Sem exagero: desde que fui no Flow, recebi umas 100 mensagens de jovens (geralmente do Nordeste) que pensam em cursar a graduação em economia numa faculdade do eixo RJ-SP.
Dada a época e a quantidade de gente interessada, segue um fio sobre o tema, baseado na minha experiência.
Se mudar (ainda mais para SP) sendo muito jovem, sem ter amigos ou família na cidade de destino, é bem difícil. Pouquíssimos interessados pensam a sério sobre isso.
Conheci muita gente que se deu mal. Vi CDFs virando péssimos alunos, entrando em depressão, etc. É sério. Reflita.
Até pra facilitar a adaptação, conheça as faculdades que te interessam. Se informe cedo e muito.
Não importa qual a melhor entre Insper, FGV-SP, FGV-RJ, USP e PUC-Rio.
Dentre essas opções, o que importa para escolher uma é saber qual a melhor *para você*.
Sobre o ponto acima, é fácil exemplificar com dois assuntos:
- as condições financeiras da sua família precisam casar com as regras/custos da faculdade escolhida;
- o ambiente interno preferencialmente deve ser o que mais combina com a sua personalidade e ambições;
A parte das condições financeiras é mais complexa do que parece.
Um exemplo: se sua família não consegue bancar nada em SP, faz mais sentido priorizar o Insper, ao invés da USP.
As bolsas não-reembolsáveis do Insper são extremamente generosas, pagam notebook, aluguel, tudo.
A FGV-SP também tem um programa de bolsas muito sério e respeitável, mas são menos generosas que as do Insper.
Por outro lado, só a FGV-SP oferece bolsa por mérito (colocação no vestibular).
Você é ótimo aluno? Pense nisso. Ah, e a FGV-SP prepara bem pra carreira acadêmica.
Não vou falar de todas para não me estender excessivamente.
A regra geral vale pro RJ, ou para a USP: seu passo 01 é analisar quais opções estão dentro da sua realidade financeira.
Se informe sobre as regras de bolsas, preços de mensalidades, custos de vida em SP/RJ etc.
O passo 02, na minha opinião, deve ser se informar sobre o ambiente e cultura interna das faculdades que te interessam.
Por exemplo: a FGV-SP fica num prédio fechado e tem uma graduação super difícil com método PBL. Conheço alunos ex-ITA que acharam a EESP muito mais difícil.
É claro que a FGV-SP tem suas vantagens também. Como a graduação é pequena e tem muitos professores bons, os alunos tem muitas oportunidades incríveis.
Dizem que a FGV-RJ é parecida.
USP e PUC-Rio são o oposto das FGVs, com gente de vários cursos num campus gigante e aberto.
O Insper tem um curso difícil, mas nada de outro mundo. O grande diferencial, na minha experiência, é que os alunos são muito incentivados a buscar seus interesses em atividades fora da sala.
Bom para quem gosta de economia, mas não sabe o que gostaria de fazer na profissão.
Vale a pena cogitar uma graduação em economia nesses departamentos? Claro. Mas, se não der, tudo bem.
Muitos dos melhores economistas do RJ/SP fizeram graduação em federais de outras cidades.
O lugar onde você estuda não decreta seu destino nem no PhD, quanto mais na graduação.
O caso de @bruno_gommez é interessante. Ele é aluno de graduação da UFC, usou a internet para conhecer pesquisadores do país todo e hoje trabalha num núcleo de pesquisa do Insper.
Estudar num lugar não te impede de conhecer pessoas de outros lugares e aprender com elas.
Tem gente boa em todo canto. No Nordeste mesmo, tem a UFPE, com um departamento muito respeitado pelo país. Lá tem vários professores excelentes e ex-alunos que voaram muito alto na carreira.
Não estou subestimando o RJ/SP, apenas lembrando o óbvio: existem vários caminhos.
Por fim, acredite: o fato de você cogitar mudar sua vida toda só para estudar economia sugere muitas coisas boas sobre seu futuro.
Diz muito sobre sua disposição pessoal sair para sair da zona de conforto e buscar conhecimento. Se não rolar agora, o mais importante você já tem.
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Essa resposta é bastante simples. A maioria dos estudiosos do liberalismo dizem o mesmo: historicamente, a tradição liberal tem gente na direita e na esquerda.
Como o assunto tem sido muito discutido, explico o que digo num fio:
Basta ler bem pouco sobre história do liberalismo para constatar que os liberais tem facilidade para atuar na esquerda e direita.
Não estou falando de um momento histórico isolado, mas de uma história recheada. Há exemplos no Reino Unido, Brasil e EUA, nos séculos 19, 20 e 21.
O Partido Liberal britânico, cuja importância na formação do liberalismo dispensa apresentações, foi fundado em 1859 por três grupos que discutiam política no Reform Club, um clube de debates em Londres.
Esses três grupos eram conhecidos como Whigs, Radicals e Peelites.
Quem merece reconhecimento público pelo sucesso do Pix?
Eu já escrevi minha opinião: corpo de servidores do BC, vários diretores nas últimas 2 gestões, além dos presidentes Ilan e Campos Neto. Nada de Guedes.
Mas nunca expliquei meus motivos para escrever isso. Resumo num fio:
Por que ressaltar o corpo de servidores do Banco Central?
Porque é uma das instituições com mais técnicos qualificados dentre os vários braços do Estado brasileiro.
Isso dá consistência à atuação do BC mesmo com as mudanças de presidente e diretoria. E merece ser reconhecido.
O BC brasileiro tem um bom histórico quando o assunto é meios de pagamentos. Já me disseram que começou nos tempos de inflação, quando agilidade era crucial.
Mesmo anos antes do Pix, é notável trabalho do BC na popularização das maquininhas de cartão. Há uma certa tradição aí.
Por que eu estou otimista com a nova diretoria do Vasco?
Muitos torcedores de outros times se perguntam isso. Afinal, eu costumo ser bem cético com políticos e o Vasco tem os piores cartolas do país, uma política interna que faz a ALERJ parecer limpa.
Explico neste fio.
Antes de mais nada, é importante ressaltar que:
Eu não recebo 1 real do Vasco ou de qualquer pessoa ligada ao clube. Não tenho cargo. Nem chefe vascaíno eu tenho. Não vou auferir nenhuma vantagem pessoal com isso.
Dada a imagem da política vascaína, esse é um adendo importante.
Como argumento inicial, basta comparar o currículo dos presidentes no séc 21. Eurico, Dinamite e Campello não tinham experiência como grandes gestores no setor privado.
Jorge Salgado é uma referência do mercado financeiro nacional, vide matéria do Valor.
Volta e meia, ouço por aí um papo de que "o Sudeste sustenta o Nordeste" etc. Aconteceu hoje.
Sobre a origem da desigualdade regional no Brasil, recomendo o @thaleszp.
Um fator importante no séc 19 foi uma política fiscal que quebrou o Nordeste para sustentar o RJ. Segue o fio:
Na virada do século 18 para o 19, a desigualdade regional brasileira não existia como conhecemos.
O Nordeste era o maior fornecedor do algodão que chegava em Liverpool. Uma tal de Revolução Industrial acontecia por ali. Mas o setor quebrou nesta época, quando a demanda explodia.
De todos os grandes exportadores de algodão, nenhum país teve uma performance pior que a do Nordeste brasileiro naquela época.
Pouco a pouco, regiões como o Sul dos EUA ocuparam esse espaço. O Brasil conseguiu a proeza de perder o bonde da história. Como isso aconteceu?
O argumento de Silvio Almeida é ótimo na seguinte leitura: políticas que promovem desigualdade promovem racismo. Cabe discutir se toda austeridade fomenta desigualdade. O Real foi precedido por um pacote de austeridade. O Bolsa Familia ocorreu durante um ajuste fiscal. 1/5
No fim das contas, prefiro aproveitar o que considero melhor e mais correto no argumento dele - o antirracismo precisa ser incorporado na agenda econômica de quem pretende superar o probema. De um especialista em racismo, não espero ressalvas e nuances sobre política fiscal. 2/5
No fim, “austeridade é racista” ali significa “políticas anti-negro são racistas”. Se austeridade é anti-negro ou não, depende do significado que cada um dá à palavra. E eu duvido que Silvio e os economistas revoltados trabalhem com a mesma conceituação. 3/5
A @CNNBrasil tem defendido o suposto "Grande Debate", afirmando que é um modelo aclamado no exterior. Não é verdade.
Nos EUA, a própria CNN cancelou o programa por reconhecer que prejudicava o debate público.
A história é curiosa e ensina muito sobre a imprensa. Conto + no fio:
O "Crossfire" (Fogo Cruzado, o Grande Debate deles) foi um dos programas de maior sucesso da CNN por 22 anos.
O episódio mais famoso foi ao ar em 15 de outubro de 2004. É um dos momentos mais marcantes da TV dos EUA. Foi o início do fim para o Crossfire, cancelado em dezembro.
O responsável por cancelar o Crossfire foi Jon Stewart, esse do gif abaixo. Ele apresentava o Daily Show e foi pioneiro ao misturar comédia com noticiário político. O programa fazia tanto sucesso que era transmitido no Brasil. O modelo do Daily Show foi copiado em todo o mundo.