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15 Jan, 42 tweets, 11 min read
Qual desculpa deram a você para não haver impeachment de Bolsonaro?
O quórum do impeachment de Dilma foi atingido meses após Eduardo Cunha aceitar o pedido, e a apenas 4 dias dias da votação na Câmara.
Com Collor foi a mesma coisa. Tanto que os jornais passaram a publicar placares com a evolução da votação à medida em que o pedido era analisado no Congresso.
Os institutos estão tendo dificuldade para ouvir a opinião pública. Se vão as ruas, flagram mais negacionistas do isolamento social. Se pesquisam por telefone, ouvem mais membros da elite e militantes dispostos a defender seus candidatos.
Na dúvida, basta lembrar da dificuldade que tiveram para se aproximar dos resultados das eleição municipais brasileiras de 2020, e a da eleição americana de novembro passado.
O Atlas Político, que foi quem teve o melhor desempenho na eleição de 2020, já apontou em artigo o viés de institutos de concorrentes. E foi um raro trabalho a ver a popularidade de Bolsonaro aproximar-se dos 20% antes do auxílio-emergencial...
...O mesmo auxílio-emergencial que deixou de ser pago em dezembro.
No mais, isso aqui é um recorte da Folha de julho de 1992. Já estava praticamente "tudo certo" para o impeachment. Apenas 53% dos brasileiros defendiam o afastamento de Collor. Collor foi afastado dois meses depois.
Só tem nova eleição em caso de cassação. No caso do impeachment, Hamilton Mourão assume a Presidência da República após o recebimento do pedido no Senado. Exatamente como rolou com Itamar e Temer:
A base política vai reagir à opinião pública. A opinião pública vai reagir ao noticiário. O noticiário vai pegar fogo no dia que @RodrigoMaia aceitar algum pedido de impeachment de Bolsonaro. Foi assim quando Eduardo Cunha aceitou o de Dilma.
Para passar pela pandemia é preciso antes se livrar de Jair Bolsonaro. Porque Jair Bolsonaro sabota qualquer tentativa de combate à covid-19.
O centrão também era a base de Dilma. Tanto que Eduardo Cunha pediu votos para Dilma em 2010. O sempre migrará para o lado que irá vencer. Foi assim que migrou de Alckmin para Bolsonaro na eleição de 2018.
Olha aqui Eduardo Cunha pedindo votos para Dilma:
www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po11…
Quem está numa bolha é Bolsonaro. Pediu voto para mais de 70 candidatos, teve muita dificuldade até mesmo para eleger vereador.
O golpe de Bolsonaro precisa do apoio das Forças Armadas. Mas um general do Exército é o principal beneficiado por um afastamento de Bolsonaro por impeachment.
Que de fato é alguém com muitos defeitos. Mas precisaria governar sem apoio da esquerda, e sem apoio da direita (pois esta continuaria apoiando Bolsonaro na oposição). Então, teria pouca margem para aprovar insanidades.
E, apesar de não ser um bom exemplo, o Brasil já foi presidido por um general em período democrático. Ao término dos 5 anos de mandato, Gaspar Dutra entregou o cargo a Getúlio Vargas.
Mais dois anos de governo Bolsonaro seriam muito pior para a credibilidade do país do que um terceiro processo de impeachment em menos de 30 anos (os EUA estão no terceiro em menos de 25 anos, o segundo em dois anos).
Em julho de 1992, PT, PMDB e PSDB ja tinham se decidido pelo impeachment de Collor. Dois meses depois, o presidente seria afastado do cargo. Olha o tamanho dos protestos...
Segundo a PM, apenas 400 pessoas atenderam ao chamado da CUT, CGT e três partidos de oposição.
Faltando menos de 50 dias para Collor ser afastado, o PT só conseguia levar 10 mil pessoas às ruas. E, mesmo assim, somando o público de 4 cidades.
Para efeito de comparação, em 15 de maio de 2019, antes de Lula proibir a oposição de fazer protestos contra Bolsonaro (sim, se informem, não canso de citar isso no meu próprio perfil), a oposição a Bolsonaro lotou ruas de 222 cidades do país.
g1.globo.com/educacao/notic…
Todos dizem isso. Confiram comigo no replay...
FHC disse isso de Lula. Lula foi reeleito, fez a sucessora e a sucessora ainda se reelegeu. Se depender do momento perfeito, Renan Bolsonaro fará o sucessor em 2050.
Sabotou os esforços do país para conter uma pandemia, quebrou seguidamente com o decoro do cargo, montou uma agência de espionagem clandestina dentro do Palácio do Planalto para perseguir adversários, promove a destruição do meio ambiente, aparelha as...
...forças policiais para perseguir adversários, montou dentro do Palácio do Planalto um gabinete para espalhar desinformação colocando a vida da população em risco, forçou a alta do dólar para arrancar bilhões de reais do Banco Central, é escancaradamente racista, homofóbico...
...e xenofóbico, e já chegou até mesmo a confessar a participação nos esquemas que desviavam verba do gabinete do filho em investigação que vem tentando sabotar com direito a ameaças ao Ministério Público.

Para começo de conversa.
Próximo.
Falta, na verdade, os eleitores da oposição se tocarem que a oposição vem preferindo manter Bolsonaro no poder pois possui interesse em inutilizar ferramentas de combate à corrupção. E cobrar desses opositores que façam oposição de verdade a Bolsonaro.
Veja o resultado das eleições municipais encerradas há dois meses. Os candidatos de Bolsonaro perderam, mas o PT não voltou.
Quem não quer governar é Bolsonaro. Para, com a desculpa de estar com as mãos atadas, usar apoio popular para dar um golpe no Congresso e no Supremo.
Olha lá. O impeachment de Dilma começou com 180 votos. Com menos de 342, ela não seria afastada. A votação é construída na Câmara. Assim como é construída a votação de qualquer projeto que tramita por lá:
Não vai ter reformas. Bolsonaro é contra. Já sabota desde 2019 qualquer esforço de Guedes. Tentou sabotar até a mesmo a reforma da Previdência, que só passou por esforços do Congresso.
A elite econômica também confiava em Collor. E torcia para a CPI do caso PC dar em nada. O pato da FIESP também demorou a aparecer nos protestos pelo impeachment de Dilma, pois estava todo mundo muito empolgado com o BNDES.
E por isso mesmo precisa ter o mandato abreviado.
Getúlio se suicidou. Clinton não fez o sucessor, nem conquistou maioria na Câmara ou no Senado. FHC passou a faixa a Lula e passou uma década sendo ignorado pelo próprio partido. Temer não conseguiu nem se candidatar à reeleição...
...e Donald Trump perdeu a reeleição, vindo a sofrer um segundo processo de impeachment.

Todos esses superaram tentativas de impeachment, cassação ou investigação por crime comum. Nenhum saiu fortalecido
Trump também saiu da eleição de 2020 sem maioria no Senado e na Câmara. Chegou a perder até mesmo em um estado historicamente republicano.

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15 Jan
Respondamos este tweet linkando deputados federais e senadores que já se pronunciaram a favor do impeachment de Jair Bolsonaro.
David Miranda já até pediu impeachment:
Randolfe Rodrigues se pronuncia a favor do impeachment desde 2020:
Read 115 tweets
15 Jan
Eduardo Cunha aceitou o pedido de impeachment de Dilma em 2 de dezembro de 2015. A Câmara Federal votou o pedido em 17 de abril de 2016. Sabe quando a oposição conquistou os votos necessários para a aprovação do pedido? Faltando 4 dias para a votação:
gauchazh.clicrbs.com.br/geral/amp/2016…
Então, se quiserem continuar a empurrar o impeachment de Bolsonaro para o dia de São Nunca, que inventem outra desculpa. Não é falta de voto. Pois os votos são conquistados com o pedido já em análise na Câmara. Foi assim também com Collor.
Também sigo aguardando o exemplo de presidente que sobreviveu a um pedido de impeachment e saiu dele mais forte. Getúlio se matou. FHC não fez o sucessor. Trump perdeu a reeleição. E Temer, que derrotou dois pedidos de investigação, não conseguiu nem se candidatar à reeleição.
Read 6 tweets
14 Jan
Finalmente conferi The Last Czars. Apesar da estranha mistura de documentário com drama (o que dá um ar de “filme para a TV” à coisa), a série flui bem.
A história a gente já conhece. É a mesma que professores nos contavam no segundo grau em no máximo 15 minutos. Um dos meus, inclusive, não conseguia disfarçar o sorriso ao chegar a este ponto do livro.
Mas é tanta barbaridade, estupidez e desgraça de todos os lados que eu terminei os seis episódios me perguntando como alguém consegue mergulhar ainda mais fundo nesses acontecimentos e sair do mergulho disposto a celebrar aquilo num bloco de carnaval.
Read 7 tweets
12 Jan
Em 2011 testemunhamos no vão do MASP um protesto neonazista a favor de Bolsonaro. Da dúzia de pessoas que compareceu, mais da metade findou presa.
noticias.uol.com.br/politica/ultim…
Em 2020, extremistas atacaram o STF com fogos de artifício em mais um ato cheio de referências supremacistas. Nove dos pouco mais de 20 "manifestantes" foram presos:
metropoles.com/brasil/policia…
Há seis dias, vimos mais uma gangue de supremacistas atacar o Congresso americano. Mais de 90 pessoas foram presas num intervalo de três dias.
g1.globo.com/mundo/noticia/…
Read 7 tweets
6 Jan
Eu me sinto dizendo o óbvio, mas infelizmente, quando o óbvio é incômodo, a memória dos fãs não o registra.

Então é preciso repetir:
Lula só aceitou ser ministro de Dilma para evitar ser preso. Mas aquilo só serviu para ampliar ainda mais a rejeição de Dilma.

Lula só se candidatou à Presidência em 2018 porque achou que não prenderiam o líder da corrida presidencial. Mas o prenderam mesmo assim.
Lula insistiu em ser candidato mesmo preso na esperança de que os eleitores o libertassem pelas urnas. Mas a estratégia do grande estrategista deu tão errado que o Brasil findou presidido por Jair Bolsonaro.
Read 13 tweets
31 Dec 20
Desde que, pela primeira vez, ouvi o Tommy, imaginei que seria divertido entrar 2021 cantando 1921. Ainda sem um bom domínio do inglês, eu não percebia que a letra abordava justamente o trauma que deixaria cego, surdo e mudo o garoto do título.
Décadas se passaram, já consigo ler e ouvir em inglês com razoável tranquilidade, mas ironicamente me sinto preso a um país cada dia mais cego, surdo e mudo.
Eu não vejo o Brasil como um caso único. Um ótimo professor já me ensinou que a história é lógica, com cada grande acontecimento reagindo a acontecimentos anteriores, sendo raros os casos em que poucos indivíduos atuam como motores de tais mudanças.
Read 32 tweets

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