Pessoal, todos que me acompanham sabem que meu papel nessa epidemia vem sendo fazer alertas a todos com base nos números, trazendo projeções, gráficos e afins. Esse fio é, além de um alerta, um pedido de ajuda. Vejam só: 🧶//1
Estamos em meio a uma onda desenfreada de aumento de casos no Brasil. Ontem (16/12/20) tivemos mais de 950 óbitos notificados sem os dados de SP, por instabilidade no sistema. Os estados do sul do país estão em colapso do sistema de saúde, vejam no próximo tweet //2
Eu resido em Caxias do Sul, a segunda maior cidade do RS. 510.000 habitantes e 176 leitos de UTI para mais 48 municípios além de si própria. Ontem, a prefeitura fez uma coletiva de imprensa, com os diretores dos hospitais, demonstrando o colapso: fb.watch/2riMi4ccQ_/ //3
Para quem não conseguir ver o vídeo, foram usados termos como: "este é um pedido de socorro de uma rede colapsada"e "teremos de contar com os óbitos para investir em quem tem mais chance de sobreviver". Sim, é nesse nível que as coisas estão. //4
E sabem o que é pior? Não é esse o problema que eu venho alertar. Novamente vou recorrer à análise de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) para demonstrar a bronca que nos aguarda se não mudarmos o rumo imediatamente. //5
Todos os anos nós temos um comportamento "padrão" de SRAGs causadas por vírus respiratórios no Brasil. Vejam 2018 e 2019. Temos um aumento natural na semana 7, um pico que se inicia na semana 12 e segue por um pouco mais. //6
Já em 2020, o SARS-CoV-2 veio e se juntou a esse caminho já conhecido, mas com uma força MUITO mais avassaladora. Vejam as linhas de limiar epidêmico e comparem com os anos anteriores. Mas o que está acontecendo a partir da semana 43 é o que preocupa: //7
Estamos em um aumento de SRAG totalmente fora de época, que está se prolongando devido ao comportamento da população e às poucas medidas de restrição de mobilidade; Ao manter o número elevado teremos uma catástrofe caso chegar assim nas semanas 7 a 12 de 2021. //8
Sabem o que isso quer dizer? Se estamos com 900 óbitos notificados/dia agora, poderemos ter 3 vezes isso lá no início de 2021, ou seja, em torno de 2.500 óbitos, como os EUA. E tem mais problema aqui, pois vou demonstrar quais são as chances de evitarmos esse problema: //9
a) cobertura vacinal ampla o suficiente para termos redução gradativa nos casos (altamente improvável, não temos nem seringas em 17/12/2020, como vamos ter cobertura vacinal ampla em março de 2021?) //10
b) consumo de todo o "combustível", ou seja, infectar todos os suscetíveis, o que também é altamente improvável pois mesmo se multiplicarmos os 7 milhões de casos do Brasil por 10, teriamos ainda 140 milhões de brasileiros suscetíveis. //11
c) todo mundo parar suas atividades agora e sossegar por uns 20 dias, pois aí teríamos uma redução de casos por redução de mobilidade, a única correlação efetiva para momentos pré colapso. //12
Temos mais agravantes? Infelizmente sim. Já demonstramos neste estudo que preparei para a @analise_covid19 e saiu no Jornal O Globo (oglobo.globo.com/sociedade/coro…) que os casos estão aumentando cada vez mais em jovens. Isso traz duas situações distintas: //13
Por serem jovens, isso gera um número menor de óbitos e de internações hospitalares, e isso pode ser visto ao compararmos as curvas de casos/óbitos de hoje com as do primeiro platô. Claro que o fator não é só esse, nada é simples assim, mas o twitter exige síntese. //14
A outra característica é que os jovens tem mais mobilidade, então o "espalhamento" do vírus aumenta de forma considerável. Como temos uma festa tradicional com o costume de ter encontro de gerações familiares, esse espalhamento pode chegar aos idosos. //15
Um local que demonstra claramente o impacto terrível deste tipo de encontro é o Canadá. Lá, o dia de ação de graças, ou "thanksgiving" ocorreu dia 12/10/2020. Vejam o que aconteceu ao juntarmos uma doença transmissível em ascensão com uma festa nacional: //16
Resumindo:
- Estamos em aumento forte de casos com colapso de saúde já acontecendo em alguns locais;
- Estamos rumando a uma festa que amplificará ainda mais esses casos;
- Depois dessa festa, estamos rumando para a sazonalidade de vírus respiratórios, com MAIS amplificação; //17
Aqui entra o meu pedido de ajuda: a pauta do momento está sendo a vacina. E quero deixar EXTREMAMENTE explícito: é relevante e correta essa pauta. Sem falar de vacina, não conseguiremos a cobertura vacinal que será a solução definitiva deste problema absurdo. //18
Peço a todos que abram um espaço na pauta da vacina e reverberem este alerta, que é tão importante quanto. Vejo que hoje o assunto acabou sendo 100% vacina. Estou tendo todos os cuidados ao falar isso, pois não estou dizendo que a vacina não é importante, ok? //19
A doença que nos assola é uma doença da SOCIEDADE. Apelar para comportamentos individuais como os governos vem fazendo NÃO irá funcionar. Só combateremos esse vírus unidos. Eu já demonstrei o poder de 1,6% ao dia na taxa de crescimento aqui: redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/09/04/o-e… //20
Agora que chegamos até aqui, creio que já ficou explícito que o problema tem potencial de ser catastrófico e exige ação imediata. Eu vejo uma analogia assim:
- Estamos presos em uma ilha, e descobrimos que nos acharam e vão mandar um resgate (esse resgate é a vacina). //21
- Só que tem um tsunami que vai devastar a ilha antes da chegada do resgate, e temos de nos preparar para estarmos vivos na hora que o resgate chegar.
Me ajudem a alertar do tsunami? Só em sociedade é que vamos conseguir salvar o máximo de pessoas de algo que é evitável! //fim
Agora que começamos a ter os estudos das vacinas publicados (coisa boa!), estamos vendo bastante um gráfico em especial. Pensei em aproveitar os holofotes que estão nesse carinha chamado Kaplan-Meier pra mostrar alguns a vocês. Vamos lá? 🧶 //1
Estes aqui são os gráficos que estamos vendo bastante. São lindos, né? Eles vem de algo chamado "método de Kaplan-Meier", que basicamente serve para comparar a ocorrência de eventos em dois ou mais grupos ao longo de um determinado tempo. //2
Nesses gráficos específicos das vacinas da Pfizer e da Moderna, fica muito, mas muito explícita a diferença entre o que aconteceu no grupo que tomou o placebo comparado com quem tomou a vacina. Aquela linha que cresce muito é o placebo. A que fica pequenina é a vacina. //3
Conforme o projetado, os óbitos continuam a aumentar. 913 reportados hoje pelo @brasil_io!
Provavelmente a projeção que fiz de termos o aumento forte nas semanas do Natal e Ano Novo está rumando para se concretizar. Ainda torço para acontecer algo e eu errar. //1
Também aproveito e posto esse tweet da @smp_agata:
Vejam a foto que ela postou. É de Porto Alegre. //2
Pessoal, a vacina ainda vai demorar. E quando digo demorar, digo que a solução não está na vacina em si, mas sim na cobertura vacinal. Só com uma cobertura vacinal efetiva teremos redução verdadeira no contágio, e isso demorará ainda. //3
Quando o papo é vacinas e afins eu normalmente não posto muito pois minha área são os dados, mas percebo que o que está acontecendo nos últimos dias é um problema de "data storytelling", aonde estão contando uma coisa e fazendo outra. Sigam o fio: 🧶//1
A notícia "fresca" é a de que, "para evitar politicagem", o governo federal pretende requisitar(leia-se "confiscar") qualquer produção de vacinas para distribuir em todo o Brasil "igualmente". Discurso parece ótimo, não é? Vamos fazer uma linha do tempo: //2
- Uma pandemia é deflagrada;
- Fabricantes se lançam a fazer vacinas;
- Governo Federal se abstém,não entra em acordo algum;
- Povo cobra uma definição das vacinas;
- São Paulo resolve puxar a dianteira e mete a Coronavac num acordo com o Butantan; (anuncia em 11/06) //3
Oi, pessoal. Baixei os dados atualizados de internações hospitalares do RS e fiquei BASTANTE assustado. Juntei a análise da mobilidade (através dos dados do Google) com os hospitais e fica explícita a razão do aumento. Vejam só: 🧶 //1
Aqui temos Porto Alegre. Vejam a tendência das mobilidades e o aumento absurdo das internações em UTI. //2
Aqui a região de Caxias do Sul (segunda maior cidade do estado). Vejam o mesmo padrão de mobilidade e internações. //3
Esse frio fora de época aqui no RS me preocupa mais ainda em relação à disseminação do vírus. Quando eu falo nessa correlação com a temperatura, quero deixar explícito que falo do comportamento das pessoas. Explico: //1
Se estiver 35 graus e uma turma de amigos resolverem se encontrar (é um exemplo aqui, mas no momento é IMPRÓPRIO fazer isso, ok?), eles provavelmente irão a um parque, ou na casa de um amigo com pátio, piscina, laje, ao ar livre, para não passar calor. //2
Se estiver 5 graus, e a mesma turma de amigos resolverem se encontrar (novamente: impróprio no momento em que estamos hoje) irão para um local quentinho, com aquecimento, provavelmente a casa de um deles..aí se um amigo disser: "vamos abrir a janela", vão aceitar aquele frio? //3
Fizemos um estudo com todos os testes PCR positivos para COVID-19 por faixa etária tanto em síndrome gripal quanto SRAG, e o aumento nos jovens preocupa: //1
Chegando perto do Natal, estes jovens podem ser o vetor que completa a transmissão do vírus para os mais vulneráveis, caso os encontros de família sejam feitos sem cuidados, sem Isolamento prévio, ar livre, pessoal comendo em locais fechados... //2