Teste da Moderna chegou no número de casos pra análise de eficácia(196 casos de COVID-19). Confirmaram a eficácia de 94% e nenhum caso grave aconteceu entre vacinados (proteção de 100% contra doença grave). Segue para análise do FDA.
Com números tão bons, espero que ela também impeça os vacinados de transmitirem o vírus, além de não desenvolver a doença (a vacina da gripe protege vacinados, mas alguns ainda transmitem).
E as condições de armazenamento são mais favoráveis que a da Pfizer:
O Brasil não tem acordo direto com a Moderna. Até aqui, só teremos acesso via Covax, o consórcio da OMS que investe em candidatas e distribui as vacinas que derem certo. Devem ser doses limitadas a grupos de risco, inicialmente.
Como falei na @folha, com as duas vacinas de RNA dando tão certo, provavelmente estamos no começo de uma revolução na forma de se produzir vacinas e responder a pandemias:
Vários sinais preocupantes nos resultados de Oxford e AstraZeneca: resultados ficaram de fora, os testes foram feitos de maneira picada e heterogênea, critérios de análise não são claros… vamos ter que esperar resultados mais claros pra poder empolgar.
Nos EUA, as ações caíram, pq investidores avaliaram que ela não deve ser aprovada pelo FDA tão cedo por conta de tantos poréns.
A essa altura, é bem esperável um certo atrito. Pela competição, países tentando favorecer suas vacinas, investidores querendo retorno e por aí vai. Daí a importância da análise por órgãos regulatórios. E daí a importância de se garantir vários acordos, pra não depender de 1 só.
Essa é a vacina com um pedaço do SARS-2 dentro de outro vírus, o adenovírus, modificado pra não causar doença em humanos. Até aqui, analisaram 131 casos de infecção e viram que um regime de duas doses iguais deu 62% de eficácia e outro com meia dose + uma dose deu 90%.
Normal testarem várias regimes se têm voluntários suficientes. Vão refinar mais isso, pq o teste continua rolando.
Viram que o regime mais eficaz tem uma dose inicial menor, que provavelmente desperta menos inflamação e deixa o sistema imune refinar o ataque com a segunda dose.
O que me entristece mais no caso do João Alberto (além da brutalidade) é como seria mais “natural” se ele fosse baleado pelos seguranças do Carrefour. Aí seria “mais um” negro assassinado no Brasil. Nos vemos no direito de julgar e sentenciar negros diariamente sem sistema penal.
A violência foi chocante e revoltante como deveria ser. Mas não nos chocamos com muito mais que é feito sistematicamente contra negros todo dia. A resposta muitas vezes é o julgamento a posteriori: “alguma coisa fez pra merecer”. Sendo que nem temos pena de morte para brancos.
Curioso que não falei “foi uma morte por racismo”. Comentei como essa violência é mais aceita quando acontece dentro de um contexto racista. E já correram pra deixar claro que não tem racismo.
As duas vacinas de RNA saíram na frente. Não acho coincidência, acho que é o começo de uma "revolução" na forma como fazemos vacinas. Comento sobre isso na coluna da @folha de hoje: www1.folha.uol.com.br/colunas/atila-…
Para quem quiser conhecer a história do desenvolvimento dessa vacina da Pfizer dentro da BioNTech, tem de tudo. De um casal turco imigrante ao desenvolvimento de vacinas contra o câncer – que com certeza vai dar passos largos agora.
Já quem ler sobre a Moderna, vai descobrir uma startup que dependeu de muito investimento até dar resultados. E que começou adiantada por conta de pesquisa básica com a MERS. Ciência empilhada em mais ciência.
Além do RNA, que é a informação que o corpo usa pra fazer as proteínas do vírus que o sistema imune ataca, a vacina precisa de lipídeos (gordura) pra carregar esse RNA pra dentro da célula. A diferença pode estar na composição que cada uma usa. ft.com/content/74e415…
No caso da Moderna, eles já estavam testando a vacina em temperaturas mais altas e viram que ela ainda é viável. A BioNTech/Pfizer ainda não testou. Pode ser que também seja viável em temperaturas mais altas, agora que viram que ela é eficaz, devem testar.
Juntando outra resposta aqui, produzir essas vacinas em outros polos é uma questão da tecnologia envolvida. Vírus atenuado, como na CoronaVac, é uma tecnologia mais tradicional que o Brasil tem condições de fazer na FioCruz ou no Butantan.