Bruno Gagliasso se acha classe média. Servidores federais também. Outro dia, falaram que alguns médicos ganham apenas R$ 8 mil. “Apenas”!
Parece que é moda achar que rico é quem tem a nossa renda + alguma coisa.
Vou tentar ser mais didático pra explicar a nossa desigualdade.
Imagine que você colocasse todos os brasileiros em uma fila gigante por ordem de renda. Dos mais ricos aos mais pobres.
No ponto mais ao norte do país - Oiapoque - você coloca os mais ricos.
No outro extremo sul - Chuí - estarão os mais pobres.
O que a gente vai ver é muita gente aglomerada ao sul do país. E pouca gente ao norte.
Mais especificamente, o primeiro da fila vai ser Joseph Safra. Seguido por Jorge Paulo Lemann, Eduardo Saverin e assim por diante.
Ou seja, os 200 milhões de brasileiros estarão abaixo deles.
Agora, em que lugar você acha que gente como Bruno Gagliasso estaria nessa fila?
Vamos assumir que ele tenha uma renda de ~20 mil reais.
Com essa renda, segundo os dados do Censo, ele está entre o ~1% mais rico. Vamos assumir, que ele seja o piso desse 1% mais rico.
Isso significa que vai ter ~2 milhões de pessoas ACIMA dele. Parece muita gente.
E por isso, essas pessoas acham que os ricos são os outros.
Na verdade ele esquece que tem 198 MILHÕES DE PESSOAS MAIS POBRE QUE ELE. Sim, ele está no topo do topo da pirâmide.
Ou seja, tem MUITO MENOS PESSOAS entre Bruno Gagliasso e os bilionários, do que entre ele e a classe média.
Isso vale pro Bruno Gagliasso, mas também pro médico que tem esse salário e acha que é classe média.
Vale pro juiz, pro defensor público, pro desembargador.
E não tem problema algum estar entre o 1% mais rico. A questão é não entender em que parte da pirâmide você está.
Que se você ganha R$ 5 mil está entre os 10% mais ricos.
O problema é achar que os ricos são sempre os outros. E esquecer que temos a mesma renda média de Botsuana.
O problema é não compreender que toda vez que pedimos privilégio ou subsídio pra quem ganha 5 mil, por exemplo, e esquecemos que 90% vive com menos do que isso.
Se estamos preocupados com desigualdade, a primeira coisa é entender qual parte da pirâmide cada um está.
Entendendo isso, talvez parem de pedir benefício pra isso, meia entrada pra aquilo, juros subsidiado pra isso, etc.
Com isso, deixamos de focar nas política PRA QUEM REALMENTE PRECISA! Os 50 milhões que vivem na extrema pobreza.
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O BRASIL E A SÍNDROME DOS CARROS PCD (para pessoas com "deficiência").
O médico entra na sala, com exame na mão: “Tenho 2 notícias: uma boa e uma ruim.”
“A RUIM é que você tem hérnia de disco, do tipo lombar. A BOA é que você pode comprar carros PCD com desconto”. Segue o fio.
Com “desconto”, ele se referia às isenções de impostos para a compra de carros por PCD.
A ideia fazia sentido. Se você tem alguma deficiência GRAVE, o Estado diz "olha, você está proibido de dirigir carros manuais, pois apresentaria riscos. Precisa optar por carros automáticos".
Uma vez que carros automáticos são + caros, então o Estado te isenta dos impostos desses veículos.
Na prática, é possível levar um veículo zero com isenção total de IPI, IPVA, IOF e ICMS, além de Cartão DEFIS (para vaga especial em estacionamentos), economizando 30% da tabela.
Agora que Bolsonaro enviou a reforma administrativa, vai começar a guerra e o lobby pra mostrar que eles não têm regalias nem privilégios.
Todo mundo pode ter uma opinião sobre a importância e o valor que o funcionalismo público agrega para a sociedade, mas o que dizem os dados?
Olhando apenas diferenças salarial, um servidor público ganha, em média, 75% a mais que um trabalhador do setor privado. Diferença esperada, já que a escolaridade do servidor público é maior em geral.
Portanto, não basta comparar apenas média do setor privado X setor público.
É necessário analisar trabalhadores em FUNÇÕES SEMELHANTES. Foi o que o Banco Mundial fez.
Segundo o relatório “Folha de pagamentos no setor público brasileiro”, um servidor público ganha 96% a mais que o trabalhador no setor privado no Brasil. A média internacional é de 21%.