Um estudo quantificou a proteção para reinfecções de quem já produziu anticorpos para COVID-19
✅ 4 hospitais no Reino Unido
✅ ~12 mil profissionais da saúde seguidos por 6-7 meses
✅ Quem tinha anticorpo prévio: ⬇️ menor risco de reinfectar / ter sintoma
Método resumido: este estudo fez uma coorte no baseline e seguiu majoritariamente profissionais de saúde, tendo testes regulares e screening. Também diferenciam se os testes foram de screening (assintomáticos) ou se as pessoas tinham sintoma.
Método resumido: A análise principal foi ter anticorpo IgG contra a spike como exposição da coorte no baseline (grupo com IgG x grupo sem IgG). Também análise complementar para IgG contra o nucleocapsídeo. Tb analisaram se o título do anticorpo poderia trazer maior proteção.
Método resumido: Também tomaram uma decisão, por vezes pragmática, porém comum em estudos de seguimento em doenças infecciosas, que é dar uma janela de 60 dias para os com IgG positiva, ou seja, nesta janela novos eventos seriam ainda considerados o primeiro evento.
Resultados: Partindo de 11052 (90.4%) sem IgG e 1167 (9.6%) com IgG, eles observaram:
-165 (1.5%) dos negativos positivaram PCR (76 assintomáticos e 89 sintomáticos)
- 3 (0.2%) dos positivos reinfectaram (3 assintomáticos)
Resultados:
Contanto em taxa (rate), pelo tempo de seguimento, isso é, pessoas são transformadas em "dias em risco" ou dias de seguimento até infectar ou se parou o seguimento, gerando pessoas-dia, temos
- 0.86/10.000 dias de risco
x
- 0.21/10.000 dias de risco
Resultados:
Se fizer um modelo ajustado, por idade, sexo, mês calendário (evolução), isso também se manteve, uma taxa de incidência ajustada de 0.25 (0.08-0.80), ou seja, o risco é 4 vezes menor em quem já tinha Ig G contra a spike.
O mesmo se repetiu para IgG anti-nucleopsideo, e a combinação. Também descrevem os casos de reinfeção com maior detalhes. Por fim, olharam se a proteção por título de anticorpo estaria associado a maior proteção. E sim, maior título, maior proteção, com possível não linearidade.
Pontos:
- Lembrando que profissionais da saúde são grupo de alto risco. Mas que parte do seguimento contempla períodos de baixa transmissão comunitária em UK. Não sabemos se os resultados seriam o mesmo em épocas com mais casos, como na segunda onda por lá agora. Como abaixo.
Pontos:
- Os com IgG negativo no começo foram mais testados, o que é esperado.
- O risco é menor, mas ele existe. Também não sabemos como seria e será num seguimento maior.
- Não medimos comportamento de risco a exposição em ambos grupos, o que pode enviesar para ambos lados.
- Não se mediu imunidade celular
- Características dos testes pode influenciar (falso positivo/falso negativo).
- São muitos profissionais e bom seguimento, mas ainda relativamente "pequena" para nível populacional
Resumo: é uma ótima notícia e uma evidência empírica de proteção, quantificada. Com as limitações acima.
Estamos todos felizes com mais uma vacina mostrando eficácia (provável: espero publicação de dados e fim de seguimento)
Três pensamentos rápidos:
1 - Como pode ser outra vacina ter eficácia >90%?
2 - O que estamos protegendo com a vacina?
3 - Como vamos distribuir? #useMascara
Otavio, mas temos que esperar a publicação final e seguimento para comemorar de verdade? Sim
Você já viu mudanças, ou quando sai o artigo, as coisas não eram assim como falado na press-release? Sim
Devido ao que estamos vivendo no mundo, porém, seria improvável que as empresas
estariam blefando, por várias razões.
Também é bem provável que mesmo ao final do seguimento a eficácia se mantenha, os modelos bayesianos que se construíram simulando o que relataram mostram boa margem (o trial da pfizer é baysiano).
Vou fazer um fio com um ultra-resumo das últimas novidades da pandemia e COVID-19 👀
💟 Testes
✅ Segunda onda Europa
✅ Epidemiologia
✅ Tratamentos
✅ Mutações
A vida está bem corrida e vou listar algumas fontes e artigos. Para muitas coisas, vários fios excelentes já foram feitos. Também desculpa por não conseguir responder aos contatos em tempo hábil.
💟 Testes
A grande novidade dos testes é o teste rápido de antígeno. Ele deu a largada na pandemia meio que enferrujado, a maioria não acreditando muito no seu potencial. Porém, ele não foi deixado de lado e fomos estudar-lo melhor. Aqui um ponto que falo desde o começo é que
E a reação cruzada da sorologia para Sars-CoV-2 e Dengue?
Debatemos bastante no começo mas ainda faltavam dados. Um fio breve sobre o que venho lendo:
- Ainda faltam dados
- Parece existir reação cruzada, principalmente para testes rápidos e IgM
- Temos alguns dados brasileiros
Neste estudo, que avaliou 11 testes disponíveis para COVID (vale a pena ver a performance dos mesmos), testou-se também 20 amostras de dengue do começo de 2019, ou seja, antes da epidemia (ie, não tem como serem COVID)
- 20 casos de dengue foram testados com 4 kits de COVID
Alguns testes tiveram especificidade de 80%, ou seja, casos sabidamente dengue e não covid, deram positivo para covid, especialmente IgM. Se isso se confirma, podemos ter sim falsos positivos nos inquéritos sorológicos e tb
Uma linhagem do Sars-CoV-2 vem predominando na Europa
-Inclui mutação da Spike
-Não sabemos se é um fenômeno porque ela consegue se transmitir mais facilmente ou fatores epidemiológicos
-Ainda sem dados se causa doença mais/menos grave
-Aparentemente se expandiu da Espanha
Aqui um fio de um dos autores, o grande Iñaki @icoes
Pesquisadores foram buscar o Sars-CoV-2 em amostras da cidade de Belo Horizonte
-Abril e Junho de 2020
-933 amostras de 8 tipos de locais diferentes (hospitais, praças, parques, terminal de ônibus, banco, etc)
- Metal, plástico, madeira, concreto
-5% das amostras foram positivas
E, como esperado, áreas em hospitais/serviços de saúde (ou próximas a eles) foi a principal área entre os positivos, seguido de praças públicas
O tipo de material também influenciou. Os pesquisadores correlacionaram material e fonte.
Descrição de um cluster de 19 casos COVID19 no Brasil
Muita gente já escutou famílias inteiras que se infectaram, às vezes internados, ou de uma festa de onde surgiram muitos casos. Já descrito em outros países e o fenômeno de super-propagadores👇
19 confirmados e 21 prováveis
Esse artigo relata 5 famílias que fizeram o isolamento na região costeira do Brasil e se dividiam em 2 casas.
O caso índice provável foi a/o babysitter, numa exposição de 2 horas na fila do banco. Os 5 funcionários dividiam o mesmo quarto, assim q do caso índice, correlacionando
os tempos da doença (intervalo serial, tempo de incubação... falo mais no fio abaixo), foi por onde provavelmente a transmissão se dissipou, embora certamente outros membros tinham contato entre si e entre as casas. 17 dias desde o primeiro ao último caso.