‘Todo mundo também dizia que Hillary ia ganhar. Essas pesquisas não são confiáveis.’
Vc já ouviu isso?
Donald Trump tem chances vencer?
Claro que tem.
Mas 2020 é muito diferente de 2016 e é importante compreender o que houve de ‘errado’ com as previsões daquele ano.
Primeiro: as pesquisas nacionais não erraram. Hillary venceu a eleição. Mas não é o voto popular que elege quem preside os EUA. É o Colégio Eleitoral, escolhido de acordo com o resultado dos pleitos de cada estado.
Quase sempre dá na mesma. Em 2000 não foi, em 2016 também não.
As pesquisas estaduais variam em acurácia. Primeiro porque é mais difícil, mesmo, com amostras menores. Depois porque, em alguns casos, prestava-se menos atenção.
Em algumas, no Cinturão da Ferrugem, o erro médio foi ligeiramente superior ao habitual.
Tem motivo para isso.
Em geral, quando se faz a amostragem, as pesquisas são corrigidas por padrões demográficos. Idade. Renda. Etnia.
Por aí vai.
Mas não costumavam corrigir por nível de educação. E, em 2016, homens brancos menos educados votaram diferentemente.
Aliás... Segundo o estudo do @JairoNicolau1, foi também a mudança no padrão de voto dos homens brasileiros menos educados que levou à eleição de Jair Bolsonaro.
(E isto dificilmente é coincidência.)
Porque as pesquisas não levaram em conta justamente o fator responsável por virar o voto de eleitores que em geral eram democratas elas erraram uns poucos percentis.
E é isso . Pesquisas são modelos matemáticos. Mostram o que se calcula. Se a conta não levou em consideração elementos fundamentais do cálculo, haverá erro.
No Michigan, Trump venceu Hillary por 0,2% dos votos.
Pois é.
Mas levou todos os votos do estado no Colégio Eleitoral.
Na Pensilvânia, Trump venceu por 0,72% de diferença.
No Wisconsin, por 0,77%.
São, tradicionalmente, estados do Cinturão da Ferrugem que votam democrata.
As pesquisas mostravam corridas apertas. Com uma vantagem discretamente maior para Hillary.
Mas quem vai aos modelos estatísticos que levam em consideração inúmeros elementos além das pesquisas para calcular as chances de vitória de um e de outro veria o seguinte.
No FiveThirtyEight, Hillary tinha aproximadamente 70% de chances de vitória. E, Trump, 30%.
Hoje, no FiveThirtyEight, Biden tem aproximadamente 90% de chances de vencer. Trump, 10%.
Continuam existindo chances, sim.
Mas as pesquisas estão sendo corrigidas pelo nível educacional. Portanto aquele erro não será cometido novamente.
Pode haver outro erro?
Claro que pode.
No Michigan, em média, as pesquisas dão 50% para Biden contra 43% para Trump.
Na Pensilvânia, 50% para Biden e 45% para Trump.
No Wisconsin, 49% para Biden e 44% para Trump.
Sendo que, novamente, desta vez, nestes estados, as pesquisas não cometem o erro que cometeram antes.
Para repetir o mesmo caminho de 2016, Trump precisaria virar os três placares.
Em uma semana e meia.
Não consegue chegar nem perto e está tentando faz vários meses.
Então como pode Trumpo vencer?
Há alguns caminhos.
Joe Biden é dado a gafes.
Não cometeu nenhuma até agora. Se comete alguma grave até 3 de novembro, sabe-se lá.
As denúncias de corrupção contra Biden envolvendo a Ucrânia não estão sendo levadas a sério por ninguém. Parece desinformação russa.
Se surge prova, pode mudar.
Uma descoberta que mude radicalmente o panorama da pandemia para melhor pode inclinar a balança em favor de Trump.
E há sempre o imponderável, aquilo que os americanos chamam de surpresa de outubro.
Um terço dos eleitores já votaram.
O relógio está correndo e Trump está atrás.
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Sendo criticado ao mesmo tempo por gente que tem argumentos consistentes, gente que respeito como @pablo_ortellado e @ctardaguila, e, ao mesmo tempo, gente que está sempre do mesmo lado não importa o quê. Nomes que não vou citar.
O debate é o seguinte: o @nypost publicou uma reportagem na qual diz ter um email em que um ucraniano corrupto agradece a Hunter Biden, filho do candidato democrata à presidência dos EUA Joe Biden, por ter promovido um encontro com seu pai, quando vice-presidente.
Que evidências que o Post apresenta de que o email é real? Nenhuma.
Que evidências que o Post apresenta de que o encontro ocorreu? Nenhuma.
A campanha de Biden tem fortes indícios de que Biden teria outro compromisso na hora.