Muitas perguntas chegaram até nós ontem. Essa thread tenta responder a maioria delas. 👇👇🧵🧵
Nos últimos dias temos ouvido falar bastante sobre a eficácia das vacinas. E esta é uma medida importante com certeza.
Mas muito mais importante do que saber como calcular a eficácia da vacina, é entender como a eficácia impacta nossas vidas e como a eficiência e efetividade são fatores pelos quais nós deveríamos estar muito mais preocupados e prestando mais atenção.
A vacinação pode evitar a infecção, evitar adoecimento ou ambos. No caso das vacinas mais avançadas em testes e já em uso contra a COVID 19, nós podemos dizer que são vacinas:
(1) seguras, pois passaram para a fase 3 de testes e se saíram muito bem nesta etapa também (2) que evitam adoecimento, principalmente os casos graves entre os vacinados na fase 3 de testes (3) que estão sendo avaliadas quanto à proteção contra a infecção
Elas são perfeitas? Não, mas o principal ponto é que elas ajudem a diminuir a doença na população. As vacinas que evitam a infecção são muito almejadas.
Isso porque elas têm mais um efeito super importante que é a imunidade coletiva (ou de rebanho), isto é, vacinas com essa propriedade são importantes para interromper cadeias de transmissão. E aí a eficácia da vacina contra infecção entra em jogo.
Quanto maior a eficácia de uma vacina, mais fácil de se atingir a imunidade de rebanho a partir da cobertura vacinal adequada.
A eficácia de uma vacina que previne infecção, em conjunto com a medida do potencial de espalhamento da doença (R0), determinam o número mínimo de pessoas que devem ser vacinadas, que é o objetivo perseguido pelos programas de imunização.
Dissemos que a eficácia era importante, e é mesmo! Siga com a gente.
Como falamos no ponto (3) ali em cima, as vacinas atuais contra a covid19 ainda não tiveram tempo de serem avaliadas quanto ao quesito de proteção contra a infecção. Mas elas têm demonstrado como são eficazes em prevenir a doença.
Veja bem, falamos que ela evita a doença (com uma certa eficácia). Isso quer dizer que uma pessoa vacinada ainda pode se infectar, não ter sintomas e transmitir para alguém? Sim, como acontece com vários assintomáticos, que não sabem que estão doentes e passam o vírus adiante.
Percebam então que será importante manter as medidas contra o corona (distanciamento físico, máscaras, ventilação e lavar bem as mãos) por mais um tempinho até que a gente tenha certeza da proteção dessas vacinas contra a infecção.
Perceba também que, ainda assim, essas vacinas são super importantes por aliviar a pressão sobre o sistema de saúde, por diminuir internações e óbitos.
Quanto mais pessoas se vacinarem, menos o sistema e os profissionais de saúde são pressionados mais leitos sobram para as pessoas que não podem ser vacinadas em um primeiro momento e aquelas que eventualmente não ficaram protegidas pela vacina.
É ainda um BENEFÍCIO COLETIVO mesmo que não se fale em imunidade coletiva neste caso. E você deve ter a curiosidade: será que temos alguma vacina conhecida que protege contra a doença mas não é eficaz contra a transmissão?
Temos sim, e é essa da marquinha no braço que quase todos os menores de 50 anos têm... a famosa BCG, que evita casos graves de tuberculose @EthelMaciel falou sobre isso:
Mas voltemos pro início da conversa, porque falamos que deveríamos estar mais preocupados com eficiência e efetividade, ao invés de eficácia das vacinas neste momento?
para que uma vacina seja bastante efetiva, ela deve chegar aos nossos braços na sua melhor condição, tendo sido armazenadas corretamente e aplicadas por profissionais competentes.
Temos profissionais capacitados e coordenados pelo Programas Nacional, Estadual e Municipal de Imunização do SUS em nossos postos de saúde, que sabem conservar e aplicar muito bem as vacinas que tomamos desde bebês.
Mas uma boa efetividade só ocorre se houver EFICIÊNCIA, que é capacidade de organizar a campanha, disponibilizar vacinas e insumos, estratégias de divulgação para incentivar e esclarecer a população, e valorizar os profissionais de saúde.
A organização da vacinação, ou do plano de imunização no Brasil, é proposta e efetuada pelos governos federal, estadual e municipal. O Brasil sempre foi uma grande referência no planejamento e execução de campanhas de imunização (quem não se lembra do Zé Gotinha?).
Dada a gravidade da pandemia do coronavírus, não poderíamos aceitar um desempenho aquém da nossa capacidade e experiência.
É dos nossos governantes que devemos cobrar para que as vacinas cheguem efetivamente ao braço de cada um para em breve darmos um abraço seguro em nossos entes queridos.
PS: e sim, ficamos felizes e satisfeitos com as explicações de eficácia feitas pelo Instituto Butantan ontem
Vamos esclarecer a eficácia da coronavac? O cálculo correto é aquele que segue o protocolo, que foi definido ANTES da coleta de dados.
Isto é importante para que ninguém experimente maneiras novas de calcular e use a que mais convém. As regras para este cálculo foram definidas antes de começar o jogo.
A análise estatística prevista no o protocolo static-content.springer.com/esm/art%3A10.1…, calcula a eficácia utilizando os tempos de exposição de cada voluntário até os desfechos via modelo de risco proporcionais de Cox.
Eficácia da Coronavac! Esse tem sido o assunto, levantando comparações com outras vacinas para o Sars-Cov-2. Mas afinal, qual é o significado e a relevância de uma eficácia global de 50,38%? 👇🧵
Este número mostra que o risco de se desenvolver sintomas da Covid em pessoas infectadas foi reduzido pela metade no grupo vacinado com Coronavac.
Temos muito a comemorar com esse resultado, considerando também que o risco dos infectados precisarem de atendimento médico teve redução de 78% no grupo vacinado e que a probabilidade de efeitos adversos é baixíssima.
As vacinas contra COVID-19, como as demais, são um bem comum e portanto devem ser encaradas dessa forma quando pensadas como variável essencial da saúde pública. Segue o fio e entenda por que a vacina deve ser pensada como política de Estado. 🧶🧶👇
Para vencer a pandemia é preciso interromper a cadeia de transmissão viral. Essa interrupção só acontecerá quando mais pessoas tiverem acesso às vacinas contra COVID-19 e puderem ser imunizadas.
A interrupção da cadeia de transmissão do vírus depende, em outras palavras, do efeito coletivo das vacinas, que se obtêm através da imunização de uma parcela da população. O cálculo de qual seria essa parcela se baseia em métodos científicos.
Na discussão sobre uma vacina contra a COVID-19 muitos termos, tais como eficácia, efetividade, eficiência e impacto, antes restritos às discussões acadêmicas se tornaram correntes.
Segue o fio para entendermos alguns deles: 🧶👇
1 - Eficácia: a eficácia de uma vacina é compreendida como a capacidade de reduzir um desfecho desejado, , por exemplo, a redução da transmissão, redução do número de novos casos, redução dos casos graves.
Ela é medida através de uma fórmula matemática que leva em conta o risco que um vacinado corre comparado com o risco de um não vacinado. Em termos gerais pode ser expressa por 1-(Risco vacinado)/(risco de não vacinado).
Neste último dia de 2020, o Observatório Covid-19 Br gostaria de reforçar mensagens que continuam fundamentais durante a pandemia de Covid-19. Leiam com atenção, cuidem-se e protejam o próximo: 👇🧶
1) A pandemia no Brasil encontra-se em expansão. Apenas ontem, 1224 pessoas perderam suas vidas no Brasil. Pessoas que tinham histórias, sonhos, famílias, como todos nós;
2) Como já ocorreu no início do ano, o sistema de saúde em partes do país já opera acima de sua capacidade. Há relatos na imprensa de pessoas morrendo esperando vagas em unidades de terapia intensiva;
Em 22/07 postamos na @agencia_bori sobre imunidade de rebanho. Retomamos em forma de fio, pois ainda há ruído sobre esse conceito. À época, havia uma discussão sobre imunidade de rebanho natural e soltamos a nota: Por que a imunidade de rebanho não vai nos salvar? Segue o fio 🧶
Na discussão pública sobre o curso da epidemia de Covid-19 alguns conceitos têm sido comentados. Nos últimos dias, em especial, fala-se da imunidade “de rebanho” ou imunidade coletiva. Há, porém, uma grande confusão sobre o fenômeno e as implicações ao se atingir este limiar.
Uma das interpretações equivocadas é a de que o vírus para de circular quando se atinge a chamada imunidade de rebanho. Porém esse conceito está definido apenas para uma população inteiramente suscetível, ou seja, de pessoas capazes de serem infectadas.