Quando o papo é vacinas e afins eu normalmente não posto muito pois minha área são os dados, mas percebo que o que está acontecendo nos últimos dias é um problema de "data storytelling", aonde estão contando uma coisa e fazendo outra. Sigam o fio: 🧶//1
A notícia "fresca" é a de que, "para evitar politicagem", o governo federal pretende requisitar(leia-se "confiscar") qualquer produção de vacinas para distribuir em todo o Brasil "igualmente". Discurso parece ótimo, não é? Vamos fazer uma linha do tempo: //2
- Uma pandemia é deflagrada;
- Fabricantes se lançam a fazer vacinas;
- Governo Federal se abstém,não entra em acordo algum;
- Povo cobra uma definição das vacinas;
- São Paulo resolve puxar a dianteira e mete a Coronavac num acordo com o Butantan; (anuncia em 11/06) //3
- Governo Federal anuncia acordo com AstraZeneca (em 27/06);
- Vacinas começam a ficar prontas (resultados de fase 3 saindo);
- Vacina que "sai na frente" é a da Pfizer;
- Povo cobra plano de vacinação;
- Governo Federal começa alguns esboços do PNI, apresenta em 01/12; //4
- São Paulo divulga "plano ESTADUAL de vacinação" com data de início em 25/01 (mesmo sem vacina aprovada) (em 07/12)
- Governadores e ex ministros e o povo conclamam data de vacinação nacional;
- Pressão faz governo federal falar em "entre janeiro e fevereiro" //5
- Butantan anuncia início da produção da CoronaVac (10/12);
- Governo Federal "anuncia" através do governador de Goiás (?) que vai "requisitar"(eu li "confiscar") a produção de qualquer vacina para distribuir "igualmente" a todos os brasileiros; //6
Aonde quero chegar: Cada uma dessas falas e desses anúncios teve discursos, em sua grande maioria, lindos, de "ajudar a população", de "ter igualdade entre os brasileiros", e normalmente isso funciona para quem está ali, na hora, assistindo. Quem iria discordar disso? //7
Só que, para entender a verdadeira intenção, só fazendo uma linha do tempo para entender quais ações foram feitas e quando foram feitas. Nesse momento a gente limpa um pouco do discurso e olha para a ação. //8
Vale lembrar que temos UMA vacina com dados publicados em revista científica e pré aprovada emergencialmente no FDA e aprovada emergencialmente no MHRA, que é a da Pfizer. Para saber exatamente em que pé estão, vejam aqui: redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/11/17/vac… //9
Se seguíssemos a racionalidade e não só a emoção, estaríamos pedindo só uma coisa: os dados publicados e revisados de eficácia e segurança (fase 3) do máximo possível de vacinas, para aí entender como aplicá-las o mais rápido possível em um programa nacional de imunização. //10
Vejam o tamanho do incêndio que estamos fazendo em cima de fatos que poderão (e muito provavelmente irão) ser modificados conforme os dados forem saindo. Haja visto a vacina da AstraZeneca, que "tava tudo certo" e aí agora tem de provavelmente refazer os testes (ACONTECE!) //11
O que os dados e fatos estão nos dizendo:
- Estamos começando a ter vacinas palpáveis;
- Estamos fazendo uma confusão gigantesca em cima disso;
- Não enxergo um lado que esteja combatendo o jogo político do outro, mas sim uma bagunça generalizada.
Oi, pessoal. Baixei os dados atualizados de internações hospitalares do RS e fiquei BASTANTE assustado. Juntei a análise da mobilidade (através dos dados do Google) com os hospitais e fica explícita a razão do aumento. Vejam só: 🧶 //1
Aqui temos Porto Alegre. Vejam a tendência das mobilidades e o aumento absurdo das internações em UTI. //2
Aqui a região de Caxias do Sul (segunda maior cidade do estado). Vejam o mesmo padrão de mobilidade e internações. //3
Esse frio fora de época aqui no RS me preocupa mais ainda em relação à disseminação do vírus. Quando eu falo nessa correlação com a temperatura, quero deixar explícito que falo do comportamento das pessoas. Explico: //1
Se estiver 35 graus e uma turma de amigos resolverem se encontrar (é um exemplo aqui, mas no momento é IMPRÓPRIO fazer isso, ok?), eles provavelmente irão a um parque, ou na casa de um amigo com pátio, piscina, laje, ao ar livre, para não passar calor. //2
Se estiver 5 graus, e a mesma turma de amigos resolverem se encontrar (novamente: impróprio no momento em que estamos hoje) irão para um local quentinho, com aquecimento, provavelmente a casa de um deles..aí se um amigo disser: "vamos abrir a janela", vão aceitar aquele frio? //3
Fizemos um estudo com todos os testes PCR positivos para COVID-19 por faixa etária tanto em síndrome gripal quanto SRAG, e o aumento nos jovens preocupa: //1
Chegando perto do Natal, estes jovens podem ser o vetor que completa a transmissão do vírus para os mais vulneráveis, caso os encontros de família sejam feitos sem cuidados, sem Isolamento prévio, ar livre, pessoal comendo em locais fechados... //2
Oi, pessoal. Uma informação triste/preocupante, mas necessária: sabemos que temos atrasos entre o aumento de casos e o aumento de óbitos. Podemos tentar estimar esses atrasos para entender quando as mortes começarão a aumentar aqui no Brasil. //1
Relembrando o que já foi estimado pelo @zorinaq com sucesso e traduzido e aferido por mim aqui:
Temos três potenciais causas de atraso: 1. O atraso clínico (a demora natural da infecção até o óbito); 2. O atraso da notificação (tempo burocrático desse óbito aparecer nos números oficiais); 3. O atraso da doença chegar dos jovens (primeira leva) aos idosos; //3
Oi, pessoal. Quem é do RS (e quem não é também) viu esse mapa que saiu hoje, mostrando que o Estado inteiro está "vermelho", ou seja, com risco alto de transmissão e/ou esgotamento hospitalar. Vou contar umas coisas sobre esse risco: //1
Já tivemos regiões em bandeira vermelha no primeiro avanço forte da doença, em Julho/Agosto, e lá tínhamos muitos fechamentos, como shoppings, eventos e afins. Hoje, as regras mudaram. A principal delas é a chamada "cogestão", aonde os municípios podem mudar algumas coisas. //2
Oi, pessoal! Agora que vimos que até o Ministro da Saúde está reconhecendo o aumento de casos (60 dias depois) eu acho válido fazermos um "meta fio", com todos os alertas importantes que foram contando essa história. Vamos nessa? Sigam o fio: 🧶//1
Em 17/09 eu dei o primeiro alerta de que a população estava "trocando o modo de se portar" e que a Europa estava demonstrando um aumento justamente por causa desse tipo de comportamento: