Atendendo a pedido de vocês, gravei um vídeo sobre a imbecilidade chamada "Escola Áustria" e a falácia do "problema do cálculo econômico" no socialismo. Gravei a contragosto porque esse negócio, com algumas exceções (como certas teses de Hayek), é pura besteira.
Dois exemplos rápidos. A ideia do "problema do cálculo econômico" no socialismo parte de duas falácias interligadas. A ideia de um equilíbrio perfeito entre oferta/demanda, produção/consumo, no capitalismo. A noção, inclusive, é que não existe problema alocativo no capitalismo.
Na prática, eles pensam assim: olhe, quando existe no mercado um sinal de demanda por mais comida, o preço no curto prazo tende a subir, mas no médio prazo, a produção aumenta, o preço se equilibra e se pá, fica até mais barato a longo prazo. O que falta aqui?
Falta tudo. Quem disse que necessariamente é possível aumentar a produção? Quem disse que o custo do aumento de produção vai ser compensado pelo lucro médio? Quem disse que existe terrar virgens ou disponibilidade de aumento de produtividade das terras já usadas? Etc.
Então, partindo de uma ideia falsa, a-histórica, mentirosa, do que é a dinâmica do mercado capitalista, eles imaginam o socialismo como uma economia COM A MESMA DINÂMICA do capitalismo, só que juridicamente, com os meios de produção estatizados. Esse é o "xis" da questão.
Como a economia para eles não são as relações reais de produção e reprodução da vida, mas um modelo perfeito, idealmente construído, que quando se tira um dos elementos desse modelo - a propriedade privada -, é claro que o modelo entra em parafuso. Mas isso é problema do modelo.
O socialismo não é uma economia burguesa com os meios de produção juridicamente estatizados. O negócio é tão tosco que no modelo de "crítica" ao socialismo, desconsideram dados básicos do capitalismo, como o papel dos monopólios e oligopólios na formação de preços.
O segundo exemplo, esse clássico, é a lógica formalista, idealista e a-histórica de fazer "análise econômica". Por exemplo, na cabeça de um tabacudo da "Escola Austríaca" baixar o valor da força de trabalho vai, necessariamente, aumentar o investimento, produção, crescimento etc.
A premissa é que existe sempre, a todo momento, um valente e inovador empreendedor que deseja investir, mas não consegue por causa da burocracia, custo da força de trabalho, insegurança jurídica etc. Melhorando o ambiente de negócios, o investimento vem sempre.
Baixando o custo da força de trabalho, um dos principais "fatores de produção", o investimento é garantido. A lógica primária é: baixar custo de investimento = crescimento do investimento = crescimento econômico = prosperidade geral. No mundo real, porém, a coisa é diferente.
Nada, absolutamente nada, garante que uma redução do valor da força de trabalho tenha como consequência necessária aumento do investimento privado. E isso por uma série infinita de motivos a serem compreendidos e analisados. Dois exemplos básicos.
A redução do valor da força de trabalho pode se transformar em apenas aumento potencial do lucro, sem aumento de investimentos. Ou então o aumento potencial do lucro com redução de custos pode se transformar em maior volume de operações financeiras da empresa. Fim.
Logo, a ideia de reduzir salários e direitos trabalhistas = aumento de investimento = aumento de emprego = posterior aumento de salário; é outro modelo abstrato, formalista, a-histórico, falso e burro, como tudo que a Escola Austríaca fala.
É isso. Semana que vem, sai o vídeo.
vou meter um título clickbait, estilo
ESCOLA AUSTRÍACA É BURRICE, SEU IMBECIL - ENTENDA.
olha aí, os pré-adolescentes ancaps já estão planejando react kkkkk
Corre que o ancap tá puto rs
O trosko, em solidariedade ao ancap, também tá puto.
Kkkkkkkk
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Gente, cuidado com essa ideia de citar sem maiores considerações o número bruto de mortes pelo covid-19 no Paraguai para dar a ideia de que lá, "por bem menos", eles se revoltaram.
Isso tá errado de diversas formas. E é uma simplificação complicada da realidade. 2 exemplos 👇
a - o Paraguai tem um sistema médico-hospitalar e de assistência e políticas sociais bem menos estrutura e fraco que o brasileiro. Se aqui os dados não são confiáveis, lá mais ainda. E a capacidade de atendimento médico é muito concentrado regionalmente. Isso tem consequências.
Por exemplo, é possível, sem muitos problemas, imaginar centenas, talvez milhares de mortes, nos grotões do país sem qualquer tipo de informação e assimilação das autoridades públicas.
A noção de liberdade reivindicada pelos liberais e parte da esquerda brasileira é pré-Hegel. Eles até hoje não assimilaram a ideia fundamental do mestre da dialética que para ter liberdade é necessário tá vivo. Parece um truísmo, não é? Mas tem uma profundidade filosófica grande.
Quando Hegel diz, por exemplo, que a pessoa que rouba o pão para matar a fome não deve ser condenado, colocando a vida acima da propriedade (a vida é absoluta, a propriedade privada não), ele o faz a partir de sua ideia de liberdade. A liberdade tem três vetores.
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Só é livre quem tá vivo, isto é, tem sua reprodução biológica garantida. Então, nesse momento de pandemia, podemos medir concretamente o grau de liberdade olhando que países preservaram a vida e que país deixaram o povo morrer. Mas não basta tá vivo para ser livre.
Quase 100% dos comentários de idolatria da socialdemocracia nórdica são baseadas numa concepção de "realidade ilha": é como se a economia e o sistema político deles fossem desligados do mundo, uma construção em si, não tem geopolítica, divisão social do trabalho etc.
Por exemplo, a Suíça é uma das maiores produtoras e exportadoras de chocolate do mundo. Seu produto é famoso. Mas a Suíça, como devem imaginar, não produz cacau. Quem produz? Os miseráveis Gana e Costa do Marfim. Já parou para estudar qual é a relação econômica nessa mercadoria?
Aliado a isso, pela localização geoestratégica, os países da Península Nórdica não sofrem pressões militares, geopolíticas, etc. Se qualquer país da América do Sul assumisse a política de petróleo da Noruega, no dia seguinte, os EUA colocam como prioridade derrubar o governo.
O jornalista Ben Norton escreveu um artigo criticando Yaku Pérez. Pode gostar ou não do artigo, mas ele tem argumentos. Muitos dos argumentos, inclusive, são twittis e declarações do próprio Pérez.
Aí um grupo grande de intelectuais resolveu escrever uma resposta ao Ben.
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O artigo resposta é, basicamente, uma crítica dos limites, problemas e mazelas do correísmo e xingando todo mundo de racista, anti-indígena, antifeminista etc.
Eu gostaria muito de ver um debate sério e uma resposta ao artigo de Ben Norton, mas não foi dessa vez.
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Por exemplo, como se explica chamar Yaku Pérez de ecossocialista e esquerda radical (como faz o texto de resposta a Ben), com a política externa defendida pela figura, contra toda esquerda e com bom trânsito e simpatia dos EUA e UE?
Tô vendo vários camaradas reclamando de como o YouTube tá baixando a média de acessos dos vídeos. A plataforma avisa a cada vez menos inscritos, não recomenda os vídeos, tá sumindo com o vídeo na time line dos inscritos.
Isso tá rolando com geral dos canais de esquerda.
E não, isso não é teoria da conspiração. O próprio YouTube oferece base de dados para comparar a média de acessos nas primeiras horas de vídeo postando um ano atrás e agora. E disso é possível ver claramente como menos pessoas são notificadas, por exemplo.
E isso não é novidade. Sabíamos que uma hora, com o crescimento dos canais de esquerda e marxista, isso iria acontecer. Especialmente quem não tem membros no canal e não faz live com superchat como eu, tem seu alcance derrubado. E vai piorar.
esse pessoa compartilhou um post meu MENTINDO, dizendo que eu falei que a "existência de bilionários é bom para melhorar a vida da classe trabalhadora na China". Respondi, mas depois desisti. Apaguei, mas ela é mentirosa profissional e quer sustentar a mentira. Dou valor
doutora, esse é o vídeo do meu canal onde debato a questão da China e dos bilionários. Gostaria que me apontasse em qual trecho do vídeo eu digo algo próximo de "os bilionários são bons para melhorar a vida da classe trabalhadora".
Fica o desafio:
a pessoa tá baseando a MENTIRA nesse card. o card, trecho do vídeo, fala de maior enquadramento político da burguesia no contexto de uma demanda cada vez maior pela melhora da vida da classe trabalhadora. Nem no vídeo, e nem no card, é estabelecido relação de causalidade direta.