Hoje, 8 de março, o Brasil recusou-se a apoiar declaração da ONU sobre os direitos das mulheres e o avanço nos compromissos internacionais sobre saúde feminina, supostamente em função uso da expressão "direitos sexuais e reprodutivos".
Em jul/20, o Brasil trabalhou para eliminar expressões como "intersecção" e "direitos sexuais e reprodutivos" de projeto de resolução mexicano no Conselho de Direitos Humanos, também se opondo a referências sobre "educação sexual" para mulheres e meninas.
Essa postura já vinha desde o ano anterior. Em 2019, o Brasil lutava contra direitos reprodutivos femininos, educação sexual e pelo reforço do papel de grupos religiosos na garantia dos direitos da mulher.
O Brasil se alinhou a países autoritários e/ou que cerceiam direitos e liberdades da mulher. Arábia Saudita, Egito, Indonésia, Hungria e Polônia, Afeganistão, Nigéria e Bangladesh tornaram-se parceiros diplomáticos do Brasil em direitos humanos.
Neste 8 de março, merecemos mais.
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O bom dos posts recalcados do @ernestofaraujo é que é muito fácil desmenti-los. Nem entrarei no mérito de que Ernesto, o camaleão, defendeu a política externa da Era Lula com unhas e dentes. Vamos só focar nas mentiras contadas pelo chanceler?
As relações 🇧🇷🇺🇸 viveram bons momentos na era Lula-Bush, avançando em temas como biocombustíveis e a questão palestina.
As tensões com Obama disseram respeito a desencontros naturais entre a superpotência e a busca brasileira por protagonismo.
2) Não houve hostilização da Europa.
Vimos avançar parceria estratégica c/🇪🇺 (2007), além da aproximação c/🇩🇪 no campo ambiental, c/🇫🇷 no campo de defesa/militar, c/🇬🇧 no campo do combate à fome/desenvolvimento.
A área comercial não avançou por resistência em liberalizar o agro
Em artigo recente, @davidmagalhaes e eu argumentamos que, em vez de chamar Bolsonaro de negacionista, deveríamos considerá-lo um "populista sanitário", ou seja, alguém que usa medidas médico-científicas, ainda que desconexas, para legitimar suas (in)ações diante da pandemia 👇
Nem entrarei no mérito, bem levantado pela @brumelianebrum, de que esse caos não é fruto de incompetência, mas de um projeto deliberado de destruição. Tudo indica que é. Quero comentar sobre a ciência alternativa, ou "alt-science", que gravita em torno do governo Bolsonaro 👇
Alt-science é um movimento difuso de supostos "buscadores da verdade" que militam por posições científicas minoritárias a partir de evidências parciais, pseudociência e teorias da conspiração. São médicos, celebridades, empresários unidos pela desconfiança do establishment 👇
Uma vez comentei uma postagem absurda do deputado-bombado com um artigo da CF88. Além de me xingar, naquele mesmo dia ele gravou um vídeo dizendo que gente como eu ("cientistas políticos vagabundos que vêm regurgitar a Constituição") deveriam levar um "tiro bem na cabecinha" 👇🏼
Na época, fiquei até com certo receio, mas não fiz nada. Achei melhor deixar pra lá. Segui criticando o deputado publicamente por + 1 ano, até ele me bloquear recentemente. Passei a tratá-lo como palhaço, um sujeito que decorou palavras difíceis do dicionário p/parecer erudito 👇🏼
Não sei se teria feito alguma diferença se eu entrasse na justiça contra ele. Acho até que não, até porque esses caras são inconsequentes e perigosos. A prisão recente, por mais controversa que seja, tem uma função pedagógica: revela a verdadeira face dos tigrões virtuais... 👇🏼
🧵Rússia e México estão entre os "pretendentes" a parceiro privilegiado do 🇧🇷. São países de boas relações históricas conosco, mas que nunca foram centrais na estratégia brasileira. Diante do isolamento diplomático do governo Bolsonaro, os olhos se voltaram para eles. Por quê? 👇
1) O caso russo é interessante, já que Putin se coloca como uma espécie de "terceira via" geopolítica. Manteve boas relações com Trump (há até quem diga que o sharp power russo tenha ajudado a elegê-lo) e possui vínculos com a China, mas quer se afirmar como um pólo independente.
2) Boas expressões dessa independência econômica/militar são (1) o ativismo no espaço pós-soviético, que inclui interferência em vizinhos como Ucrânia, Geórgia, Belarus; (2) engajamento no O. Médio (Síria, Turquia, Irã, Catar); (3) maior presença além-mar (África, Venezuela)
A única coisa que sustenta o bolsonarismo é a fabricação de inimigos imaginários.
Essa é a base da guerra cultural, criação desvairada de narrativas conspiratórias sobre forças ocultas e onipotentes.
Não é só espuma. A guerra cultural afeta diretamente as políticas públicas 👇🏼
Desde o princípio do governo, estava claro que a guerra cultural era a razão da sanha dos olavistas em ocupar espaços em áreas-chave: cultura, educação, direitos humanos, política externa.
Em todas elas, desejava-se construir uma nova ideia de Brasil, cristão e conservador 👇🏼
A infame frase de Bolsonaro na ONU é a melhor tradução disso: "o 🇧🇷 é um país cristão e conservador". Somos majoritariamente cristãos, sim, mas isso não faz do povo um monolito de ideias e convicções.
Essa idealização do Brasil serve bem aos interesses populistas do presidente👇🏼