Aí, alguns justificam. "Sem fundo partidário, haverá poder econômico de candidatos mais ricos e de elite...".
Primeiro que isso não é trivial. Em 2014, Dilma arrecadou R$ 318 milhões e Aécio, R$ 201 milhões. Ela capturou 68% dos maiores doadores, enquanto Aécio 23%.
Hillary e Biden lideraram as doações de Wall Street e grandes empresas. Apesar disso não ser uma evidência tão forte, mostra pelo menos que a lógico não é tão certa assim.
O pior é a ideia de que o recurso público vai corrigir essa distorção. Basta olhar os dados.
Em 2020, 1% dos candidatos ficaram com 80% dos recursos de fundos públicos.
Em outras palavras, dos R$ 807 milhões distribuídos
- R$ 646 milhões foram para apenas 4,6 mil candidatos.
- R$ 161 milhões foram para 49 mil candidatos.
- R$ 0 foi para 494 mil candidatos.
Que renovação é essa em que 90% dos candidatos não recebem fundo partidário algum?
E basta ver os campeões.
- Covas (PSDB) recebeu R$ 7,8 milhões.
- Bruno Reis (DEM), candidato à prefeitura de Salvador, R$ 7,7 milhões.
- João Campos (PSB), prefeitura de Recife, R$ 7,5 milhões.
Mas é pior. Mesmo os partidos que levantam a bandeira pró-minorias, não fizeram sua parte!
A candidatos do PSOL, Keit Lima, integrante da Educafro e da Marcha das Mulheres Negras, reclamou que recebeu apenas 10% do valor as candidatos à reeleição Vespoli e Celso Giannazi.
O diagnóstico parece simples. Atualmente a Dona Maria, costureira, é obrigada a financiar a campanha política.
E na hora de distribuir o dinheiro, as desigualdades se perpetuam.
Se o objetivo do gasto público é dar IGUALDADE DE OPORTUNIDADE, há outras alocações mais eficientes.
Por exemplo, em termos de Bolsa família, esse valor poderia beneficiar 404 mil famílias a mais em 1 ano. Ou 101 mil famílias durante 4 anos!
Que tipo de país queremos ser?
Um que aloca bilhões em eleições? Ou um país que investe em quem mais precisa?
Detalhe. Os dois não dá.
Se alguém tiver algum estudo que traga evidência do contrário eu gostaria bastante de ver. Mas me parece - a princípio - que a conta é negativa e esses recursos não estão cumprindo o seu objetivo.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Sabe (um dos motivos) porque imposto é alto no Brasil?
Porque enquanto a alguns pagam as alíquotas cheias, alguns setores e empresas tem uma história triste pra pedir isenção e tratamento diferenciado.
Vou falar desse setor e seus privilégios. Segue.
As locadoras de automóveis - Localiza, Unidas, Movida, etc - compram os automóveis direto das montadoras.
Pelo grande volume e poder de barganha, elas possuem descontos de 20% a 35%, além de ISENÇÃO do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Por que elas tem ISENÇÃO de ICMS?
Porque elas são consideradas - COM RAZÃO - prestadoras de serviço.
Aí surgiu a oportunidade. Se você compra o carro com ~30% de desconto e sem ICMS, o que você faz?
Passa a revender esses carros e também fazer disso um negócio.
O BRASIL E A SÍNDROME DOS CARROS PCD (para pessoas com "deficiência").
O médico entra na sala, com exame na mão: “Tenho 2 notícias: uma boa e uma ruim.”
“A RUIM é que você tem hérnia de disco, do tipo lombar. A BOA é que você pode comprar carros PCD com desconto”. Segue o fio.
Com “desconto”, ele se referia às isenções de impostos para a compra de carros por PCD.
A ideia fazia sentido. Se você tem alguma deficiência GRAVE, o Estado diz "olha, você está proibido de dirigir carros manuais, pois apresentaria riscos. Precisa optar por carros automáticos".
Uma vez que carros automáticos são + caros, então o Estado te isenta dos impostos desses veículos.
Na prática, é possível levar um veículo zero com isenção total de IPI, IPVA, IOF e ICMS, além de Cartão DEFIS (para vaga especial em estacionamentos), economizando 30% da tabela.