María Sabina Magdalena García (1894–1985), a “mulher espírito”, foi uma curandeira, xamã e sábia do povo indígena Mazateca, em Huautla de Jiménez, Oaxaca, México.
Sua cura era exercida através das ‘veladas’, cerimônias religiosas que envolviam o uso de cogumelos.
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Sabina cresceu em uma família de xamãs na Sierra Mazateca e desempenhou um papel fundamental na introdução da cerimônia dos Teonanácatl em veladas ao mundo, sendo a primeira curandeira mexicana a permitir a participação de ocidentais neste tipo de ritual.
A intenção das veladas, que duravam a noite toda era comungar com Deus para curar os enfermos.
Os espíritos, se contatados com eficácia, contariam à Sabina a natureza da doença e como ela poderia ser curada.
O vômito dos aflitos era considerado parte essencial da cerimônia.
Cada participante do ritual ingeria cogumelos do gênero Psilocybe enquanto Sabina (que normalmente ingeria o dobro) entoava invocações para chamar o divino.
Desde jovem, o contato com eles a aproximou das cerimônias tradicionais, ela comungou os cogumelos pela primeira vez aos oito anos.
Diz-se que ela desenvolveu intuitivamente o conhecimento dos rituais e de seu poder de cura que, em sua cultura, era atribuído a esses cogumelos.
Suas cerimônias de cura com fungos incluíam cantos Mazatecas, fumaça de tabaco, consumo de mezcal e pomadas extraídas de plantas medicinais.
Esses rituais eram feitos à noite, pois era nessa hora que o curandeiro era acompanhado e guiado pelas estrelas para os reinos celestiais.
Para Sabina, o cogumelo era um instrumento para conectar dimensões e realidades que acontecem em paralelo.
Por causa de sua “peculiaridade”, intensidade e vários relatórios de eficácia, as sessões de cura de Sabina se tornaram muito populares no México no início dos anos 1950.
Alguns anos se passaram desde que o etnomicologista R. Gordon Wasson parou no vilarejo de Huautla de Jiménez em Oaxaca em busca do Teonanácatl.
Sua vida de estudo de cogumelos e a busca de três anos em Oaxaca chegou ao fim na porta de uma pequena cabana, a casa de María Sabina.
Sabina estava apreensiva com Wasson quando ele chegou, mas concordou em conduzir o ritual após garantias do oficial da aldeia, que era um amigo de confiança. Wasson e seu fotógrafo eram curados durante a noite enquanto Sabina executava a velada.
De volta à Nova York, Wasson escreveu um artigo sobre isso em 1957 sob o título 'Em busca do cogumelo mágico'. É então publicado na revista americana ‘Life’, em todo o mundo.
O artigo foi um grande sucesso e o verdadeiro ‘hype’ pra cima desses cogumelos é desencadeado.
Mais tarde, Albert Hoffman, que acidentalmente sintetizou LSD em 1938, foi capaz de identificar o químico ativo nos cogumelos que María Sabina usava para facilitar as experiências religiosas, a psilocibina.
A psilocibina se mostrou promissora para o tratamento da ansiedade e de alguns distúrbios psiquiátricos, mas outros compostos criados em laboratório, como a Ritalina e a Torazina, eram mais lucrativos e a psilocibina nunca foi procurada pelas empresas farmacêuticas.
Na época o movimento hippie estava no auge fazendo com que visitas domésticas e estrangeiras aumentassem.
Muitos visitantes estavam interessados puramente em atividades recreativas psicodélicas, sem respeito pela história das práticas e pela cultura e religião do povo Mazateca.
“Esses jovens não respeitavam nossos costumes. Nunca os ‘niños santos’ foram ingeridos com tanta falta de respeito. Quem o faz para sentir os efeitos pode enlouquecer temporariamente. Nossos ancestrais sempre levavam os cogumelos para uma vigília presidida por um Sábio.”
“Niños santos” foi o termo usado por María Sabina para os cogumelos e para as experiências visionárias produzidas durante suas curas, sob a orientação de “um Sábio”, ou seja, um curandeiro experiente.
“O uso indevido que os jovens faziam era escandaloso. Eles obrigaram as autoridades da cidade de Oaxaca a intervir Huautla. Embora nem todos os estrangeiros sejam ruins, a partir do momento em que chegaram em busca de Deus, os niños santos perderam a pureza.”
Com o passar dos anos, desde que Wasson veio pela primeira vez a Huautla de Jiménez, María sentiu a força dos cogumelos diminuir em seu espírito e percebeu que com a chegada do homem branco os cogumelos iam perdendo o sentido.
María afirmou que:
“Antes de Wasson, eu sentia que os 'niños santos me elevavam. Eu não me sinto mais assim. A força diminuiu. Se Cayetano não tivesse trazido os estrangeiros os 'niños' teriam mantido seus poderes. A partir do momento em que os estrangeiros chegaram, perderam a pureza.”
A degradação dos cogumelos por buscadores casuais foi generalizada. Apolonio Terán, também sábio e curandeiro, foi entrevistado por Alvaro Estrada, que perguntou sobre a violação da santidade dos cogumelos, questionando se ainda eram considerados uma fonte sagrada.
“O cogumelo não pertence mais a nós. Sua linguagem sagrada foi profanada. A língua foi estragada e é indecifrável para nós, é a língua que falam os estrangeiros, os cogumelos tem um espírito divino, eles sempre tiveram, mas os estrangeiros chegaram e estão espantando...”
Mais do que profanar um ritual sagrado, esses visitantes eram um dreno econômico e físico para María Sabina, que mais tarde comentaria que os Rolling Stones, Bob Dylan ou outros visitantes ricos poderiam ter ao menos trazido uma máquina de lavar para ela.
Pior, o influxo de visitantes indesejados, que não entendiam que atender às suas necessidades e desejos afastava os agricultores de subsistência dos deveres comunais, criou tensões sociais. A casa de Sabina foi incendiada e seu filho assassinado.
O fato de alguns na comunidade também buscarem lucrar com os visitantes, como guias, caçadores de cogumelos e prestadores de serviços criou ainda mais problemas.
Heriberto Yépez escreveu um artigo numa publicação de 2002 chamada “Etnopoética”, um ensaio sobre as questões sociais mais amplas levantadas pela popularização do cogumelo mágico com o título de “O lugar de María Sabina na cultura mexicana”:
“Sabina sofreu o estigma de estar envolvida no turismo, tornando-se na mente popular uma daquelas personalidades que, são quase não mexicanas: “Prostitutas fronteiriças” e María Sabina, uma curandeira indígena que virou guia chique de gabachos malucos, uma traidora da nação.
Deste ponto de vista, a ‘traição’ de Sabina é ainda mais profunda: Como propagadora e produto da americanização, ela foi vista como convertendo jovens mexicanos em hippies nativos (jipitecas), transformando-os, de fato, em gringos.
Mas na verdade, Sabina sentiu que havia feito algo proibido e o povo mais conservador de Huautla, incluindo outros xamãs, a repudiou, e sua casa foi incendiada. Intelectuais, políticos e meios de comunicação concordaram com o julgamento de Huautla.
Como Malinche antes dela, Sabina era vista como a grande cúmplice da destruição da cultura indígena mexicana primordial por estrangeiros.”
Perseguida por autoridades que, pressionadas pelos EUA a reprimir os usuários de “drogas”, a culpavam pelo fluxo de estrangeiros, María passou os últimos anos de sua vida sozinha, de luto pela perda sua família, seus “niños santos” e a fé indígena-cristã.
Quando ela faleceu, deixou um legado controverso: Por um lado, ela deixou um compêndio de sabedoria e práticas medicinais. Ao mesmo tempo, sua história contém uma lição para nos lembrar da facilidade com que o mundo moderno consome as tradições ancestrais, sem o devido respeito.
Hoje María Sabina é considerada sagrada pelos indígenas Mazatecas e habitantes de Huautla de Jiménez, sua imagem estampada em muros, prédios comerciais, táxis, restaurantes, camisetas, seu nome e vida mencionados nas músicas, cinema, novelas e outras artes culturais do México.
Sabina hoje em dia é, talvez, a mais famosa xamã do mundo, seu legado, porém, veio com um custo, mas com um chamado para aprendizado, um alerta sobre a apropriação cultural, sobre os métodos insensíveis da ciência ocidental, e a falta de respeito perante às tradições indígenas.
Huautla de Jiménez, assim como todo o estado de Oaxaca, ainda é procurado pelo ‘turismo psicodélico’ e curandeiros indígenas Mazatecas continuam exercendo o mesmo papel de María.
Existem questões em torno de como os ocidentais podem acessar as cerimônias sem cair na apropriação.
Além dessas questões, devemos honrar e reconhecer María Sabina pela mulher que foi, pela sua cura, pela sua honestidade, amor e respeito pela medicina de seu povo, seus cantos, esforços, luta, e resistência, e tudo do que fez dela ser reconhecida como a "mulher espírito".
“Eu sou a mulher espírito porque eu posso entrar e posso sair do reino da morte.
Eu sou a mulher que limpa.
Eu sou a mulher que cura.
Eu sou a mulher das ervas.
Eu sou a mulher sábia na linguagem porque eu sou a mulher sábia na medicina”. - María Sabina.
A pedra dos 12 ângulos é uma amostra do conhecimento arquitetônico Inca, e ao mesmo tempo, uma das atrações mais populares que existem na cidade de Cusco. Seu prestígio se deve à idade de sua estrutura, em ótimo acabamento e perfeccionismo, característicos da civilização Inca.
Cada bloco foi moldado para se encaixar perfeitamente com todos os blocos ao redor, exigindo uma quantidade meticulosa de cuidado e atenção aos detalhes.
De fato, as juntas da parede são moldadas com tanta precisão que nem mesmo um único pedaço de papel cabe entre os blocos.
A pedra atinge pesa seis toneladas e está localizada na rua Hatun Rumiyoc e pertence a uma construção que antigamente era o palácio do Inca Sinchi Roca.
Diz-se que s pedra representa a divisão de 24 famílias: 12 famílias em Hurin Cusco e 12 em Hanan Cusco.
O animismo é um aspecto religioso que na antropologia infelizmente sempre foi alvo de teorias evolucionistas e colonialistas, categorizado como um entendimento de pessoas “primitivas”.
Mas isso está longe de ser verdade!
Segue o fio 👇
A definição moderna de animismo é a ideia de que pessoas, animais, características geográficas, fenômenos naturais e objetos inanimados podem possuir uma essência espiritual, significativa ou simbólica que conectam religiosamente uma sociedade.
O animismo é um aspecto religioso e construção antropológica usada para identificar fios comuns de espiritualidade entre diferentes sistemas de crenças, o animismo pode ser percebido, principalmente, em muitas culturas indígenas e aborígenes.
Infelizmente, parece que o #Enem2020 não vai ser adiado, o que é lastimável, mas, tendo isso em mente, que tal umas enquetes com questões de vestibulares passados sobre civilizações pré-colombianas?
Vamos 👇
1- Três dessas civilizações têm a região que ocuparam identificada no mapa.
Assinale a alternativa que associa corretamente o número ao povo que ali se estabeleceu.
Tatuagens da Senhora de Cao, a primeira mulher governante da América pré-colombiana.
A pele do antebraço, mãos, tornozelos e dedos dos pés mostram, com total clareza, desenhos de cobras, aranhas, e caranguejos, animais que o simbolismo mochica relacionava com o divino.
A senhora de Cao ou Dama de Cao é o nome dado a uma mulher da cultura Moche descoberta em 2006 pelo arqueólogo Régulo Franco no sítio arqueológico El Brujo, cerca de 45 km ao norte de Trujillo, no Departamento de La Libertad.
Antes da descoberta, pensava-se que apenas homens ocupavam cargos importantes no antigo Peru.
Acredita-se que a senhora tinha status de governante na sociedade teocrática do vale do rio Chicama e era considerada um personagem quase divino.
Desabafo: Não aguento mais ouvir/ver que indígenas pré-colombianos do atual território brasileiro eram “primitivos”, “preguiçosos”, “pouco desenvolvidos”, quase que apenas “caçadores-coletores” e também comparações com outras civilizações de Abya Yala (Américas)
Faz tempo que to querendo fazer uma thread sobre arqueologia brasileira pra desmentir esses mitos que estão (muito) longe de serem verdades, eu só peço um pouquinho mais de paciência porque to na busca por um pc/laptop pra poder expandir pesquisas e trazer um material melhor
Além desse tem outros temas e projetos que também to planejando faz um tempo mas que apenas com o celular fica difícil de botar eles em prática, mas é isso, se tudo der certo jaja os conteúdos por aqui devem dar uma melhorada 🙏❤️