Thread by @AnarcoFino

O PSDB e congêneres não aprenderam absolutamente nada com 2018, quando viram o seu projeto de poder ser surrupiado pelo então deputado Jair Bolsonaro (financiado pelos militares.).

Sempre bom lembrar, Bolsonaro não era o candidato do "mercado", era o Alckmin (e o Meirelles como plano B). Tanto que o Paulo Guedes fora vendido como o fiador de uma agenda ultraliberal que nem chegou ao papel.

O "mercado", repito sempre, só comprou o mandato Bolsonaro como um alternativa pois lhe fora prometido que ele seria um presidente (fraco) comprometido com o mercado, que "ele" seria capaz de pautar livremente a agenda econômica do governo.

Mas voltando ao PSDB e congêneres: eles financiaram (literalmente) a derrocada do projeto petista com a certeza de que seriam os grandes beneficiados. Não contavam que o discurso que estavam libertando não seria comprado nos termos que eles esperavam.

O sonho do PSDB e congêneres era transformar o brasileiro médio numa cópia de uma certa classe média "investidora", achando que o que estavam libertando se conectaria com o espírito "liberal" e não com o espírito fascista.

Contudo, não contavam que a "melhor" (pois de maior alcance) tradução da ideologia liberal no país é (foi) realizada pelas igrejas neopentecostais. Ou seja, o pensamento ultraliberal aqui chega muito associado a uma pauta moral bem específica.

E não estou aqui isentando o pensamento ultraliberal de responsabilidade, apenas dizendo que ele não tem uma "moral" intrínseca, ele tem objetivos, apenas. Donde a sua crueldade e capacidade de se moldar e adequar ao fascismo quando lhe interessa.

Mas no Brasil, o pensamento ultraliberal rapidamente se conectou a pauta moral dos neopentecostais, constituindo aquilo que chamo de teocracia difusa. Como linha auxiliar, se uniu ao populismo punitivista.

Esse segundo aspecto foi muito estimulado, inclusive, pelo próprio PSDB e congêneres: pois era uma pauta que se alinhava com o discurso de moralização da política.

Só que, o PSDB e congêneres nunca foram capazes de produzir qualquer nome, rosto, capaz de realmente abarcar esse conluio ultraliberal moralista. Seus nomes de maior sucesso em 2018 (como o Dória) foram aqueles que surfaram na onda.

Surfaram, frise-se, pois jamais foram capazes de se colocarem como nomes, rostos, dessa onda.

E agora, anos depois, parece, não aprenderam nada com isso. Acreditam por MOTIVOS que podem, de alguma forma, surfar no discurso que estão, mais uma vez, libertando.

O antipetismo (o antiesquerdismo) não vai lhes garantir votos, muito pelo contrário. Pode lhes tomar votos, pois pode levar com que mais pessoas votem no Bolsonaro para impedir o retorno dos "vermelhos".