Pessoal, não existe isso de 95% de exatidão. Não inventem conceitos estatísticos.
A estimativa do grupo do Imperial é basesda em um modelo bayesiano, e portanto eles tem a distribuição de probabilidade a posteriori do Rt. E com ela eles podem fazer o que quiserem como calcular a P(Rt > ) ou o intervalo de credibilidade (a, b) tal que P(a < Rt < b) = 0.95.
Essa merda de exatidão de 95% não existe, s nao ser que esse conceito foi inventado nesse periodo q estou em licença paternidade e de repente a estatística resolveu sofrer uma revolução com a chegada de novos conceitos...
Link prs materia em questão, que apesar dessa maluquisse de 95% de exatidão está bem escrita.
95% que bruxaria é essa? Quem trabalha com estatistica está acostuma com esse número. Ele usualmente é usado na construção de intervalos como uma forma de representar a incerteza de uma estimativa.
Segue um fio sobre intervalos de confiança e credibilidade.
Quando se estima algo, é importante reportar a incerteza dessa estimativa. O método usado para estimar, q chamamos o método de inferência, vai dizer como a incerteza deve der representada e como chama la.
Sob a ótica frequentista, os parâmetros são estimados como funcao dos dados. E os dados são representados por um modelo estatístico chamado de verosimilhança. Alguns estimadores tem propriedades muito importantes que facilitam o calculo de intervalos e valores p.
Em 2020, casos e óbitos por SRAG são devidos a COVID-19?
A grande maioria dos óbitos e hospitalizacoes são sim!
Mas um caso de SRAG por ser outra coisa né? Sim pode, existem vários outras doenças que podem causar os sintomas que definem a SRAG, a influenza é a principal delas.
Segue a série da incidência de hospitalizados de SRAG do país todo nesse ano, 2020 (é um print do infogripe). O país todo está com classificado como período de atividade muita alta qdo comparado com o histórico. A série de baixo tem níveis de cores e nota se apenas o vermelho.
Agora segue a série (e mapa) da incidência de hospitalizacoes por SRAG por COVID em 2020 (ignorem o final da série pois o modelo de nowcasting não funciona bem nesse caso, ainda não resolvi isso). Percebam como a série de SRAG-COVID é similar a de SRAG
Apesar de trabalharmos com esse dado há muito tempo, há um bom tempo eu não coloco as hospitalizações e óbitos por SRAG-COVID juntos. Aqui eu excluí as ultimas 5 semanas, pois além do atraso de digitação usual, têm os atrasos de laboratorio e de atualização do registro no SIVEP.
Percebam que as epidemias são bem distintas no espaço, e no tempo. Sul e Centro Oeste estão bem mais a direita, enquanto Norte e Nordeste tudo aconteceu nas primeiras semanas de epidemia no Brasil. O Sudeste teve um aumento rápido, e uma queda bem lenta.
Esse dado não é de SRAG, e sim SRAG-COVID, i.e. casos de SRAG com resultado positivo para SARS-CoV-2. As hopitalizações e óbitos estão definidos por data de primeiros sintomas, o que nos permite fazer a razão de óbitos por hospitalizados.
Um caso interessante esse de Fortaleza, onde junto dados de dengue e hospitalizações por SRAG com COVID confirmada (SRAG-COVID). Segue o fio 1/n
A fugura mostra dados até a semana 29 para excluir problemas com atrasos de notificação tanto dengue quanto SRAG-COVID. Em vermelho tem-se a mediana e os quantis 10 e 90% de casos notificados de dengue de 2010 a 2019, para reforçar a heterogeneidade nas séries.
Para 2020, temos notificações de dengue (em verde) e SRAG-COVID (azul). Percebam que a série de dengue estava bem alta até a semana 11, quando de repente cai. Será que eu deveria pensar que a COVID-19 protege pra dengue? Nope.
Dados de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no estado do Rio de Janeiro. Deixo aqui um parabens aos envolvidos (ironia!), estamos revertendo a tendência de queda.
Já me perguntaram o que eu achava do relaxamento do isolamento no Rio, e eu não tive dúvidas na resposta, os casos vão voltar a crescer. Não teve nenhuma cura mágica, por que iria continuar a cair se o comportamento das pessoas só mudou pra pior? Por que?
Notem q não são os casos confirmados de covid-19, são as notificações de SRAG que estão voltando a subir. Os casos de COVID-19 e depois os óbitos virão na sequência. Ao corrigir o atraso de notificação, uma mudança no padrão dos casos com pouco atraso é captada e "inflacionada"
Quem assistiu algum webinar meu recente certamente viu uma figura de nowcasting para os casos de SRAG em MG usando dados de 9/6. Bem joguei os dados mais recentes por cima e acho que nosso modelo nao tá tão mal...
Webinário na UFMG: Hospitalizações por SRAG como proxy para casos graves de Covid-19 no Brasil