Como a história segue o curso, e eu fico incomodado com textos defasados, eu venho tentando atualizar alguns artigos antigos com os fatos que só viraram notícia após a publicação da versão original dos textos.
Na segunda-feira da semana passada, parei para atualizar um que havia publicado quando o Brasil chegou a 50 mil óbitos por covid-19. Nele, eu mostrava como Jair Bolsonaro vinha tentando sabotar os esforços para conter o avanço do Sars-CoV-2.
Minha intenção era publicar a atualização no dia seguinte. Mas, ao visitar meu arquivo pessoal, notei que havia informação extra suficiente para quadruplicar o tamanho do artigo original.
Vocês devem ter notado o método: encaixar numa linha do tempo não o momento em que a notícia vem a público, mas o momento em que o fato noticiado ocorre.
Logo no início dos trabalhos, eu revisitei uma entrevista que Luiz Henrique Mandetta dera em julho de 2020. Nela, o ex-ministro da Saúde diz que ouviu Bolsonaro confessar que tinha por objetivo fazer com que todos os brasileiros adoecessem o mais rápido possível.
Mesmo em se tratando de Jair Bolsonaro, eu custei a acreditar naquilo. Como não havia uma data 100% precisa da conversa, deixei a informação para ser revisitada no final da linha do tempo.
Mas, conforme eu encaixava cada fato na linha do tempo, o que Mandetta havia denunciado fazia cada vez mais sentido.
Aos poucos, eu não mais via um presidente autoritário cometendo erros que atrapalhavam o trabalho das autoridades sanitárias, mas um monstro que deliberadamente agia contra a saúde da população brasileira — em especial, a mais carente.
Na segunda-feira, cheguei a comentar que escrevia o texto mais difícil da minha vida, e corriqueiramente precisa parar para respirar.
Não era respirar. Era chorar. Chorar de tristeza e raiva.
Raiva não só desse monstro. Mas de todo mundo que, privilegiando interesses próprios, segue fingindo que o Brasil não está refém de um sociopata que merece ser responsabilizado pela morte de dezenas de milhares de seres humanos.
E até mesmo daqueles que reconhecem a monstruosidade do sociopata, mas preferem lavar as mãos, pois percebem que, numa eventual derrota do inimigo, não serão estes os vitoriosos.
Eu não fazia a mínima ideia de que a Faculdade de Saúde Pública da USP e a Conectas Direitos Humanos vinha fazendo pesquisa semelhante.
Jair Bolsonaro não só comete crimes de responsabilidade. Jair Bolsonaro comete crimes contra a humanidade. E precisa ser afastado urgentemente do cargo que ocupa.
E tudo o que aconteceu no período em que presidiu o Brasil precisa ser investigado a fundo. E todos os cúmplices precisam ser igualmente punidos.
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Achava que só eu conhecia Garth Brooks no Brasil. Na minha bolha, devo ser o que menos o conhece.
Lembro de, em uma entrevista qualquer, ao ser perguntando sobre Pais & Filhos, Renato Russo meter “if tomorrow never comes” na resposta. Ele não cita como inspiração, mas apenas como uma outra canção que também tratava da finitude da vida.
Renato Russo gravou “if tomorrow never comes” no primeiro álbum solo, já nos anos 1990.
“If tomorrow never comes” foi lançada em agosto de 1989.
Cientistas chineses detectam um novo surto viral que, apenas no mês seguinte, em referência à oitava cidade mais populosa da China, seria noticiado como “vírus de Wuhan“. thethaiger.com/hot-news/touri…
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Dezenove dias de estudos após a detecção inicial, a China reporta à Organização Mundial de Saúde que uma pneumonia de causa desconhecida fora observada em Wuhan. reuters.com/article/us-chi…
8 DE JANEIRO DE 2020
Menos de um mês após a detecção do surto, cientistas chineses descobrem que a pneumonia vinha sendo causada por um novo tipo de coronavírus.
Chegou-me a informação de que a conversa no Congresso é de que não haverá impeachment enquanto as ruas não estiverem lotadas. O que é um acinte, uma vez que o Brasil nunca precisou tanto de impeachment e de ruas totalmente vazias. Mas...
Mas também porque sei que o impeachment de Collor só se preocupou em lotar ruas quando já estava tudo politicamente encaminhado para a queda do presidente. E olha que nem morriam mais de mil brasileiros por dia por omissão presidencial.
Precisamos urgentemente que os editoriais dos principais jornais defendam não só o impeachment de Bolsonaro, mas que o processo, de maneira mais do que justificada, precisará acontecer sem manifestações de rua.
Ocorre assim nos Estados Unidos nesse momento, inclusive.
Meu alcance deve estar alto. Porque a esquerda-que-faz-oposição-a-quem-faz-oposição-a-Bolsonaro (não confundir com a esquerda-que-faz-oposição-de-verdade-a-Bolsonaro) tem dado as caras por aqui.
Já já desenterram algum tweet meu de 2015.
Olha lá! Não falei? São muito previsíveis. E olha que estou aqui me contendo para não usar umas palavras menos educadas.