A arte aborígine australiana e como interpreta-la:
Muito da herança cultural e transmissão de informações às novas gerações entre povos aborígenes se deu por meio dessa notável forma de arte e seus símbolos, segue o fio pra entender melhor como as ler.
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A arte aborígine é centrada na narração de histórias e muito dessa arte é baseada em símbolos e ícones que representam diferentes elementos dentro de uma cultura.
Muitos deles tem seus significados em diferentes regiões, enquanto o contextual dentro delas é sujeito a mudanças.
Grande parte da arte disponível e descoberta por arqueólogos usam a chamada ‘perspectiva atmosférica’ (artes visuais) e estão agora sendo reinterpretadas junto com aborígenes em atos cerimoniais, canções e outras tradições por meio de estudos meticulosos e análises cuidadosas.
Os antropólogos usam o termo "Tempo do sonho” (Altjeringa), que se refere à uma compreensão cultural de cosmovisões aborígenes, por isso, você ouvirá bastante o termo nessa arte, pois é atribuída à compreensão aborígine do mundo, como ele foi criado e várias outras narrativas.
Locais naturais também são sagrados para os aborígines, esses eram locais onde rituais sazonais eram realizados, das quais, durante eles, criavam arte para contar histórias, embora possam diferir de uma região para outra, o Altjeringa, ou Jukurrpa é um elemento comum na arte.
Uma tradição que existe desde as primeiras culturas e ainda persiste é pedir permissão antes de criar as artes, os primeiros artistas retratavam histórias e ensinamentos, mas, para fazer isso, primeiro perguntariam aos mais velhos dentro da comunidade antes de prosseguir.
Consequentemente, por meio desse método, histórias culturais foram passadas de geração a geração e algumas também através da linhagem familiar.
Agora, vamos entender alguns dos símbolos gerais disseminados entre os povos aborígenes por todo o território atual da Austrália:
Muitos desses símbolos são usados para contar histórias para crianças, idosos e até mesmo para recém-chegados, símbolos são colocados juntos para ensinar uma lição importante.
No entanto, existem vários estilos distintos que podem ser identificados, que diferem entre regiões.
O contexto da narrativa também entra em jogo, o que significa que os símbolos padrões podem implicar em diferentes significados dentro da história que está sendo predita pelo artista original.
Ao falar sobre símbolos, não podemos minar a importância dos símbolos de um grupo.
Combinar características como elementos e desenhos totêmicos esclarece de qual povo o criador da arte vem e, além disso, podem se relacionar com suas próprias narrativas da história do Altjeringa, bem como com as crenças e entendimentos culturais específicos de seu povo.
Para nos aprofundarmos mais no assunto dos símbolos e sua proeminência na arte aborígine, vamos dar uma rápida olhada em alguns dos mais comumente usados com seus significados gerais para uma compreensão mais profunda sobre seu uso:
Na arte aborígine, os símbolos são usados para representar muitas coisas que podem se relacionar com as ações, informar o espectador sobre uma cerimônia ou tradição especial e até mesmo o enredo da narrativa.
Além disso um único símbolo pode implicar em diversos significados.
Por exemplo, muitos animais nas histórias podem ser simplesmente representados por suas pegadas.
Portanto, se um artista quisesse retratar um emu, ele desenharia uma faixa/seta em forma de V de três pontas em sua pintura ou desenho.
Quando levamos em conta o tanto que foram representados na arte, implica que essas aves eram comuns naquela época.
Os emus também representam espíritos criadores que costumavam vigiar a terra de acordo com algumas crenças aborígines, muitas delas falam sobre o grande emu no céu.
Outro pássaro comumente mencionado na arte aborígine são os periquitos.
O símbolo aborígine para um periquito é uma cruz que representa o pássaro pousado, embora este mesmo símbolo também possa ser usado para representar outros elementos dentro de uma narrativa.
Esses animais foram bastante representados na arte pois muitas histórias e tradições orais aborígines relatam que antigamente as pessoas usavam esse tipo de pássaro para guiá-los a alimentos comestíveis, bem como localizar recursos hídricos, tornando-os símbolo de esperança.
Círculos concêntricos são outro símbolo que representam muitas coisas, desde locais específicos, um ponto de encontro ou até um poço.
Locais cerimoniais, assim como os de acampamento, eram considerados o mais alto nível de socialização, e seus valores culturais são inegáveis.
Para os povos aborígines da Austrália Central, os acampamentos ou locais de encontro foram considerados culturalmente significativos porque é onde todos os assuntos públicos relativos a um clã seriam discutidos.
Os montes de areia são frequentemente encontrados em todo o território australiano e grande parte da arte aborígene inclui a menção deles como culturalmente e tradicionalmente importantes.
linhas curvas são usadas para representar o seu símbolo em muitas pinturas aborígenes.
Percorrendo a lista de símbolos comuns na arte aborígine, também nos deparamos com o crescente ou ícone em forma de U.
Este símbolo é comumente usado para representar pessoas (homens e mulheres) ou ações, relacionamentos, status na sociedade e até mesmo atividades cerimoniais.
Os homens em culturas aborígines tendem a ser os caçadores e protetores da família, do ‘clã’ e do local de assentamento, eles costumavam viajar em grupos para caçar grandes animais terrestres para obter seus recursos.
Na forma de arte aborígine, os homens costumam ser representados com um ícone em forma de lua crescente acompanhado por uma lança ou escudo.
Isso também pode incluir outras armas, como o bumerangue em muitos casos.
Já as mulheres frequentemente coletavam ovos, mel, frutas, ervas, raízes e pequenos animais terrestres, como cobras e desempenhavam um papel central para uma família aborígine, bem como na forma aborígine de governo local e especialmente em cerimônias espirituais.
Elas eram vistos como doadores de vida na sociedade e responsáveis pela socialização precoce das crianças dentro da comunidade.
A mulher na arte aborígine é representada de forma semelhante ao homem, porém, seu ícone em forma de U era acompanhado por uma vara ou um ‘coolamon’.
Por toda a Austrália, os cangurus têm uma enorme importância cultural e espiritual, especialmente para o povo aborígene e foram representados com um símbolo único, quase como uma flecha, e, em alguns casos, um traço pode ser adicionado à sua pegada para representar sua cauda.
Além desses, temos uma infinidade de símbolos, representando o mundo natural, atividades e cosmologia, que conectam os aborígenes com o mundo antigo de seus ancestrais e com as várias tradições e atividades culturais que seguiram essa linhagem e permanecem entre eles atualmente.
Artes autorais:
1: Artyfactory.
2: Artlandish Aboriginal ArtGallery.
3: Drutska/AdobeStock.
4: Margaret Nangala Gallagher/ Yankirri Jukurrpa (emu Dreaming).
5: Dora Napaljarri Kitson, Ngatijirri Jukurrpa (Budgerigar Dreaming.)
O uso de sapos como enteógeno e intoxicante na Mesoamérica:
Sapos foram animais importantes na Mesoamérica em diversos aspectos, fazendo parte da cosmologia e cotidiano de muitos povos, mas, será que suas propriedades psicoativas foram utilizadas por eles?
Segue o fio👇🐸
A hipótese sobre o uso da espécie Rhinella marina, cujas secreções, como as de outros sapos, contém, principalmente, bufotenina, baseia-se na presença de muitas representações iconográficas e cosmológicas de sapos nas culturas Olmecas, Maias e Astecas.
Nos vestígios arqueológicos da cultura Olmeca em San Lorenzo, México, foram encontrados esqueletos de espécies de sapo datando de 1250-900 AC.
Esculturas e representações Astecas dão grande ênfase às glândulas parotoides dos sapos, onde se localizam as secreções psicoativas.
É importante notar que os Maias tiveram uma grande variedade de roupas para diversas ocasiões e em diferentes épocas, desde vestidos luxuosos para grandes eventos, trajes de dança, de guerra, esportivos, e, claro, roupas cotidianas.
A vestimenta Maia é reconhecida pelas cores vibrantes alcançada pelos materiais disponíveis dos seus ambientes tropicais, que fabricavam tecidos coloridos e ornamentações exuberantes, cores essas que também foram formas de distinguir status e famílias.
A civilização Chavín se desenvolveu nas montanhas andinas ao norte do Peru, mais precisamente no vale do rio Mosna, onde os rios Mosna e Huachecsa se fundem, entre 900-250 AC, com sua influência se estendendo a outras civilizações ao longo da costa Peruana.
Dentro do ‘horizonte cultural’ andino (divisão de períodos entre formações culturais nos Andes Pré-Colombianos), a cultura Chavín entra na ‘formação andina’, classificada dentro do ‘primeiro horizonte cultural’ ou ‘horizonte inicial’, que corresponde aos anos 1200-200 AC.
A geografia única do território Chavín, perto de dois rios e de vales de altas montanhas permitiu que cultivassem milho, batatas, quinoa de grãos, etc, domesticar lhamas, construir sistemas de irrigação, montar complexos de aldeias e desenvolver técnicas avançadas de metalurgia.
Este elaborado queimador de incenso (350-500 DC) une um objeto ritualístico de influência Teotihuacana com uma narrativa cosmológica Maia.
Ela apresenta uma possível entidade emergindo de uma grande concha que simboliza a entrada no submundo aquático.
A figura agarra a borda da concha com a mão esquerda para ajudá-lo a emergir e usa um colar de três fios de conchas redondas; uma versão menor da concha da qual ele se levanta balança em seu peito.
Seus braços também são adornados com uma concha cada.
A tinta amarela de suas joias pode indicar que todas foram feitas de concha.
O adorno de nariz é típico da elite de Teotihuacan, no entanto quase toda sua iconografia, principalmente a concha em suas costas parece representar o chamado “Deus N” ou “Pauahtun”.
Os povos proto-Jê habitavam complexos de casas subterrâneas, também associadas a estruturas cerimoniais geométricas há 2.200 anos atrás dispersadas pelas terras altas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
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O prefixo ‘proto’ é utilizado para englobar todos os ancestrais dos atuais grupos Jê do Sul, como os Xokleng e os Kaingang, incluindo também os antigos falantes das línguas Jê meridionais, Ingain e Kimdá, do território onde hoje é o oeste de Santa Catarina e Misiones (Argentina).
Os proto-Jê são identificados por uma cultura material conhecida como tradição Taquara-Itararé, englobando cerâmica, arte rupestre, e diferentes tipos de sítios arqueológicos como as aldeias de casas subterrâneas, montículos, plataformas e praças cerimoniais (danceiros).
Mingqi representando uma figura antropomórfica, possivelmente mitológica e ritual, inspirada pela literatura Han e iconografia budista, conhecida como “guardião das feras”.
Leste Asiático, China, Dinastia Han, 206 AC-220 DC.
Figuras como esta fazem parte de uma classe de artefatos chamados ‘mingqi’, conhecidos como "utensílios espirituais" ou "receptáculos para fantasmas" e se tornaram populares na Dinastia Han, persistindo por vários séculos.
Mesmo sendo produzidos em massa, os mingqi da Dinastia Han geralmente mostram um alto nível de detalhes e naturalismo.
Eles foram projetados para auxiliar o “Po”, a parte da alma do falecido que permanecia no subsolo com o corpo enquanto o Hun, a outra parte da alma, ascendia.