1/15
Eu estava fechando o expediente e vi algumas partes da Live do @oatila e resolvi escrever um fio sobre algumas coisas básicas que tenho visto nos últimos meses - e acabou saindo sobre estatística, noção de população, condutas individuais e governo.
Segue o fio.🧶
2/15 eu queria dizer 1º que só vi uns trechos da live pq estou aqui, como todos divulgadores de covid do momento: ou produzindo, ou capotados por terem produzido o dia inteiro. E em todos os trechos que eu vi ele tá como todos divulgadores que eu conheço: 100% full pistola +
3/15 tentando ser educado (errado não tá)
É bom lembrar que dentro de tudo o que eu acompanho do Átila e de divulgadores desta e outras redes o discurso sempre é de cobranças de posturas individuais sim, mas principalmente de políticas efetivas. E isso SALVA VIDAS como temos+
4/15 visto em outros países posturas individuais e condutas cuidadas são FUNDAMENTAIS e definitivamente ajudam.
Mas pandemias são gestões populacionais - isto é, gestão feita a partir de cálculos estatísticos de características, comportamentos, condutas, ocorrências. +
5/15 Gestão populacional é TAREFA DE GOVERNO.
A estatística é "a senhora" da construção da noção de população e a ferramenta da gestão desta mesma população. Isto é: o modo como conhecemos quais os riscos um determinado grupo de pessoas têm e como conduzir este grupo a partir do+
6/15 estudo de como minimizar isto é uma das aplicações mais fundamentais da estatística.
Foucault, por exemplo, chamou de "biopolítica" o uso deste conjunto de conhecimentos para gerir a população - que vai emergir lá no século XVIII mais ou menos. A estatística significa +
7/15 "saber do estado" e tinha características censitárias, por um longo período. É a partir do final do século XVIII no entanto, que ela apresentará suas características analíticas a partir da coleta e comparação de dados. E vai se transformar, portanto, em ferramenta de gestão+
8/15 GOVERNAMENTAL.
A noção não apenas de "quantas pessoas morrem" mas principalmente: do que morrem, em que idade, em que localidade, etc. Nos possibilita não apenas ter conhecimento sobre um conjunto de pessoas. Mais do que isto, a estatística nos possibilita montar +
9/15 estratégias para MODIFICAR estes números, percebendo ONDE determinadas coisas estão acontecendo. Foi assim que diminuímos mortalidade infantil, é assim que analisamos mortes câncer, cólera, problemas respiratórios e buscamos as relações ambientais e/ou contaminações+
10/15 específicas. Enfim, a estatística nos indica caminhos e nos mostra ações possíveis.
Tudo o que temos mostrado desde o início de 2020 é: os gráficos indicam que determinadas medidas AJUDAM A CONTER O VÍRUS. Mas precisam de um esforço coletivo e ações governamentais +
11/15 específicas - ou seja, que tenhamos POLÍTICAS DE INCENTIVO e MANUTENÇÃO destas medidas.
E é por "população" ser um DADO estatístico, que existe a partir de um levantamento de características "de conjuntos", que individualmente são impossíveis de serem analisados, mas em+
12/15 grupo consegue-se definir padrões comportamentais e gerir (eventualmente modificar) padrões é que as medidas são para serem adotadas individualmente MAS SÓ FUNCIONAM EM UMA MASSA - QUE NÃO ESTÁ NO CONTROLE INDIVIDUAL.
Assim, se é população, é ato governamental.
ou seja:
+
13/15
Se é ato governamental, é preciso políticas específicas.
não é para ficar dando aviso em coletiva.
não é para dizer fiquem em casa, sem condições específicas para isto.
não é para decretar toque de recolher e abrir igreja
não é para decretar lockdown e abrir academia
não é+
14/15
para decretar lockdown de final de semana
não é para cortar auxílio emergencial e deixar pessoas sem condições de subsistência, fingindo economia, mas sem comprar vacinas.
A gente tá pedindo que tecnologias do século XVIII sejam usadas para o que elas foram inventadas! +
GERIR POPULAÇÕES!
A estatística é linda. Usem com sabedoria.
Grata.
(refs no próximo tweet)
15a)
Refs:
Foucault. Em defesa da Sociedade
___. Segurança, território e população.
___. Nascimento da Biopolítica.
15b)
____. História das estatísticas brasileiras. biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/m…
Camargo, Alexandre de Paiva Rio. (2009). Sociologia das estatísticas: possibilidades de um novo campo de investigação. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 16(4), 903-925. dx.doi.org/10.1590/S0104-…
1/10
Eu tenho lido bastante (novidades, Anénha) sobre EPIs, os protocolos de retorno às aulas, protocolo das cores pintadas nos mapas, máscaras (pands-way-of-life)
E seguido eu escuto: "as pessoas sabem, as informações estão aí, só ler" resolvi fazer um fio sobre isso? Sim!!!
2/10
1º que todo mundo que já deu aula na vida sabe que "eu falei disso" não faz sentido pois na primeira prova simplesmente aparecem absurdos sem igual que não temos IDEIA de onde vieram aquelas palavras encadeadas como a rica fuça dos nossos alunos (saudades inclusive)+
3/10
Por outro lado, ao longo da pandemia também acumulamos informações e as modificamos! Conforme se complexificavam as informações, estudos, artigos, tornou-se (mais) impossível acompanhar tudo. O que temos dito nas redes? ACOMPANHE CANAIS E DIVULGADORES QUE TU CONFIAS E VAI!+
1/10 Vou dar um exemplo muitíssimo simples de como considero complicada a questão da abertura das escolas. Vou usar O Protocolo Sanitário de SP (imagem) como questão: só este item de *Higiene Pessoal
1 - "Exigir o uso e/ou disponibilizar os EPIs necessários" ...
RECOMENDÁVEL+
2/10 Bom, se é "recomendável" os EPIs não deveriam ser "necessários". Uma contradição boba, a princípio. No entanto, junto com o "exigir o uso" e uma condicional de disponibilizar EPIs aponta que não é dever da escola nem cobrar o uso, nem fornecer o EPI para tal atividade.
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3/10 EPI = Equipamento de Proteção Individual.
Em tarefas que oferecem risco ao trabalhador e existem EPIs que os protegem disto é tarefa do empregador fornecer estes materiais e cobrar sua utilização de forma correta - normalmente com treinamento específico disto, inclusive.
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1/9 Talvez vcs se perguntem sobre o processo da divulgação científica em canais virtuais e como lidamos c/ a desinformação, artigos publicados, preprints e como avaliamos se nós deveríamos postar tudo o q nos chega naquele último minuto…
Segue o fio + blogs.unicamp.br/covid-19/divul…
2/9 A primeira questão é que não: nós não saímos publicando tudo o que vemos pela frente!
Em geral, o trabalho de divulgação envolve etapas que são importantes. E hoje resolvemos falar sobre como elas se desenvolvem, desde nossa formação até a responsabilidade sobre o conteúdo! +
3/9 “A verdade é a verdade”
Será que tudo o que falamos como cientistas e divulgadores é verdade e por isto têm que ser aceito? E o que esta questão tem a ver com o ritmo de postagens da DC, como postamos e que tipo de conteúdo em tempos de pandemia? Vamos lá
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O que de nada adianta se temos medidas que promovem o obscurantismo frente às indicações simples da ciência: use máscara, não aglomere, priorize atividades essenciais, planeje lockdown e faça um, diminua a circulação do vírus, compre vacinas, não promova falsas curas...
O Rio Grande do Sul vem fazendo escola de como promover o negacionismo. Desde o encerramento das fundações de pesquisa na gestão anterior (incluindo fechar a fundação que fazia o RS ser autossuficiente em vacinas - quem diria que faria falta não é mesmo?), até abertura de +
Comércio desde o início da pandemia, negação de medidas básicas de isolamento, além de promoção de kit covid e, agora, prefeito de Porto Alegre pedindo sacrifício de vidas pela economia.
Tudo o que poderíamos ter feito errado, fizemos
Abrir leitos “como nunca antes” era o mínimo+
1/9 As coletivas de imprensa de SP apresentam uma mensagem de que estão fazendo tudo neste 1 ano de plano de contingência sem que tenhamos feito lockdown, sem isolamento adequado, sem condições de distanciamento no município mais populoso do país.
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2/9 E culpabiliza aglomerações de lazer que tem sim sua responsabilidade - mas que em contrapartida não possuem regras claras de e objetivas para conter o vírus. Sem políticas que garantam à população uma vivência com menos riscos.
Fora o discurso de apoio à ciência e +
3/9 priorização de escolas, sem reformas necessárias com cortes orçamentários seríssimos, extinção de instâncias estratégicas de controle de epidemias e pesquisa em doenças.
Além disso, colocam ao cargo do governo federal toda a negação de realidade, enquanto brincam com +
1/20 Presidente do Conselho Federal de Medicina não só reitera a falta de posicionamento acerca do tratamento precoce, como acusa cientistas sem condições técnicas de cobrar da instituição uma posição clara.
Vamos saber mais sobre isto?
Segue o fio 🧶
2/20
Pois bem, primeiro sobre os Conselhos: qual sua função?
Os conselhos funcionam como entidades que regulamentam, fiscalizam e disciplinam as profissões. Representam a classe profissional, mas também atuam para uma boa prática em relação à sociedade. Quer um exemplo?
+
3/20
No site da @Medicina_CFM consta como papel da instituição:
Palavras como *fiscalizar e normatizar* a prática médica e *garantir a defesa da saúde da sociedade de maneira digna e competente*
Nos parece que exigir que a CFM se posicione quanto a um tratamento que não tem+