Um fenômeno pouco analisado até o presente momento na segunda expansão da COVID-19 no ES, está relacionada a ocorrência de uma primeira onda tardia de casos observados em inúmeros municípios do interior. Analisemos a média móvel de 14 dias (MM14D), a letalidade e os óbitos.
Dores do Rio Preto possui 7 mil habitantes, apresentou sua primeira curva significativa de casos observados a partir da segunda quinzena de novembro. O município teve somente dois óbitos registrados pela COVID-19. Último pico registrado de 8,64 no dia 7/12.
Alto Rio Novo (8 mil hab.), teve na primeira oscilação o pico de 3,86 casos observados no dia 17/07, chegando a apresentar em dezembro 7,21 casos, quase o dobro de crescimento.
Itarana, com 10 mil hab., também teve um desenho de onda significativa a partir do mês de novembro, onde acumulava somente 3 óbitos pela COVID-19 desde o inicio da pandemia. Somente em novembro e dezembro o município já acumulou outros 5 óbitos.
São Roque do Canaã, 13 mil hab., também apresentou o mesmo comportamento de primeira onda de casos observados somente no final deste ano.
Governador Lindeberg, 13 mil hab., também teve comportamento tardio de casos e todos os seus óbitos ocorreram nos últimos 4 meses de pandemia.
Irupi, com 14mil hab., também apresentou expansão de casos mais significativa a partir de novembro. No entanto, diferente dos municípios anteriores, a letalidade de 3,1% (alta), encontra-se acima da média estadual, o que pode sugerir um contexto de baixa notificação e testagem.
Iconha, 14mil hab., foi reconhecida por ser uma cidade sem óbitos pela COVID-19 ao longo de quase toda a pandemia. Em novembro e dezembro já registrou 4 óbitos. Também o comportamento de primeira grande curva tardia pode ser reconhecido neste contexto.
Itaguaçú, com 14mil hab., 5 óbitos registrados por COVID-19 e uma letalidade de 0,7%, apresentou uma longa curva de casos em uma primeira grande onda tardia a partir do mês de setembro.
Alfredo Chaves com 14mil hab., letalidade pela COVID-19 em 0,9%, desenhou três breves oscilações ao longo da pandemia e em novembro a elevação abrupta de casos desenhou uma primeira grande onda.
Muniz Freire, com 17 mil hab., oscilou ao longo dos meses de julho-novembro, alcançando em dezembro uma íngreme curva de casos, chegando 9,9 casos em dezembro na MM14D, mais do que o dobro de casos observador no pico em setembro.
Com 24 mil hab., a tradicional cidade de Santa Teresa, letalidade em 0,8% (baixa), desenhou desproporcional curva de casos a partir do mês de outubro.
Pedro Canário com 26 mil hab., chama a atenção por ainda não ter apresentando curva significativa de casos, com letalidade acima da média estadual (3%). Este comportamento que se repete em outros municípios, serve de alerta para a possibilidade de uma grande curva futura.
Guaçuí, com 31 mil hab., a quarta maior letalidade do Estado, 4,3% (alta), também apresenta ampla curva de casos a partir do mês de novêmbro.
Santa Maria de Jetibá, com 41 mil hab., letalidade de 1% (baixa), registrou em toda a pandemia 17 óbitos.
Das cidades com mais de 100 mil habitantes, destaca-se São Mateus com 2,3% de letalidade por COVID-19, próxima a do ES, pois ainda não desenhou nenhuma grande onda de casos. O fim de ano e o verão desenham um contexto de alerta a sua população.
Breves sínteses: 1) Vivemos segundas expansões reais da pandemia nas grandes cidades do ES. 2) Um conjunto importante de municípios pequenos vivem agora sua primeira grande expansão de casos/óbitos. 3) Ainda alguns territórios não viveram a primeira grande onda real de casos.
4) Os municípios que agora vivem a primeira expansão da doença poderão viver uma segunda expansão ao longo de 2021.
5) Por não terem vivenciado alta incidência de casos e óbitos em seus territórios, os municípios que agora vivem a primeira expansão real da doença, podem ter desenvolvido ao longo da pandemia uma falsa sensação de segurança.
Sem vacinas disponíveis até o presente momento, neste fim de ano o distanciamento social, reservar-se em casa, não aglomerar-se, proteger idosos e grupos de risco, usar máscaras, lavar as mãos, serão gestos de empatia e civilidade que preservarão a vida de nossos entes queridos.
Desde o início da pandemia soubemos que os casos de COVID-19 evoluíam em formas não-críticas em 90-95% dos casos, em especial na população jovem. No entanto, mesmo entre eles, o número de perdas será sempre proporcional ao total de casos.
No dia 28 de fevereiro registramos 5 casos de COVID-19 no ES e de lá até hoje foram 285 dias. Neste período entre jovens de 20-29 tivemos 143.713 notificados, 125.304 testados e 37.546 confirmados.
Deste total de jovens infectados e confirmados por testes até o dia de hoje, 48% foram infectados nos últimos 100 dias. Nesta faixa etária os casos saltaram de 3.804 em setembro para 7.781 em novembro, um crescimento de 104,55%.
Com os dados disponíveis até dia 5/12, o Estado do Espírito Santo já ultrapassou o pico de casos observados na primeira expansão da COVID-19. Na semana epidemiológica (SE) 27 (28/06-04/07) tivemos 9.035 casos, exatas 20 SE após, na SE47 (15-21/11) já apresentamos 9.219 casos.
Avaliando os picos diários, no dia 22/06 alcançamos um pico diário 2.003 casos observados contra 2.026 no dia 23/11.
Na Média Móvel de 14 dias (MM14D), tivemos um pico de 1.285 casos dia 02/07, contra 1.284 no dia 23/11, nos próximos dias este dado tende a ser superado.
A vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela @pfizer é, reconhecidamente, uma das mais avançadas e seguras. Seu desenvolvimento foi acompanhado e é respeitado por toda a comunidade científica internacional.
As preocupações com o armazenamento das doses estão sendo exageradas, não justificam a recusa da oferta. Com entregas fracionadas, o transporte em caixas especiais com gelo seco permitem sua entrega oportuna nos territórios onde vivem 80% da população brasileira.
Ainda que a @pfizer só entregue a vacina ao longo do primeiro semestre de 2021, sua compra ampliará a capacidade de vacinação da população brasileira. A retomada em "v" da economia pode virar um "w" se a vacinação ampla da população não ocorrer.
Nossos critérios/avaliações sempre foram transparentes e públicos. Melhor modo de conduzir uma pandemia.
Nos últimos dias diversos Estados do Brasil começaram a consolidar uma nova tendência de aumento de casos leves, graves e óbitos. No inicío da pandemia também foi assim.
No ES apresentamos na fase de recuperação 3 cenários possíveis:
a) Queda lenta e sustentada da internação e dos óbitos.
b) Estabilidade em de 300 pacientes em UTI-Covid/dia ( dentro da variação de 10%)
c) Aumento sustentado dos óbitos e das internações acima de 330 pacientes/dia.
A partir do dia 27/10 o movimento de oscilação da internação em UTI-COVID passou a ocorrer no ES. Nos três últimos dias a ocupação ultrapassou variação de 330, apresentando tendência clara de crescimento de casos graves.
Para entender a polêmica do ES "vermelho" no mapa do @jornalnacional no dia 01/10. Antes de tudo vejamos os 3 conceitos principais utilizados na construção e avaliação da curva de casos com a média móvel (MM): o desenho da curva, a variação do dia e a tendência da curva.
A MM desenha uma curva linear de casos para melhor expressão do comportamento da pandemia e as fases do desastre epidemiológico. Assim, identificamos que o ES hoje conta com 9,86 óbitos na MM, equivalente aos que existiam nos dias 5-6/05, vivemos uma fase de recuperação.
O comportamento sustentado é de queda. De acordo a média móvel de 14 dias, no dia 21 de junho tivemos a ocorrência do "pico" de óbitos com 36,93 óbitos, comparando com os dados de hoje temos uma queda de 73,3%, ou seja, uma queda de 3,75 vezes do momento mais crítico da doença.
A equipe da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SESA a analisou as características dos últimos 100 óbitos por COVID-19 até o dia 29 de setembro.
Dos 100 óbitos analisados:
52% ocorreram na rede privada/filantrópica e 48% na rede pública
Idade média: 69,55
Idade mediana: 73
Sexo: 50 H e 50 M
90 ocorreram nos últimos 14 dias.
R. metropolitana: 54%
Sul e Centro: 17%
Norte: 11%, 1% outro Estado.
A mediana de idade subiu de 59 para 65 anos comparando os dados acumulados do início da pandemia com os últimos 90 dias. É preciso reforçar o alerta nas medidas de proteção aos idosos.