Não faz muitas semanas atrás que o mundo respondeu uma pergunta importantíssima, talvez uma das mais relevantes feitas em 2020: podemos obter vacinas seguras e eficazes contra COVID-19.
A matéria começa recaptulando o fatídico 31/12/2019, em que funcionários de saúde em Wuhan, China, relataram um misterioso conjunto de casos de pneumonia que deixou 27 pessoas doentes. Em 08/01/2020, a relação com o SARS-CoV-2 havia sido feita
2 dias depois, os cientistas postaram online a sequência genética do SARS-CoV-2. Em poucas horas, a busca por uma vacina COVID-19 começou, iniciando as investigações de antígenos (partes desse vírus para o reconhecimento do sist. imunológico) promissores.
Nos meses iniciais, tinhamos muitas dúvidas: o quão mortal é o vírus? O quão ele poderia ameaçar a saúde global? Com uma certa cautela em considerar uma possível pandemia, somado a uma disseminação limitada aos vizinhos atrasaram o anúncio da OMS emergência internacional de saúde
Já em fevereiro, tínhamos muitos projetos de vacinas já: Na China, a CanSino Biologics, a Sinovac Biotech e a estatal Sinopharm foram as primeiras a sair do mercado. Nos EUA, Moderna e Inovio. Na Europa, BioNTech (mais tarde, + Pfizer) e Oxford, que atraiu a AstraZeneca
E não esqueçamos da Janssen e da Sinofi nesse desenvolvimento! Diversas abordagens foram escolhidas: vírus inteiro inativado, partes específicas do vírus como a proteína Spike, importante para a ligação do vírus à célula, permitindo sua entrada. Muitas tecnologias promissoras
Algumas optaram pela entrega da proteína, outras pelo uso de adenovírus para entregar a informação de como construir essa proteína, e ainda teve os que queriam fazer isso a partir do RNA mensageiro.
"Mas fazer uma vacina não é apenas uma questão de escolher uma tecnologia. Ele precisa ser testado, primeiro para segurança e depois para eficácia, em milhares de pessoas que recebem a injeção ou um placebo e são monitoradas para ver quem fica doente."
Podemos dizer que, em 2020, aprendemos como vacinas são feitas. Discutimos cada processo, cada etapa, o que precisava ser comprovado, e assegurado. Acompanhamos muito de perto, com uma ansiedade bem justificável viu senhor Ministro?
A boa notícia veio em abril, quando Sinovac mostrou pela primeira vez que uma vacina COVID-19 protegia macacos com segurança de um “desafio” intencional com o vírus. Seguiu-se uma enxurrada de outros sucessos de desafio de macacos.
No dia seguinte, cinco empresas tinham vacinas em testes clínicos e nada menos que 71 outros candidatos estavam em desenvolvimento pré-clínico. Tudo isso graças aos grandes avanços científicos fruto de investimentos pesadíssimos na ciência. Graças a comoção global dos cientistas
Um exemplo disso é a própria Operação Warp Speed, injetando cerca de US $ 11 bilhões no programa em pesquisa e desenvolvimento da vacina COVID-19.
Em Julho, começamos a ver uma participação expressiva de diferentes países nos ensaios clínicos.
Locais muito afetados pela COVID-19 poderiam ter uma maior frequência de eventos necessários para comprovar a eficácia, ou seja, a proteção da vacina. Isto é, locais em que há maior transmisão do vírus, aumenta a chance de a pessoa se expor e vermos eventos no curto prazo
Moderna e Pfizer+BioNTech envolveram locais muito afetados pela COVID-19 nas investigações. Essas vacinas de mRNA se tornaram as primeiras a cruzar a linha de chegada, cada uma relatando eficácia de aproximadamente 95% em novembro.
Como saímos do zero para uma resposta tão importante? A matéria comenta:
Nunca antes os pesquisadores desenvolveram tão rapidamente tantas vacinas experimentais contra o mesmo inimigo.
Nunca antes tantos concorrentes colaboraram de forma tão aberta e frequente. Nunca antes tantos candidatos avançaram para testes de eficácia em grande escala virtualmente em paralelo.
E nunca antes governos, indústria, academia e organizações sem fins lucrativos investiram tanto dinheiro, músculos e cérebros na mesma doença infecciosa em tão pouco tempo.
Quando se perguntarem: qual a velocidade que a ciência pode responder a uma pergunta? Lembrem-se disso.
Em 10 de dezembro, 162 candidatos estavam em desenvolvimento e 52 já estavam em testes clínicos. Sabendo que as doses de vacinas serão escassas, nasce aaliança global, o COVID-19 Vaccines Global Access Facility, para aumentar o acesso.
É notável, no entanto, que nosso caminho daqui pra frente é conturbado: a hesitação vacinal é uma realidade que precisa ser combatida em todas as instâncias, por comunicações eficiêntes, pontes entre mídia, ciência, sociedade, em colaboração com as autoridades.
Nas últimas semanas, vários países, como EUA, concederam autorização de uso emergencial para a vacina Pfizer-BioNTech. Mais virão. A Moderna, por ex., provavelmente passará na avaliação regulatória nas próximas semanas também.
E o que faremos até lá? Lidaremos com o imenso tsunami que está a vista: segunda onda, continuação da primeira onda, aceleração da transmissão, ausência de medidas rígidas de enfrentamento e negacionismo.
Por um bom tempo, até tingir a tão sonhada cobertura vacinal que explico nesse fio, vamos precisar usar máscara, fazer distanciamento e sobretudo, agir enquanto sociedade.
A máscara não deve ser vista com desaprovação ou com repulsa. Ela, combinada com distanciamento físico, ambientes bem ventilados, pode evitar incontáveis novos casos e óbitos pela COVID-19. Pode nos ajudar a segurar nossa curva de transmissão
Precisamos entender a pandemia como um desafio da sociedade. E precisamos respondê-lo enquanto sociedade. Assim como vacinas: elas funcionam se a sociedade apta para tal se vacinar.
2020 está tentando nos mostrar que precisamos aprender a viver em sociedade, no fim das contas.
Vi muitos stories, notícias e tuites sobre novas variantes do SARS-CoV-2 atribuindo às mutações o aumento do número de novos casos em grupos populacionais.
Mini fio sobre isso
Comentei recentemente que variantes são esperadas, faz parte da "natureza" do vírus sofrer mutações que podem gerar, ou não, uma adaptação, que pode beneficia-lo ou não. Temos vários centros de pesquisa e pessoas monitorando a presença dessas variantes pelo mundo
E muitas dessas notícias recentes estão atribuindo a uma nova variante o aumento da transmissao do SARS-CoV-2.
Bem:
1) é precoce e mais experimentos precisam ser feitos, com mais pessoas, para confirmar qualquer relação
Muitas pessoas estão com dúvidas, ansiosas ou com receio sobre as vacinas da COVID-19. Sem dúvida, foram um dos maiores assuntos de 2020.
Fiz esse compilado com algumas informações que podem trazer uma luz nesse assunto!
Simbora de fio informativo?
Primeiro lugar: o que são vacinas?
As vacinas são produtos biológicos, ou seja, são formados por partes de um agente infeccioso, ou o próprio agente infeccioso inativado/atenuado, com o objetivo de nos dar proteção contra eles! drauziovarella.uol.com.br/infectologia/v…
E como as vacinas fazem isso?
No organismo, essas partes do agente infeccioso são apresentadas para o nosso sistema imunológico. Este, por sua vez, montará uma resposta específica (anticorpos, células) contra esses pedacinhos, com o lado positivo: faço tudo isso sem ter a doença!
Sempre lembro do causo de quando eu tinha 20 anos, ter tomado a vacina do tétano. Bem tranquilinha, fui na UBS, tomei e segue o baile. 1 mês depois um parafuso que tava há dias no chão cortou o meu pé, pensa num negócio que tu olha e diz "hmmm que tenso, ainda bem que me vacinei"
Limpei a ferida com o necessário, tudinho e fiz um curativo. Fui pesquisar o que o tétano fazia, ou o que era o tétano.
O tétano, meu povo, é uma infecção bacteriana grave, que causa espamos musculares
No geral, os espasmos têm início no rosto (maxilar) e progridem para o resto do corpo. Têm geralmente a duração de alguns minutos e ocorrem com frequência durante três ou quatro semanas - parece chato, mas ok né?
Quando falamos de medidas de prevenção e cobertura vacinal, estamos falando de impactar a transmissão de um agente infeccioso. Hoje, o vírus da COVID-19 circula muito intensamente, aumentando o espalhamento na população, com elevado nº de novos casos e óbitos
As medidas de prevenção, como distanciamento físico e uso de máscaras, etc, reduzem/desaceleram essa transmissão, diminuindo o nº de novos casos. É uma estratégia importante e impacta no nº de novos óbitos em decorrência da doença.
Ainda nessa figura, existe 2 casos para a 3ª situação: 1) Ter vacina mas não ter distanciamento/uso de máscara 2) Ter vacina e ter distanciamento/uso de máscara
Nos primeiros meses da vacinação, manter a adoção de medidas de enfrentamento (máscara/distanciamento) será CRUCIAL
O plano encontra-se organizado em 10 eixos, a saber: 1) Situação epidemiológica e definição da população-alvo para vacinação; 2) Vacinas COVID-19; 3) Farmacovigilância; 4) Sistemas de Informações; 5) Operacionalização para vacinação; 6) Monitoramento, Supervisão e Avaliação;
7) Orçamento para operacionalização da vacinação; 8) Estudos pós-marketing; 9) Comunicação; 10) Encerramento da campanha de vacinação.
Reunião sobre a apresentação do Plano Nacional de Vacinação (PNI) encerrada. O que não vimos?
O Plano Nacional de Vacinação
Alguns pontos:
Quando o PR diz que iremos em breve voltar ao normal com as vacinas, infelizmente pessoal, está errado. Só começaremos a experimentar um normal após atingir COBERTURA VACINAL.
Vacina é uma estratégia populacional. Enquanto não tiver muita gente vacinada, a transmissão do vírus seguirá elevada. Achar que após receber a vacina poderemos voltar ao normal é, infelizmente, uma ilusão. Apenas atingindo a cobertura vacinal é que poderemos pensar nisso