Oi, pessoal. Vocês perceberam que, aqui no Brasil, estamos começando a ter cada vez mais notícias de aumento de casos e, em alguns locais, internações, né? Sigam o fio: //1
Aqui a @luizacaires3 faz um apanhado para a cidade de São Paulo:
Aqui o último boletim do Infogripe, um serviço essencial, do SUS, mantido pelos Mestres @marfcg e @leosbastos, entre outros, mostrando aumento de SRAG em 9 capitais:
Por que razão postei tudo isso? Pois estamos em um caminho muito similar ao Europeu. A sensação é a de que estamos "torcendo" ou "esperançosos" de que aqui vai ser diferente. Quais os indicadores que nos dizem que aqui pode ser diferente? //6
a) Isolamos mal, e contaminamos mais pessoas. Para fazer essa análise, pegue o número de casos confirmados do seu Estado, multiplique por 10 (estimando uma subnotificação de 10x) e divida pela população. A diferença será um provável número de suscetíveis. Vamos fazer alguns? //7
São Paulo (capital), em 11/11/2020:
- 376.281 casos;
- 10x isso: 3.762.810;
- População: 12.180.000;
- Provavelmente ainda suscetíveis: 69%
//8
Rio de Janeiro (capital), em 11/11/2020:
- 123.874 casos;
- 10x isso: 1.238.740;
- População: 6.710.000;
- Provavelmente ainda suscetíveis: 81%
//9
Porto Alegre, em 10/11/2020:
- 48.268 casos;
- 10x isso: 482.680;
- População: 1.410.000;
- Provavelmente ainda suscetíveis: 65%
//10
Belo Horizonte, em 11/11/2020:
- 50.106 casos;
- 10x isso: 501.060;
- População: 2.500.000;
- Provavelmente ainda suscetíveis: 79%
//11
Escolhi as cidades bem rápido, peguei os dados nos boletins oficiais e busquei a população nas estimativas do IBGE. Fiz uma simplificação do cálculo para demonstrar que, de qualquer forma, a quantidade de suscetíveis ainda é consideravelmente grande. //12
b) Estamos muito mais conservadores na abertura do que a Europa, que exagerou (esse foi um argumento que ouvi justificando que aqui a 2a onda não será igual). Para este, deixo esse fio maravilhoso do @MBittencourtMD que sintetiza um artigo da Nature:
Neste fio, vemos que a reabertura não segue uma relação linear entre capacidade de público X impacto no contágio. Se tivermos uma abertura forte para as festas de final de ano, corremos um risco de transformar a reversão de tendência de agora em algo mais exponencial. //14
Em resumo, simplificando bem, temos 3 possíveis caminhos: 1. A gente deixa rolar, segue o mesmo curso da Europa, e estoura a 2a onda entre 20 e 30/12, e aí ficamos no "eu avisei"; //15
2. A gente deixa rolar, nada acontece e ficamos no mesmo platô, e aí debocham de mim dizendo que sou um alarmista e apocalíptico; //16
3. A gente freia reaberturas de locais com aglomerações, reduz capacidade de restaurantes/bares, nada acontece e aí debocham de mim dizendo que sou um alarmista, que não precisava ter fechado; //17
4. A gente freia reaberturas e mesmo assim a reversão de tendência vem forte (pois temos um atraso e podemos já estar com o contágio alto) e aí dizem que fechar não adiantou; //18
Então, dentro destas hipóteses, eu torço para que não aconteça nada, não tenha segunda onda e riam de mim. Na dúvida, evitem situações propícias a aumento de contágio. Pensem nas festas de final de ano, pensem nos vulneráveis suscetíveis de suas famílias e além, ok? //fim
Aqui a @analise_covid19 traz mais um fio do @MBittencourtMD com uma quantidade ainda maior de evidências da reversão de tendência, que venho tratando desde os primeiros dias de setembro:
Leiam o fio completo do @leosbastos e vejam que, no Brasil, temos uma demonstração do paradoxo de Simpson, aonde uma tendência que aparece visualizando o todo acaba não aparecendo em nenhum dos seus subconjuntos: proec.ufabc.edu.br/gec/o-que-que-… //2
Isso vai estendendo a epidemia e quando está "bom" (muitas aspas aqui) num local, não está no outro, e temos uma sensação nacional de que a epidemia "não veio tão forte", o que é totalmente errado. //3
Nossa atenção tem de estar voltada ao Amapá, e não só ao Amapá do presente, sem energia e em calamidade no meio de uma pandemia. Também tem de estar voltada ao Amapá do futuro, ou melhor, "aos Amapás". Sigam o pequeno fio. //1
No Brasil (talvez não só aqui) temos um problema sério, que é o deboche à prevenção e à gestão de riscos.
Um dos meus trabalhos (que eu praticamente não faço pois não se vê valor) é fazer auditorias e gestão de riscos. Prever possíveis problemas e mitigar os riscos futuros. //2
O que recebo em algumas vezes? Deboche, piadinhas...
"Lá vem o chato","lá vem o alarmista","pro Isaac tudo vai dar errado".
Aí quando dá (em uma grande parte das vezes acontece o previsto na auditoria de riscos), ouço "tu só diz que avisou mas não fez nada pra ajudar". //3
Oi, pessoal. De onde será que está vindo este aumento da presença do vírus nos esgotos de Porto Alegre? Parece uma reversão de tendência a partir do início de setembro, né? E tivemos aumento na taxa de crescimento na última semana, também aderente ao que estamos alertando. //1
A mais de mês eu estou dando alertas sobre a reversão de tendência no contágio do SARS-CoV-2 em Porto Alegre...aqui inclusive mostrei como calcular:
No dia 17/09 eu havia demonstrado que a segunda onda na Europa já era certeira, pois no gráfico com escala logarítmica, o crescimento dos casos já estava similar à primeira onda. Vejam o Reino Unido. //1
Aqui o link do post de 17/09 aonde eu demonstrava vários países da Europa (dos quais todos estão fechando agora):
A reversão de tendência consegue demonstrar (principalmente em países que testam mais), quando efetivamente saímos de uma queda e entramos em uma crescente. Vejam a França em 17/09 (fechou só hoje, 31/10): //3
Eu (Isaac) já alerto isso há tempo, e o modelo do Marc e a explicação são sensacionais.
No fim do fio eu completo. Daqui pra frente o fio é do Marc: Os óbitos e hospitalizações por COVID-19 sempre aparecem mais tarde do que os casos. Este atraso está frequentemente levando mais de um mês, e esse tempo pode ser previsto com precisão (Marc Bevand conseguiu). //2
Quem fala que é uma “epidemia só de casos” está errado. Este fio explica com exemplos reais. Marc Bevand mostrou o que causa o atraso, e como podemos prever com precisão. Primeiramente, existem várias causas: //3
Oi, pessoal. Qual a opinião de vocês sobre o papel da desinformação na tomada de decisão das pessoas? Usando o exemplo da vacina, que estava latente e agora estourou: vocês acham que a desinformação afeta a quantidade de pessoas que vai se vacinar? //1
Me parece um problema sério, e que temos de combater. Fiz uma imagem super simples para tentar condensar como eu vejo a desinformação afetando esse processo. //2
As pessoas todas tem (devem ter) autonomia nas suas decisões, e vejo que isso está sendo debatido. Mas essa autonomia precisa de informações para subsidiar a tomada de decisão posterior. //3