um problema epistemológico fundamental
continua operando
na religiosidade evangélica brasileira,
e esta questão ajuda a explicar porque esta religião
se distância tão brutalmente do Jesus dos evangelhos
e do Evangelho de Jesus:
o pensamento mágico
de pensamento religioso,
a. os acontecimentos no mundo da experiência são, na verdade, causados pelo mundo mítico.
não há, segundo tal modelo, relações de causa e efeito que se expliquem por questões epidemiológicas, políticas, econômicas ou sociais.
e a realidade é só um efeito dele.
por isso, inclusive, esta ideia de que,
se fizermos jejum,
se entrarmos na circularidade
do tempo e do mundo mítico
por meio da nossa fé,
conseguiremos reverter
os efeitos malignos desta intervenção.
não precisamos fazer nada
no nível do político, do social e do histórico,
basta fazer jejum e, como dizem,
"Deus vai reverter essa pandemia".
visão mágica.
os profetas do antigo testamento
condenariam estas pessoas como
idólatras. mas, depois volto nisso.
seguimos
o tempo obedece uma lógica cíclica
e a realidade não passa de meras representações
daquelas imagens míticas,
que são repetidas por meio de rituais
e narrativas míticas.
o tempo sempre retorna às suas origens míticas
e, desta forma, nós, que acessamos o tempo mítico
por meio do jejum e da oração,
podemos repetir - aqui e agora -
aqueles fenômenos miraculosos
que aconteceram no tempo do mito.
se ele orar e jejuar
o COVID-19 vai ser
"destruído por deus".
afinal de contas,
se, no tempo do mito
e nas formas do rito,
"deus destruiu o próprio diabo",
por que ele não poderia destruir
um mísero vírus?
magia.
negacionismo por excelência.
nesta história toda
é que este tempo mágico
tem sido reeditado por gente
que se diz seguidora de Jesus de Nazaré
e da tradição judaica que lhe antecede,
justamente a tradição que condenou
este modo mágico de pensamento
como forma idolátrica de pensamento
a crítica à magia, à feitiçaria e à idolatria,
o judaísmo familiar
de jesus e dos profetas
ensinou uma nova forma
de pensamento religioso
à humanidade.
um pensamento anti-idolátrico,
anti-mágico.
o messias,
jesus de nazaré,
apóstolo paulo,
tiago,
todos nos ensinaram a quebrar
a temporalidade cíclica do tempo mágico,
e as relações de causalidade entre
magia e realidade.
que há mais razões
entre o céu e terra
do que as nossas razões míticas
podem suportar e explicar
por exemplo,
que pobreza,
violações de direito,
devastação econômica,
se explicam muito mais
por fatores sociais, ecológicos,
políticos e econômicos
do que por influência mítico-diabólica
no mundo.
no novo testamento,
faz um arrazoado
econômico-político
para explicar porque
há desigualdades no mundo.
ele não explica
seu cotidiano
por causalidades míticas,
mas, pensa em linguagens religiosas
as causalidades históricas
da sua realidade imediata
referenciais epistemológicos,
tratativas religiosas,
COMPLETAMENTE DIFERENTES
daquelas praticadas
na mentalidade mágica.
o tempo messiânico é
um tempo radicalmente
ético-afetivo.
um tempo
incapaz
de negar
o real e suas
materialidades
simbólicas.
o jejum do anti-cristo
não passa de uma negação escandalosa
do modelo epistemológico e profético dos
EVANGELHOS.
tal movimento é a prova mais cabal,
ou a mais recente,
de que a religião evangélica brasileira
é a negação mais gritante
da religião de Jesus.
está, mais uma vez,
oferencendo suplemente mítico
a um poder político
com vistas a dominar
as mentalidades das massas
e, claro, capitalizar com isso.
trata-se daquela velha tática de
união do poder mítico com o poder político
promotora do jejum
está, mais uma vez
oferencendo e promovendo
pensamento mágico
para purificação ideológica
e legitimação política
de um dos governos mais
VERGONHOSOS
do mundo contemporâneo.
é só
do nome de Jesus,
imagem e representação
útil ao governo das mentalidades
religiosas no brasil,
a religião evangélica
definitivamente
não é a religião de Jesus
ela usurpa o nome de Jesus
para construir um programa de governo:
pura idolatria!