O @US_FDA disponibilizou um arquivo com os dados da Moderna, a nossa outra candidata a vacina da COVID-19 que usa RNA mensageiro! Ela será avaliada nos próximos dias pelo órgão! Vamos dar uma olhadinha no documento?
Relembrar é viver: a investigação consistiu em um ensaio clínico randomizado de Fase 3, duplo-cego e controlado por placebo, de mRNA-1273 em aproximadamente 30.400 participantes.
O que eles queriam observar? a redução da incidência de COVID-19 entre participantes (sem evidência de infecção por SARS-CoV-2 antes da primeira dose da vacina) no período de 14 dias após a dose 2 (regime completo de doses)
A eficácia na prevenção de COVID-19 foi confirmada ocorrendo pelo menos 14 dias após a segunda dose da vacina, sendo de 94,5% (5 casos de COVID-19 no grupo da vacina e 90 Casos COVID-19 no grupo placebo).
Foi observado de forma semelhantes entre participantes com diferentes idades, gêneros, grupos raciais e étnicos e também entre participantes com comorbidades médicas associadas a alto risco de COVID-19 grave
As análises também sugerem benefício da vacina na prevenção de COVID-19 grave (11 casos de COVID-19 grave no grupo placebo X 0 casos no grupo de vacina), na prevenção de COVID-19 após a 1ª dose, e em prevenção de COVID-19 em indivíduos com infecção prévia por SARS-CoV-2
Eles ressaltam no documento que os dados disponíveis para alguns desses resultados não permitem, ainda, uma conclusão mais contundente.
Em 11/11, a Moderna mostrou mais dados: acompanhamento médio de> 2 meses após a dose 2 demonstraram uma eficácia de de 94,1%
Com 11 casos COVID-19 no grupo da vacina e 185 casos COVID-19 no grupo do placebo.
Participantes de 18 a <65 anos: 95,6%:
Participantes ≥ 65 anos: 86,4%
Além disso, a vacina foi capaz de prevenir COVID-19 grave, com 30 casos no grupo de placebo x 0 casos no grupo de vacina.
Nessa primeira tabela, vemos o nº de participantes e informações de cada etapa da investigação
NEssa figura, podemos observar o plano de monitoramento da segurança em cada grupo. Os participantes eram solicitados a registrar reações locais, eventos sistêmicos e uso de antipiréticos/analgésicos do dia 1 ao dia 7 após cada dose
Nessa tabela, podemos observar mais dados do estudo, bem como as características demográficas dos grupos (últimas tabelas)
Aqui, participantes com risco para COVID-19 grave, ou seja, que apresentam alguma condição ou comorbidade
Nessat abela, podemos observar os dados de eficácia para cada grupo, dividido por idade, sexo, etnia, etc. Observamos aqui um nº pequeno de participantes em alguns subgrupos, como participantes com> 75 anos de idade e participantes em certos subgrupos raciais
Os dados demográficos dos participantes que contribuíram pra investigação dos eventos de COVID-19 para determinar a eficácia podem ser observados abaixo:
IMPORTANTE: 2,2% dos participantes tinham evidência de infecção anterior no início do estudo, e houve apenas 1 caso de COVID-19 começando 14 dias após a dose 2 relatado neste subgrupo, que foi em 1 participante do grupo de placebo.
Logo, não há dados suficientes para concluir sobre a eficácia da vacina em indivíduos previamente infectados
Nessa tabela, vemos dados adicionais de eficácia em participantes que apresentaram alguma condição ou comorbidade
E uma das figuras mais legais, sem dúvida: a vacina mostrando que cerca de 14 dias após a 1ª dose, já se observa uma proteção, observada na incidência de ocorrências de COVID-19 entre o grupo placebo (azul) e o grupo da vacina estudada (vermelho)
E com isso, temos os daos finais de eficácia, divididos por faixas de idade:
Sobre segurança, em geral o principal relato foi a dor e reações mais locais e de intensidade leve/moderada após a 1ª dose , que duraram em torno de 2-3 dias. Reações sistemicas reportadas foram fadiga, dor de cabeça, febre, durando também cerca de 2 dias
Na opinião do FDA após a revisão das narrativas, somente 3 ocorrências poderiam estar relacionadas com as vacinas: 1 de náusa e vômito e 2 de edema facial, que foram resolvidas completamente.
Em resumo: as reações adversas mais comuns foram dor no local da injeção (91,6%), fadiga (68,5%), dor de cabeça (63,0%), dor muscular (59,6%), dor nas articulações (44,8%) e calafrios (43,4%).
Foram observados, também, um 'inchaço axilar e sensibilidade do braço de vacinação' em alguns participantes, mas que foi resolvido.
Eles comentam que no 1º arquivo que citei (fda.gov/media/144434/d…), a designação atual de linfadenopatia pode ser mal interpretada como um evento adverso generalizado, o que não seria consistente com as reações realmente solicitadas no e-diário.
No 2º arquivo (fda.gov/media/144453/d…), eles trazem mais uma figura. As curvas começam a se separar já em 14 dias após a dose 1, apoiando a análise de eficácia secundária para eficácia após a primeira vacinação.
DADOS SOBRE EFICÁCIA CONTRA A INFECÇÃO EM ASSINTOMÁTICOS: foram coletados swabs nasofaríngeos pré-dose 1 e pré-dose 2 para o vírus SARS-CoV-2 e um resumo descritivo comparando o número de swabs positivos pré-dose 2 em participantes soronegativos para COVID-19
A idéia toda foi realizar uma avaliação preliminar sobre a possibilidade de prevenção da infecção assintomática. Podemos ver que os números de participantes são pequenos justamente por ser preliminar
Entre os participantes negativos, 14 no grupo da vacina e 38 no grupo do placebo apresentaram evidência de infecção por SARS-CoV-2 na segunda dose, sem evidência de sintomas de COVID-19.
Houve aproximadamente 2/3 menos esfregaços positivos no grupo da vacina em comparação com o grupo do placebo no momento pré-dose 2, sugerindo que algumas infecções assintomáticas começam a ser prevenidas após a primeira dose :)))
Os dados são super promissores e a avaliação do FDA ocorrerá dentro dos próximos dias. Poderemos estar vendo a 2ª vacina da COVID-19, também de mRNA, sendo aprovada à vista :))) Os dados são super interessantes como os da Pfizer, sustentando a robustez da tecnologia
Vou ir colocando os fios dos colegas nesse meu fio aqui, mas essa foi uma análise bem inicial do documento. Ainda pretendo ler ele melhor e daqui a pouco, adicionar mais infos :)
Quando falamos de medidas de prevenção e cobertura vacinal, estamos falando de impactar a transmissão de um agente infeccioso. Hoje, o vírus da COVID-19 circula muito intensamente, aumentando o espalhamento na população, com elevado nº de novos casos e óbitos
As medidas de prevenção, como distanciamento físico e uso de máscaras, etc, reduzem/desaceleram essa transmissão, diminuindo o nº de novos casos. É uma estratégia importante e impacta no nº de novos óbitos em decorrência da doença.
Ainda nessa figura, existe 2 casos para a 3ª situação: 1) Ter vacina mas não ter distanciamento/uso de máscara 2) Ter vacina e ter distanciamento/uso de máscara
Nos primeiros meses da vacinação, manter a adoção de medidas de enfrentamento (máscara/distanciamento) será CRUCIAL
O plano encontra-se organizado em 10 eixos, a saber: 1) Situação epidemiológica e definição da população-alvo para vacinação; 2) Vacinas COVID-19; 3) Farmacovigilância; 4) Sistemas de Informações; 5) Operacionalização para vacinação; 6) Monitoramento, Supervisão e Avaliação;
7) Orçamento para operacionalização da vacinação; 8) Estudos pós-marketing; 9) Comunicação; 10) Encerramento da campanha de vacinação.
Reunião sobre a apresentação do Plano Nacional de Vacinação (PNI) encerrada. O que não vimos?
O Plano Nacional de Vacinação
Alguns pontos:
Quando o PR diz que iremos em breve voltar ao normal com as vacinas, infelizmente pessoal, está errado. Só começaremos a experimentar um normal após atingir COBERTURA VACINAL.
Vacina é uma estratégia populacional. Enquanto não tiver muita gente vacinada, a transmissão do vírus seguirá elevada. Achar que após receber a vacina poderemos voltar ao normal é, infelizmente, uma ilusão. Apenas atingindo a cobertura vacinal é que poderemos pensar nisso
Frequentemente, pegamo-nos desprevenidos quando lemos "variante nova do SARS-CoV-2", "mutação encontrada em tal local", e imediatamente nos preocupamos com as implicações disso. Nesse fio, quero te dar uma perspectiva dentro da virologia sobre isso, trazendo essas notícias
Bora?
Tão simples e tão impactantes, seja de forma positiva, seja de forma negativa. Estão presentes muitos anos antes de o primeiro da nossa espécie conhecer este planeta. São seres vivos? Qual sua relevância?
Só causam doenças ou também podem propiciar adaptações interessantes para as espécies em que se hospedam? ? Essas são algumas das perguntas direcionadas aos vírus, os quais, independente do debate, despertam muitas curiosidades e são alvos de investigações há décadas.
Hoje foi um dia muito emocionante e fico lisonjeadíssima de estar entre as vozes sobre ciência dentro do contexto da COVID-19 em 2020! Essa rede de divulgação tem muitos, mas muitos cientistas de altíssima qualidade e estar entre eles é um privilégio imenso!
Tive o prazer de me aproximar dessas pessoas, que integram o top5 desse ranking que aparece no recorte deste estudo é algo que não imaginava em 2019 que estaria contecendo em 2020. E é fruto de muita, mas muita dedicação! @oatila@luizaraujo_@otavio_ranzani@MBittencourtMD
Formei amizades incríveis que quero levar para a vida, conheci mulheres cientistas e jornalistas inspiradoras e que são mentoras nessa jornada, compartilhando seus conhecimentos e experiências, como a @TaschnerNatalia@dogarrett@binerighetti@veramagalhaes e tantas outras
Quando eu submeto um artigo pra uma revista científica, todos os co-autores são notificados e, frequentemente, precisam dar o OK de que aceitam seus nomes estarem inclusos naquela versão final do artigo a ser enviada para o editor da revista. Isso é responsabilidade
Se um grupo de pessoas participa de um documento, seja ele qual for (não vou nem entrar no mérito da relevância do documento em questão), é ético eles terem acesso à todas as versões para dar o seu aval. Afinal, é o nome deles que está ali, assinam tudo que está escrito.
É tão errado não por o nome de pessoas que participaram num documento, quanto por o nome dessas pessoas e não dá-las o direito da ciência das suas versões.
Particularmente, acho ainda mais sério quando a pessoa assina, o documento é alterado sem revisão por ela e vai adiante.