Se vocês querem aprender uma lição importante enquanto há tempo, vejam o que aconteceu ontem nos EUA, quando um homem branco matou oito pessoas - várias asiáticas.
Os crimes de ódio contra asiáticos nos EUA têm crescido de modo alarmante nos últimos meses. E por quê?
Porque a retórica de Trump e dos republicanos tem sido de demonização absoluta dos chineses - e, para os brancos trumpistas, qualquer asiático é chinês.
Os chineses são “responsáveis pela pandemia”, são “comunistas”, são “imigrantes tomando empregos de americanos”.
Soma-se a isto a cultura de armas dos EUA, onde comprar uma arma de fogo é tão fácil quanto comprar um saco de arroz (especialmente em alguns estados).
Armas em abundância + demonização de grupos específicos + polarização = tragédia anunciada.
E aqui estamos caminhando na mesma direção graças a um presidente genocida que sabe que depende de sua base de apoio numericamente na minoria, mas barulhenta e com inclinação à violência. É empresário armado gravando vídeo ameaçando Lula, é deputado ameaçando o STF e por aí vai.
Essas pessoas se sentem ainda mais empoderadas graças às ameaças frequentes (e cada vez mais ostensivas) de golpe militar feitas pelo presidente. Afinal, se houver golpe, elas sentem que suas posturas de violência serão ratificadas, não punidas.
Assim, adotam uma postura cada vez mais violenta que, acreditam, tornarão um golpe mais viável e que, ao ocorrer, premiará a postura violenta que o tornou possível. É um círculo vicioso de retroalimentação do ódio.
E tudo isso interessa ao presidente genocida, que segue usando as instituições para tentar intimidar críticos (de @felipeneto ao anônimo que comprou um outdoor) e, assim, desviar o foco do genocidio que está cometendo e das investigações sobre seus QUATRO filhos.
Isso não vai acabar facilmente, nem com o impeachment. Se possível for (e é um grande SE), o processo de cura do Brasil (em todos os sentidos) levará um longo tempo. Mas só poderá ter início quando não tivermos mais o Capitão Adolf Cloroquina na presidência.
Todos que não estiverem empenhados na viabilização do impeachment estarão, nesse momento, assinando os atestados de óbito de quase 3 mil brasileiros por dia e da democracia brasileira.
E serão lembrados por isso pela História, trazendo vergonha para todos os seus descendentes.
Em 64, os militares implantaram uma ditadura sob a desculpa de estarem “salvando” o país do comunismo. Se apresentavam como garantidores da liberdade do “cidadão de bem”.
Bolsonaro já está falando em voz alta a mesma canalhice sobre “garantir a liberdade”.
Avisos não faltam.
Momentos de caos institucional são, repito, frequentemente empregados por figuras autoritárias para promover ruptura democrática.
Bolsonaro está CRIANDO propositalmente esse caos usando a pandemia e agora já está falando em voz alta que se prepara para a etapa seguinte.
Poucas vezes um golpe de estado foi anunciado previamente de modo tão ostensivo. E repetidas vezes.
Eu falei disso mais cedo, mas deu vontade de repetir de modo um pouquinho mais detalhado: essa passagem do @bbb da festa desta madrugada me impressionou muito pela inteligência e pelo instinto exibidos pelos responsáveis pelas câmeras e pelos cortes (além da agilidade no pensar).
A passagem começa com Fiuk cantando "Às vezes, no silêncio da noite" e, então, Arthur passa à sua frente sorrindo. Ele fazem um rack focus rápido, mudando o foco de Fiuk, ao fundo, para Arthur - e estabelecendo este como centro da "cena".
Então, há um corte pra Carla olhando (aparentemente) pra Arthur e sorrindo - e eles fazem um zoom rápido na atriz. Aqui duas coisas acontecem ao mesmo tempo: eles estabelecem um raccord de olhar entre Arthur e Carla (que veremos ser falso) e o zoom sugere atenção de Arthur nela.
Vira e mexe, alguém resgata uma fala minha comparando Marina Silva a Bolsonaro. Pensei em ignorar as provocações, o que seria mais fácil e conveniente, evitando que outras pessoas soubessem disso. Ao falar aqui, escancaro o que foi dito.
E o que foi dito foi uma merda colossal.
Eu me lembro bem do sentimento que me fez falar aquilo: eu estava possesso de raiva por uma fala de Marina, que havia mencionado a morte de Marielle para elogiar/divulgar a série O Mecanismo. Eu vi aquilo como cinismo e oportunismo imensos - além de desonesto.
E aí fiz o que faço às vezes e depois me arrependo: comentei no calor da raiva e usei uma hipérbole absurda, ridícula, OBVIAMENTE estúpida. Tive e tenho várias ressalvas a Marina Silva, mas é ÓBVIO que ela não está nem no mesmo universo de Jair Bolsonaro.
Como já compartilhei inúmeras vezes ao longo dos anos através de tweets, posts no FB e em textos no Cinema em Cena, tenho um histórico antigo com depressão e ideação suicida. É algo que busco discutir com frequência até mesmo para demonstrar como não deve ser tratado como tabu.
O que a família Bolsonaro fez hoje (o pai na live; o filho no twitter) é uma das ações mais repugnantes de uma trajetória já repleta de atitudes desumanas, sociopáticas. A exploração de um suicídio para fins políticos é algo que expõe as almas apodrecidas de um clã de canalhas.
Encontro-me, felizmente, em um período estável da depressão; há dias melhores e outros piores, mas há um bom tempo não tenho uma crise profunda, mais perigosa. E MESMO ASSIM o que ocorreu hoje me tirou do prumo, me chacoalhou. Imagino o efeito sobre quem está mais vulnerável.
Não há nem como expressar a gravidade de Bolsonaro, este desgraçado miliciano, ler uma carta de suicídio deixada por alguém que se matou na pandemia (se for verdade; nada vindo dele é confiável). Há estudos e mais estudos confirmando como isto é um gatilho perigosíssimo.
Há protocolos adotados inclusive pela imprensa em todo mundo para noticiar suicídios porque é algo com potencial para levar a mais mortes, para derrubar aqueles que já estão à beira do precipício. Bolsonaro é uma criatura abominável; NUNCA perdoarei aqueles que o elegeram. Nunca.
E o filho dele, que é igualmente repugnante, colocou a carta no twitter e a foto da pessoa. Denunciem, denuciem, denuciem, denuciem.
Há alguns detalhes ali que me chamam muito a atenção, como a maneira como se programaram para vazar uma informação em dois momentos para gerar "duas repercussões" JÁ CONTANDO que Moro levantaria o sigilo na hora combinada.
Mas o mais chocante é a imensidão de dinheiro público e de recursos que eles desperdiçaram por darem atenção a uma fake news. Esse era o nível da equipe de ases investigativos comandados por @deltanmd: um bando de aspirantes a Sherlock Holmes que eram na verdade Projotas.