Oi, pessoal. Estamos entrando em um momento com alto potencial de confusão em relação aos dados da COVID-19. Tentarei demonstrar como temos de lidar com o que irá acontecer com os números no Brasil daqui a algumas semanas. //1 🧶
Para quem prefere, gravei a explicação em um vídeo. Fiz com o máximo de detalhes que consegui: //2
Aqui está uma versão mais simplificada do alerta que dei nesse vídeo e darei nesse fio: //3
Em resumo: os óbitos irão cair e os casos estão dando indicações BEM iniciais de que irão voltar a subir. Ao entender o que está acontecendo podemos ajudar a orientar todos os que ficarem confusos com a situação para evitar a propagação de desinformação. //4
Estamos com indicativos de reversão de tendência (quando os casos começam a cair mais devagar a cada semana, indicando que poderão estabilizar e voltar a subir). Aqui uma análise com dados até 04/02: //5
Agora, refazendo a mesma análise com dados até 12/02, percebemos que a reversão de tendência permanece, e inclusive em mais estados. Como sempre, sem pânico. Nossa testagem oscila e também podemos ter represamento, que atrapalha essa análise (mostrei no vídeo). //6
Percebam que em alguns locais a variação é muito baixa, ou seja, pode ser simplesmente oscilação. Mas o que me faz pensar no fato de que essa reversão pode ser real? O aumento de mobilidade (volta às aulas, carnaval sendo festejado de qualquer jeito, volta ao trabalho....). //7
Vamos ver por região? Primeiro as regiões Norte e Nordeste. Ambas tiveram, na última semana (08 a 12/02) um aumento na taxa de crescimento de novos casos. Isso significa que estão subindo? Não! Significa que estão caindo mais devagar (primeiro sinal de perigo). //8
Aqui temos Centro Oeste e Sudeste. Nessas regiões, continuamos com a taxa de crescimento em queda (isso é bom!!), mas a queda está mais lenta (isso é o primeiro sinal de perigo). //9
Na região Sul, temos um aumento significativo na taxa de crescimento, mas temos dois problemas: o estado do PR tem muito problema de represamento (mas nessa semana parece que não), e o RS, que não tem, parece ter tido nessa última semana: //10
Aí entra o problema de não termos um ritmo na testagem: esses represamentos mascaram a análise tanto da taxa de crescimento quanto da positividade diária e fazem termos de esperar por mais semanas para confirmar um real crescimento. Se tivermos surtos? Já perdemos o trem. //11
Por isso a análise da variação (tabelinha que postei antes) tem de ser acompanhada pela análise visual da taxa E por relatos de quem está acompanhando de perto, nos hospitais e afins. Um exemplo é o AC: na variação, parece bom. Olhando dia a dia, voltou a crescer: //12
Além do AC, o MA parece também em pleno crescimento diário de casos. Eu já tomaria medidas fortes de restrição imediatamente nesses dois estados. //13
Alguns estados, pela análise diária, nos mostram um forte indício de reversão de tendência: ES, MS, TO e SC. Nestes, eu também já tomaria medidas fortes de restrição com os dados atuais. //14
Um local que entendeu como funciona o jogo da tendência e parou de agir atrasado foi a Australia (Melbourne). Casos em queda, zero óbitos, mas vejam o que aconteceu na taxa de crescimento. O que fizeram? LOCKDOWN. No meio do Australian Open.

uol.com.br/esporte/coluna… //15
E, para ficar explícito: TODOS os estados do Brasil estão com taxa de crescimento positiva (acima de zero) e com MUITOS casos diários. NENHUM indica flexibilização. Precisaria cair bastante e por um bom tempo para aí sim pensarmos em flexibilizar. Vejam o Reino Unido: //16
Casos em queda no Reino Unido, taxa abaixo de zero, mas número ainda alto. Se flexibilizar agora, correm SIM o risco daquela taxa voltar a subir e ter novamente um aumento de casos (que aumenta internações e óbitos, como já bem sabemos). //17
Um dos intuitos desse fio é alertar tomadores de decisão sobre o que estão realmente enfrentando e qual o risco, e o outro é ajudar o máximo de pessoas a entenderem as nuances envolvidas em quedas e aumentos de casos. Espero ter ajudado!! //fim

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12 Feb
E sabem o que é pior? Essas mortes provavelmente ainda se referem ao pico de AM/RR, que por sua vez se referem a infecções ocorridas há muitos dias. Acompanhem o raciocínio nesse fio: 🧶 //1
Depois desse pico de casos, tivemos uma pequena queda de casos, muito relacionada com a queda de mobilidade que aconteceu nesse período de janeiro/fevereiro, com uma redução forte em locais espalhadores como, por exemplo, o transporte público: //2
Essa pequena queda de casos muito provavelmente vai causar uma pequena queda no número de mortes, e aí já sabem o que vão dizer em muitas colunas de jornal e postagens em redes sociais? Que "mesmo com todo mundo na rua caíram as mortes". //3
Read 13 tweets
7 Feb
Oi, pessoal. Acredito que seja um momento propício para falarmos sobre reversão de tendência, taxa de crescimento e como isso influencia na situação que estamos vivendo, principalmente com flexibilizações, retorno às aulas e demais aumentos de mobilidade. Sigam o fio! //1 🧶
Eu sempre gosto de relembrar o que aconteceu para contextualizar o que estamos falando, e uma das primeiras coisas que temos de lembrar é que o crescimento exponencial (o "estouro") não acontece da noite para o dia. //2
Na Europa, a segunda onda de casos começou no começo de julho, mas aquela curva assustadora só apareceu no final de outubro...adivinha quando agiram? No começo de novembro, levando inclusive à criação de uma nova variante (a B.1.1.7) via espalhamento. //3
Read 29 tweets
30 Jan
Volta às aulas: A educação de um país é como uma corrida, na qual só é declarado o vencedor quando todos cruzam a linha de chegada. Se alguém cruzar antes, ficará aguardando pelos que ficaram para trás. Ele pode até ter algum sucesso individual, mas o país continuará estagnado.+
Isso pode ser visto em qualquer país desigual. Muitas escolas magníficas, pessoas com muito dinheiro/condições, e o país continua com um péssimo IDH. Observem países de sucesso e vão atrás da pior condição possível de educação. Ela é que dá o tom do todo. +
No Brasil, nós temos uma desigualdade avassaladora. Crianças e adolescentes em condições péssimas, com poucos a olharem para eles, pois o exemplo anedótico mostra "brasileiros de sucesso".+
Read 6 tweets
29 Jan
Oi, pessoal! Mesmo com o colapso em andamento no AM e em RO, e chegando no AC e no PA, notamos que o RS está em uma estabilidade alta, e até uma queda em relação a dezembro? Por que será? Segue o fio que tentarei mostrar algumas possibilidades! 🧶 //1
O principal fator dessa epidemia, que sabemos bem, é o de que o vírus é transmitido de pessoas para pessoas. Esse fator é o que nos faz (ou deveria fazer) ficar de olho na correlação entre MOBILIDADE e CASOS. //2
Importante: também temos de lembrar, antes de ver os gráficos, da ordem de aumento dos números: Infecções, DEPOIS casos notificados, DEPOIS internações notificadas e DEPOIS óbitos notificados. Lembro sempre disso pois existe uma distância entre o fato e a notificação do fato. //3
Read 22 tweets
24 Jan
Oi, pessoal! Por que será que quem analisa os dados da pandemia de COVID-19 continua pedindo restrições de mobilidade no Brasil (o famoso "lockdown")? Como sabemos que a situação tende a piorar? Será que temos bola de cristal? Segue o fio de 25 tweets que tentarei explicar!🧶 //1
Para quem gosta de ver em vídeo, fiz essa explicação também em vídeo: , usando os mesmos gráficos que mostrarei aqui no fio. //2
A essa altura do campeonato já sabemos bem do atraso de notificação e do represamento de dados, então temos de usar métricas e ferramentas para tentar ultrapassar esses obstáculos e dar uma resposta ao tomador de decisão, já que a decisão tem o potencial de salvar vidas! //3
Read 29 tweets

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