: saúde pública. Por isso, respostas precisam ser diferentes.
Primeiro, breve explicação sobre diferença de políticas de oferta e demanda. Políticas de demanda servem para evitar q a crise seja maior do que aquela necessária por motivos de saúde pública. É necessário que as pessoas fiquem em casa, mas se elas n tem renda, a crise é maior. 
Políticas de oferta servem para evitar que a redução na capacidade produtiva seja permanente. Se empresas saudáveis falem pq n tem capital de giro ou empregos produtivos são destruídos por isso, a capacidade produtiva da economia brasileira ficaria menor por um prazo longo.
Por isso, uma das prioridades é preservar vínculos de emprego. Destruir um emprego é ruim pra empresa (que perde o treinamento e capacitação de trab experiente), pro trabalhador (q fica sem renda) e pro governo (que perde produto e tem q pagar seguro desemprego).
Um modelo para preservar vínculos em crise é a política de subsídios de salários. Governo paga parte da redução salarial e empresa outra parte limitando perdas e mantendo vínculo. Assim, vc garante maior parte da renda pro trabalhador e alivia folha das empresas temporariamente.
O modelo que eu estou simulando é o abaixo, num CENÁRIO EXTREMO. Corte em 2/3 da jornada, pra garantir distanciamento social. Governo compensa tudo dos q ganham menos. Empresas e trabalhadores contribuem progressivamente pra quem ganha até 4SM.
Num RASCUNHO de um CENÁRIO EXTREMO feito junto c/ @rdahis, a RAIS de 2018, se todos os trab formais q ganham até 4SM (88% do total) fossem abarcados p/ essa política, isso teria um custo de R$29 bi/mês, cerca de 5% do PIB mensal; 0,4% do PIB anual. Alto, mas viável se for curta.
Essa tipo de política é diferente da suspensão temporária de vínculos empregatícios proposta e revogada pelo governo e tem sido adotada, em diferentes medidas, por UK, Alemanha e outros países europeus. Em todos os modelos há compensação *parcial* do salário.
A parte das empresas, fora 1/3 do salário base, custaria cerca de R$6bi/mês. A maior parte das empresas, em especial as menores, vai ter problema de capital de giro. Essas são empresas saudáveis que podem falir por falta de liquidez, destruindo capacidade produtiva.
Para elas, a principal ação do gov é provisão de liquidez. Pode-se extender as medidas já anunciadas pelo BNDES; criar uma linha especial para capital de giro a juro zero ou baixo. Como BNDES foi saneado após 2015, hj há + espaço pra expansão da carteira. agenciabrasil.ebc.com.br/economia/notic…
Isso é só uma parte da história: políticas de oferta pro setor formal. A gente precisa lembrar dos ~40% dos trab brasileiros estão no setor informal. E esses devem ser resgatados pelo relaxamento temporário da rede de proteção social, como o @marcelo_meds vem insistindo.
RESUMO TL;DR. Não é momento pra estímulo tradicional. Pra evitar destruição de capacidade produtiva, é preciso preservar vínculos de emprego, mantendo empresas vivas e trab empregados. Isso pode ser feito via subsídio parcial do salário, como já foi feito em outros países.
