Em resumo, os termos que o Brasil recusou: 1) Garantia de pagamento 2) Arbitragem externa 3) 2 milhões de doses 4) Sem penalidade caso atrase 5) Assinar termo isentando de responsabilidade.
1) Garantia de pagamento é óbvia. Que garantia a Pfizer ou qqr empresa tem que o Brasil vai de fato pagar?
2) Arbitragem. Digamos que um problema ocorre, vai a justiça brasileira julgar isso? O STF? O acusador também seria juiz? Óbvio que não seria um julgamento justo.
E óbvio que ia levar 10 anos pra julgar.
3) "ah mas é pouco"
Zero é menor.
4) É um novo produto numa logística complicada com vários países no meio que podem dar problema. Se outro país decide confiscar essas vacinas e aqui atrasa, a Pfizer vai ser responsabilizada?
5) É uma vacina nova com riscos. Basta liberar que as pessoas possam não tomar se não concordarem com os termos. Cada um escolhe o risco que se expõe.
Fora o fato de que a Pfizer alega que eram 70 milhões de vacinas.
Não é o gasto do governo federal com leite condensado que é absurdo.
Qualquer gasto estatal tem absurdos do tipo. É só que o de alfafa, leite condensado e chantily é óbvio e fácil de entender pra todo mundo.
Algumas semanas atrás eu estava falando sobre ter pego uma licitação que pagava 78 reais de aluguel num cartão de câmera que custa 60 reais pra comprar, por exemplo.
Levou 3 minutos pra achar.
E não é só nas coisas pequenas. Tudo tem isso. Obras, salários, benefícios, setores inteiros.
Só que quase ninguém olha isso, sabe procurar um pouco melhor ou entende o custo real das coisas.
Eles tem o mito fundador, o famoso contrato social que ninguém viu ou assinou.
Tem os decretos de fé, como afirmar que saúde e educação não são mercadorias.
Tem os falsos curandeiros, que alegam milagres, prometendo que dessa vez vão fazer congelamento de preços funcionar.
Tem os contos, todas as histórias onde tinha um problema e o estado resolveu, e é pra você acreditar sem questionar mesmo que não façam sentido.
Tem uma forma de pecado original, que é a ideia de que você é um ser burro, canalha e incapaz, que precisa ser minuciosamente regulado e controlado para o seu próprio bem.
Sua existência é uma sujeira. O estado é a salvação.
Parte do credo da santa igreja do estado é a ideia de que cabe ao indivíduo, a empresa e ao empreendedor ter lucro (mas não muito) e pagar imposto, e cabe ao estado fazer o bem.
Como se essas coisas fossem incompatíveis. Como se a virtude fosse apenas do estado.
Só que todo mundo que vende um serviço ou produto está fazendo algo de bom. É a definição. Se o cliente não concordasse, não compraria em primeiro lugar.
Mas somos ensinados a achar que como o vendedor ganhou $ nisso, então tem algo errado, explorado, sujo, feio.
Ou talvez seja um valor moral doido na cabeça das pessoas de que pra você ter feito algo bom, tem que ter ganhado nada. Ou tem que ter sofrido. Se você fez algo bom e ganhou com isso, tá errado. Tem que ter sangue, lágrimas, sacrifício.
Se você acha que seu dinheiro podia ser mais útil em outro lugar, seja um empreendimento com pegada social ou uma doação mesmo, então faça. Você não precisa de um político no meio disso.
Isso aqui é uma internalização patológica de estatismo.
Quem tem melhor potencial e capacidade de gerir bem um recurso e empregar ele de uma forma que mude a vida das pessoas?
Quem ganhou esse dinheiro honestamente trabalhando e investindo, ou um bando de político?