Acabei agora de ler o artigo do @danielolivalx hoje no @expresso, com o título "No desespero, decide-se bem com boa informação".
Em comum, com o que é escrito pelo @danielolivalx, tenho a preocupação de se estarem a tomar decisões assentes em dados que não são granulares o suficiente para se tirarem conclusões. Como eu, e muitos outros já referimos, juntar coabitantes e familiares na mesma fatia, é errado
Também carecem de validação os outros principais factores de contágio, que foram mudados no espaço de três dias, sem que ninguém tenha questionado as entidades competentes sobre essa mudança:
Mas aquilo que me separa do @danielolivalx é mesmo aquele título "No desespero, decide-se bem com boa informação".
Se todas as decisões fossem tomadas baseadas na informação existente seria talvez possível evitar o desespero.
E porqu^? Porque o critério/metodologia da @ECDC_EU em que se tomam decisões baseadas nos novos casos confirmados por cada 100.000 habitantes durante 14 dias, não é um critério novo, antes pelo contrário. Nós é que o estamos a aplicar tarde, como base para decisões políticas.
Se baseados nos dados existentes, as medidas que agora se tomaram a nível de concelho se tivessem tomado em Junho, Julho, Agosto, e Setembro (ver imagens), talvez fosse possível adiar, ou até evitar, o desespero. (Todos os dados aqui: public.flourish.studio/visualisation/…)
A decisão baseada na ciência, nos dados concretos, abertos, e disponíveis a qualquer pessoa ou entidade, não deveria ser, em 2020, ainda uma batalha. Deveria ser uma realidade incontornável. Como estamos neste momento, não há direito a contraditório porque há acesso a dados.
Não havendo dados, há desconhecimento, e apenas podemos ter fé naquilo que nos é transmitido, inclusivamente que "quando for a altura certa" os dados por concelho serão novamente divulgados (não o são desde 26 de Outubro).
Como o @danielolivalx deverá concordar, a fé não deveria ser chamada para uma questão que nos afecta a todos, muito menos quando já estamos na fase do desespero.
Será verdade que a @DGSaude pediu para as pessoas fecharem os vidros dos carros na A28?
Vou deixar aqui umas pistas:
1. A imagem não foi manipulada. Foi transmitida hoje no jornal da tarde da @SIConline, e a pessoa que está na imagem é a Teresa Leão
2. Esta investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, diz enquanto enumera conselhos práticos que "circular de janelas fechadas pode ser uma boa alternativa também"
O que acontece quando não existem dados públicos, é que cada OCS escreve o que quer, baseado no que quiser, e não há hipótese de contraditório.
Isto quer dizer que, neste momento, a @DGSaude é uma enabler de notícias falsas, por pura falta de transparência.
Com vários OCS, locais e regionais, a avançarem com números que ninguém sabe de onde vêm, estão a colocar várias populações em níveis de ansiedade evitáveis.
Esperar "pelo momento certo" soa a estratégia política, não a ciência ou saúde pública.
Esta "estratégia" (estou a ser simpático) de guardar dados, de não os divulgar, de não ser transparente, vai trazer muitos maus resultados. Ninguém vai compreender que a uma 2ª feira sejam 121 concelhos, e a uma 6ª passem a 280. É assim que se perde credibilidade.
Hoje de manhã já confessei à @Idzabela, ao @tomahock, e ao @camandro que até eu próprio estou farto de me ler a escrever sobre os dados que (não) temos sobre a #COVID19PT em Portugal. Mas por mais farto que esteja, e que alguns (muitos?) de vocês estejam, abro uma thread:
O primeiro relatório de situação, com a confirmação de casos em Portugal, foi divulgado no dia 03 de Março de 2020.
A 24 de Março, os relatórios diários passaram a incorporar os os novos casos por concelho, que são divulgados diariamente.
#COVID19PT Fala-se muito na gradual politização da pandemia, de colocar a política - e o jogo político - acima da saúde pública e da ciência. Vão-se dividindo as opiniões, segundo as diversas correntes ideológicas, e as diferenças, dizem, são muitas. 1/n
O Governo, que mostrou clareza e uma postura pragmática e eficaz na primeira fase, dá agora uma imagem de fragilidade, e confusão, com mais excepções que regras, e com regras contraditórias com a mensagem que se quer passar.
A oposição nada mais faz do que reagir às regras e às políticas seguidas. Andei à procura e não encontrei, em nenhum site de nenhum partido, um programa alternativo para esta fase, que é mais crítica que a anterior.
Ainda sobre os infames 7 segundos, que o @expresso divulgou ao mundo (sim, foram eles que enviaram aquilo para fora da redacção e tudo o resto é conversa)
A @SICNoticias anda a passar excertos da entrevista ao primeiro-ministro, e um dos planos deveria fazer-nos todos pensar
Nesse excerto vemos o primeiro-ministro, a cumprimentar os jornalistas, todos sorridentes, como se de um encontro de amigos se tratasse. Ali não há separação, fazem parte todos do mesmo grupo, apesar de alguém não ter recebido o memo sobre o dress code a utilizar.
Aquele ambiente de descontração, risota, e boa disposição - que nada mais nada menos é do que o nacional porreirismo em todo o seu esplendor - explica, em grande parte, o que levou Costa a referir-se como se referiu a alguns médicos.