Muita gente perguntou por que ontem no #rodaviva eu questionei o Ministro sobre o uso de homeopatia no SUS em sua gestão como secretário de saúde em Campo Grande. Aqui alguns textos para esclarecer.
O @iqciencia tem feito, desde sua inauguração em 2018, um trabalho exaustivo para esclarecer o uso de medicina alternativa no SUS, inclusive aquelas endossadas pelo CFM, como a homeopatia.
Aqui algumas amostras do nosso trabalho, para quem quiser entender melhor o que a ciencia diz sobre essa prática, tao comum no Brasil mas que nao tem base em evidencias científicas. jornal.usp.br/artigos/brasil…
Esses sao só amostras, na revista do @iqciencia tem muito mais. Espero que sirvam para esclarecer por que trazer esse tema ao debate público é importante.
Esqueci de indicar livros. Em português temos dois excelentes: o "Ciencia Picareta", do Ben Goldacre @bengoldacre , e o "Truque ou Tratamento", do @EdzardErnst e @SLSingh , autores consagrados que escrever sobre medicina alternativa. Recomendo segui-los no twitter tb.
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Uma manchete como essa causa uma confusão danada. Entao antes de mais nada, pra deixar bem claro: mascaras NAO induzem anticorpos! e máscaras NAO sao vacinas! A reportagem é sobre este artigo que saiu no NEJM: nejm.org/doi/full/10.10…
O artigo especula sobre a possibilidade de as máscaras, por diminuirem a carga viral a que somos expostos contribuírem para infecções leves ou assintomáticas, justamente porque nao fazem milagre, apenas DIMINUEM a exposição às partículas virais emitidas de uma pessoa para outra.
Nao há motivos para pânico. Na verdade, o que aconteceu é perfeitamente compatível com uma resposta imune protetora, e compatível com o que buscamos em vacinas. O paciente NAO desenvolveu doença na segunda infecção. Isso quer dizer que provavelmente ficou protegido pela primeira.
Isso é aceitável inclusive em uma vacina, temos falado muito que talvez nao tenhamos vacinas esterilizastes - que impedem a transmissão, mas se impedirem a doença, já está muito bom. o mesmo pode ser dizer de imunidade natural.
Mais um da Pfizer! spoiler, continua minha preferida (e lembrando que essa "preferencia" é só uma brincadeira), mas ameaçada pela J&J com sua dose única...Sacanagem competir com dose única! medrxiv.org/content/10.110…
A Pfizer já vinha apresentando ótimos resultados com a primeira candidata a vacina. Quantidades de anticorpos neutralizantes chegando a 4x mais do que soro de convalescentes, ótima resposta de células TCD4 e TCD8 (essas são aquelas citotóxicas que eliminam células infectadas).
Mas resolveram mudar de candidata, e abandonaram a B1 (tb conhecida por BNT162b1, mas vamos chamá-la de B1), e adotaram a B2 (BNT162b2). Elas sao extremamente semelhantes, mas a B1 traz só a sequencia genética da parte da proteína S que liga no receptor.
Nao fiquei muito entusiasmada. é uma vacina de virus inativado, o que chamamos de vacina de primeira geração. das antigas, por assim dizer. vantagem: sabemos fazer há 60 anos. desvantagem: precisa cultivar o virus e depois inativar, isso requer laboratório de segurança máxima.
Rendimento de dose por litro tb é baixo, então precisa produzir muito. Precisa de bioreator para crescer o virus. Com toda essa infraestrutura, fica caro. Outra desvantagem, não costuma dar boa resposta de células T, o que para esse virus sabemos ser importante.
Tem vacina nova! Novavax! é uma vacina bem diferente das outras que comentamos aqui, essa é a primeira vacina proteica que mostra os resultados em animais e fase 1 de humanos! E o mais legal dela, usa uma tecnologia super moderna de producao da proteína alvo em células de inseto!
Entao vamos lá: trata-se de uma vacina que usa uma proteína purificada, produzida em células de inseto, usando um baculovirus geneticamente modificado. O baculovirus carrega uma sequencia da proteína S do virus, pra dentro das células de inseto, a proteína produzida é purificada.
qual a vantagem disso? usar o sistema de insetos é mais rápido e fácil do que usar células de mamíferos. outra vantagem? ter a proteína prontinha pra usar na vacina. nas vacinas de vetor ou nas genéticas (DNA e RNA), a ideia é usar nossas próprias células pra expressar a proteína