O LULOPETISMO É UM MOVIMENTO DE REPETIÇÃO DE PASSADO
Essas pessoas das nossas relações que viraram bolsonaristas - aqueles seu tio, seu médico, seu pai, até sua avó - não eram de extrema-direita. Em grande parte, eram indiferentes à política.
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Eram pessoas "normais", que carregavam elementos da cultura patriarcal, conceitos e preconceitos autoritários, racistas, machistas, que foram reprimidos pela vida cívica moderna, mas não metabolizados.
Entretanto, ficaram com uma raiva tão grande do PT que isso serviu para localizar no partido e em seu líder tudo que, dentro delas (e entre elas), não estava bem resolvido.
Essa espécie de ressentimento não se dissipou e com o surgimento de Bolsonaro normalizando emoções que não eram socialmente aceitas, adquiriu autorização para subir à superfície.
Toda essa lama que estava depositada no fundo do poço da cultura patriarcal passou a fazer parte dos seus critérios cognitivos e, o que é pior, morais: até para escolher relacionamentos.
Bolsonaro continuará explorando esse sentimento antipetista e tentará arranjar motivos para reavivá-lo em 2022.
O que o PT fez que ensejou a agitação subterrânea desses elementos?
Será que foi seu hegemonismo desenfreado, querendo ditar pensamentos e sentimentos para todos?
Será que foi ter se apresentado como juiz supremo da moral (o que causou irritação e revolta quando se descobriu que toda a cúpula do partido estava envolvida em atos de corrupção)?
Será que foi a dinâmica neopopulista que instalou na base da sociedade, dividindo-a sempre em dois campos e investindo no "nós" contra "eles"?
Será que foi a desvalorização das pessoas comuns, que estariam erradas toda vez que não concordassem com a metafísica influente do partido e de sua militância?
O fato é que extensos setores das chamadas classes médias não apenas discordaram politicamente do PT, mas foram possuídos por emoções de raiva, de cólera e desejos de vingança contra um Príncipe que queria reger suas vidas.
Se algum dia o PT quiser diminuir essa rejeição tem que se debruçar sobre o problema para ver onde errou. Não adianta tentar novamente acumular forças na base de promessas populistas para os pobres (para tentar, mais uma vez, jogar o povo contra as elites).
Isso Bolsonaro - que também é populista - pode fazer, aliás, com mais facilidade ainda estando no poder - e já está fazendo, distribuindo dinheiro diretamente nos bolsões de pobreza e comprando parlamentares com cargos e emendas.
Infelizmente o PT não vai examinar seus erros, pois que, para ele, não são erros, senão acertos de uma força política populista. Vai fazer o contrário: tentar ressuscitar Lula.
Toda a velha direção do PT (que é sua única direção) espera dar a volta por cima obtendo na justiça a autorização para que Lula dispute às eleições de 2022 e, se não der, de 2026...
Em 2026, em função da idade avançada, Lula poderá até concorrer embalsamado - cavalgando, como El Cid, a terrível estepe castelhana).
É sua única proposta. E é uma aposta com poucas chances de sucesso, mas é a que, segundo seus donos, manterá o partido como ele é (quer dizer, como ele foi).
Vamos falar a verdade. O lulopetismo é hoje um movimento de volta ao passado e cuja função precípua é manter o passado. Tem que ser superado pela democracia da mesma forma que o bolsonarismo.
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Não valia tanto a pena assim manter o mundo pré-pandemia
Siga o fio para ler a mensagem.
O mundo nunca precisou tanto de inovadores. De pessoas (ou seja, redes) capazes de pensar e ensaiar novas formas de vida e convivência social nas novas circunstâncias da pandemia.
Quem não inova, só aguardando as vacinas para voltar aos velhos hábitos, não entendeu o que está acontecendo. Não haverá essa salvação universal. Mesmo com vacinação em massa (de 80% da população planetária), a imunidade coletiva vai demorar (pode nem ser alcançada em 2021).
Vamos voltar às estatísticas e ao seu uso desumano por parte do bolsonarismo.
Se morressem 400 mil brasileiros (o dobro das mortes atuais) isso seria apenas 0,18% da nossa população. Para os bolsonaristas, tal número seria desprezível.
Siga.
Se morressem 800 mil brasileiros (o quádruplo das mortes atuais) isso seria apenas 0,37% da nossa população. Para os bolsonaristas, essa porcentagem seria desprezível também.
Se morressem 1 milhão de brasileiros isso seria apenas 0,47% da nossa população. Ainda seria desprezível para os bolsonaristas.
Reconstruí (em setembro de 2016) a autocrítica que o PT não teve coragem de fazer abertamente, de forma nua e crua. Mas é exatamente isto: basta ler as resoluções do Diretório e da Executiva Nacional do PT (de 17/05 do mesmo ano).
Siga o fio, por favor.
1 – Erramos quando não tomamos a decisão de impor o controle social da mídia. Agora não é mais possível segurar as notícias desfavoráveis a nós sobre o que fizemos no governo, nas estatais e nos fundos de pensão.
2 – Erramos quando não forçamos a barra para aprovar uma reforma política que estabelecesse a fidelidade partidária, o voto em lista fechada e predeterminada e o financiamento exclusivamente estatal de campanha.
Esta exploração começou com perguntas: por que tanta gente diferente, em vários lugares do mundo, resistem às medidas cautelares de saúde pública adotadas diante da pandemia do novo coronavírus (tipo distanciamento social, uso de máscaras e vacinas)?
Não poderiam, pelo menos alguns, ser de extrema-direita e, mesmo assim, acharem que vale a pena retardar o avanço da infecção? Como é possível que as respostas de gente que convive em bolhas tão díspares sejam praticamente as mesmas, nos Estados Unidos, no Brasil, na Europa?
Eram clusters pequenos e meio isolados (com poucos atalhos) que foram se conectando por meio das mídias sociais, mas que só ganharam expressão política com a emergência do populismo-autoritário.
Aprender democracia é desaprender autocracia. Significa ser capaz de reconhecer padrões autocráticos onde quer que eles se manifestem ou permaneçam escondidos.
Siga o fio.
Pessoas que têm dificuldade de perceber e identificar esses padrões não veem o perigo a que a humanidade está exposta neste momento.
A reeleição de Trump, por exemplo, significará a vitória do que há de mais tenebroso no mundo: os programas patriarcais que vêm se replicando há milênios na chamada civilização por meio da guerra contra o diferente, transformando diferenças em separações.
Ficamos cerca de 3 meses no patamar de 1000 mortes e estamos agora no patamar de 500 mortes diárias. A queda é lenta. Mesmo que não ocorra aqui uma segunda onda, a doença vai continuar matando gente no próximo ano. Segue.
E a imunização coletiva por meio de vacinas também não vai ocorrer antes de meados de 2021. Ah! Mas vamos apostar na imunidade de rebanho. Enquanto isso, é só fazer de conta que a pandemia já acabou, como quer Bolsonaro.
Segundo esses canalhas, se não fosse a imprensa ficar dando diariamente o número de mortos, tudo já teria voltado ao normal.