Sobre o estudo do Imperial College de soroprevalência: www1.folha.uol.com.br/equilibrioesau…
Nao há motivo para alarme ou desespero. Na verdade só confirma o que estudos brasileiros inclusive já mostraram. É normal o nível de anticorpos IgG decair no sangue. Isso acontece nao só para Covid19 mas para diversas infecções. Usamos muito IgG porque é fácil de medir.
Mas isso nao quer dizer que será sempre um bom marcador. Neste caso, claramente nao é. Os anticorpos também nao são nossa única defesa. Temos células T, que já comentamos tantas vezes aqui e no Diário da Peste como são importantes para Covid19. E temos também células de memória.
Que podem estar lá, prontinhas para fazer mais anticorpos se o virus aparecer, mesmo sem IgG detectáveis no sangue. Portanto, o nível de IgG no sangue não é uma medida direta de imunidade. E nao ter anticorpos detectáveis nao quer dizer que a pessoa está suscetível ao virus.
Ela pode estar protegida por células de memória e por células T. Outros trabalhos também demonstraram que uma quantidade muito pequena de anticorpos pode ser protetora. Não sabemos ainda quanto tempo a imunidade à Covid19 vai durar.
Mas sabemos que ao que tudo indica, reinfecção é um evento raro, e parece que quem já teve, está protegido de uma nova infecção. Por quanto tempo, só o tempo dirá, assim como ensaios de desafio em animais, e agora os ensaios de desafio em humanos, na Inglaterra.
Desafio é quando infectamos voluntariamente um animal ou pessoa com o virus. No caso dos animais, os experimentos feitos foram infectar o animal uma vez, esperar que ele se recupere, e desafiá-lo para ver se a primeira infecção protege de uma segunda. Funcionou bem.
Em humanos isso será feito para testar algumas vacinas. Voluntários serão vacinados, e depois desafiados com o virus. Sao testes eticamente muito controversos, mas podem trazer respostas valiosas para estas perguntar.
Portanto, em relação ao trabalho do Imperial College, nao devemos nos preocupar. Nao diz nada em relação à imunidade individual. E reforça o que já sabíamos, que IgG nao parece ser uma boa ferramenta para estudos populacionais de soroprevalencia, deste virus.
Também nao há relação deste fato com a eficácia de vacinas. Vacinas são desenhadas para produzir uma reposta mais robusta do que uma infecção natural. Mesmo que a principal resposta imune natural seja, por exemplo, células T, e nao anticorpos,
uma vacina que produza uma boa quantidade de anticorpos neutralizantes pode ser protetora. Um ponto interessante observado pelos pesquisadores do Imperial, foi que os níveis de IgG se mantém nos profissionais de saude.
Provavelmente porque a exposição constante ao virus estimula o sistema imune a fabricar mais IgG, é o que chamamos de boost! E isso pode ser um bom sinal, de que células de memória esta ativas e produzindo. Pode ser portanto, que uma pessoa que nao tem mais IgG no sangue,
Quando encontra o virus novamente, ativa suas células de memória, que começam a produzir anticorpos rapidamente. é aliás, o que esperamos, e usamos isso inclusive para intensificar a resposta imune, em regimes vacinais, de várias doses. Cada dose extra dá um "boost" no organismo
Para que ele "lembre" do virus, e reage, fazendo mais anticorpos e células T. Então, por enquanto, esse parece ser apenas mais um estudo que confirma resultados anteriores. Sabemos que o IgG cai rapidamente. Mas isso nao quer dizer que estamos suscetíveis.
Aqui a @mellziland explica com muito mais poder de síntese (acho que me empolguei 😬)

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