“Da China nós não compraremos. É decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso"
Por acaso parece a postura de um presidente que busca comprovação técnica? Pois é. Bolsonaro falou isso em outubro.
O contexto já é amplamente conhecido: João Doria, governador de São Paulo, assinou um acordo com o laboratório Sinovac para a produção de vacinas pelo Instituto Butantan. Bolsonaro proibiu a compra da “vacina chinesa do Doria”. Até ser forçado a mudar, mas já era janeiro.
A história é antiga. Em julho de 2020, o Butantan ofereceu para o Governo Federal 60 milhões de vacinas para entrega ainda em 2020. E mais 100 milhões no ano de 2021. Bolsonaro recusou. Depois, tiveram mais duas ofertas. Também recusadas. g1.globo.com/sp/sao-paulo/n…
Decisão técnica ou ideológica? A resposta é: ideológica. O Ministério da Saúde até tinha concordado com a compra da Coronavac, finalmente, no mês de outubro. Mas Bolsonaro discordou da decisão e mandou suspender tudo. g1.globo.com/jornal-naciona…
A Coronavac, hoje, corresponde a 80% das vacinas aplicadas no Brasil – inclusive às doses aplicadas na mãe do presidente. E o Bolsonaro está sendo forçado a mudar o apelido de “vacina chinesa do Doria” para “vacina brasileira”.
E a vacina da Pfizer, que era de uma empresa americana? Também bateu no negacionismo. A primeira oferta, em agosto, previa 70 milhões de vacinas para o Brasil. Outras duas ofertas foram igualmente recusadas no ano de 2020. www1.folha.uol.com.br/equilibrioesau…
Falaram de logística, mas países latino-americanos a aplicam e agora até o Brasil decidiu comprá-la.
Disseram que eram poucas doses. Mostraram que eram 70 milhões.
Falaram de cláusula abusiva, mas a mesma cláusula foi aceita no acordo com a AstraZeneca.
Por falar em AstraZeneca, vale lembrar que essas doses chegam do consórcio internacional Covax Facility. Elas estão chegando agora ao país!
O Brasil aderiu à aliança. Mas optou pela cobertura mínima, isto é, apenas 10% da população. Podia ser 50%. poder360.com.br/coronavirus/br…
Todo o atraso foi movido pelo negacionismo, como que a vacina da Pfizer poderia mudar o DNA dos brasileiros. Não é por acaso que ele falou sobre você virar um jacaré. em.com.br/app/noticia/po…
O que o Brasil poderia ter feito de diferente? É muito simples: bastava ter adquirido várias vacinas, de diferentes fabricantes ainda em 2020 – quando a demanda era menor. O Chile conseguiu ter três doses por habitante porque começou a comprá-las em setembro.
A comitiva do Bolsonaro ouviu, em Israel, da boca do próprio primeiro-ministro, que o sucesso do país na vacinação se deve à aposta precoce na Pfizer. Aquela que o Bolsonaro recusou três vezes em 2020, mesmo com oferta de 70 milhões de doses na mão.
O Brasil é referência mundial em vacinação. Contra a H1N1, lideramos o mundo com 80 milhões de vacinados em apenas três meses.
Mas falta vacina. Por causa do negacionismo de Bolsonaro, que espalha mentiras também sobre isolamento, máscara e remédios. g1.globo.com/ciencia-e-saud…
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Galera, não caiam na falsa dicotomia entre “privado” e “público”. A questão é a natureza do FUNDEB, que serve pra distribuir recursos à educação básica objetivando reduzir as desigualdades entre redes de ensino. O destaque tirado pelo Senado beneficiaria municípios mais ricos.
A redistribuição dos recursos é pelo número de matrículas. A questão aqui: quais são os municípios onde têm mais mercado para instituições privadas filantrópicas, comunitárias e confessionais? Os mais ricos. A regra aventada na Câmara tiraria dos mais pobres, com menor IDHM.
Para quem quiser saber mais, basta ler a thread do @callegaricaio, a quem não conheço, mas que deu uma verdadeira aula. Ele mostra até mesmo alguns exemplos: no Rio de Janeiro, a cidade de Belford Roxo perderia recursos para Niterói. Ouçam os especialistas, como @TodosEducacao.
RETROSPECTIVA DE UM GOLPE QUE POR POUCO NÃO FOI: a thread
Ninguém pode esquecer que, no ano de 2020, em meio à pandemia, o presidente da República tentou dar um golpe. Ele chegou a decidir intervir no STF, só desistindo após ser convencido do contrário. A democracia quase ruiu.
15/03/2020: Contrariando as recomendações médicas e o seu próprio ministro da Saúde, Jair Messias Bolsonaro prestigia um protesto a favor do Governo – e com teor antidemocrático –, sem máscara e promovendo aglomeração. Tinha até faixa de AI-5. E o país entrava em quarentena.
24/03/2020: Em pronunciamento na televisão, o presidente questionou as medidas de isolamento social adotadas por governadores – que tentou boicotar –, chamou a COVID-19 de “gripezinha” e – como mostra o vídeo – atacou a imprensa em rede nacional, diante de todos os brasileiros.
Vocês têm que entender que uma eleição pode ser injusta mesmo sem fraude. Afinal, democracia não se faz apenas através do voto. Um regime autocrático pode prender os líderes da oposição, por exemplo, ou minar a liberdade de expressão e o debate. Há meios de injustiça sem fraude.
A questão da Venezuela *normalmente* é de um ambiente autoritário que convive com eleições injustas, mas não fraudadas. As urnas eletrônicas de lá contam com um “recibo” para o eleitor conferir seu voto. Ele o deposita fisicamente na sua seção e tem-se dupla checagem: sem fraude.
Foi assim que, a despeito de um regime hostil à liberdade de expressão e de imprensa, uma Assembleia Nacional de maioria oposicionista saiu vencedora do pleito de 2016. Mas o autoritarismo não aceitou isso: o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) removeu os poderes do Congresso.
O Jones Manoel – a quem não consigo marcar porque me bloqueou, mesmo que depois do que ele alega – está perguntando qual a diferença de poder entre Merkel, que completou 15 anos no poder, e o de Hugo Chávez. A primeira, democraticamente; Chávez, com traços autoritários. Vamos lá:
Merkel pode ser tirada do poder a qualquer hora, dado o regime parlamentarista alemão. A Lei Fundamental de 1949 estabelece que o Parlamento pode aprovar a moção de desconfiança. A única condicionante, que não existe em outros países, é que deve haver uma alternativa de governo.
Num regime parlamentarista, a relação entre Executivo e Legislativo é bem diferente. O chefe de Governo não está sozinho, mas em coalizão. Merkel respeita as regras do jogo e seu partido já governou com sociais-democratas, noutro mandato com os liberais, sempre em novos Governos.
O @_makavelijones escreveu um artigo, em tese contra o “revisionismo histórico”, sobre o Pacto Molotov-Ribbentrop para o blog da Boitempo. No entanto, o texto contém, justamente, revisionismo histórico. Convido vocês a refletirem comigo no fio 🧶👇🏼 blogdaboitempo.com.br/2019/10/25/con…
O primeiro ponto que merece destaque é a visão de que a eclosão da guerra se dá em razão do sistema capitalista, à época colonial e imperialista. A URSS, por sua vez, representaria a luta anticolonial e antirracista. Pois bem: esse papel soviético é no mínimo discutível...
Essa visão romantizada da União Soviética não condiz com a verdade. Stalin reprisou um modelo colonial no Leste Europeu, inclusive proibindo países de fabricar produtos acabados em alguns casos; usou o nacionalismo russo para perseguir outros povos; e ignorava a questão racista.
Como o @salimmattarBR está se dedicando a mostrar o suposto legado maldito de uma “social-democracia” que abrange de Collor e Temer a Dilma e Lula, que tal falar sobre o que a ditadura militar – idolatrada pelo seu ex-chefe – nos deixou? Vamos lá:
1. Em primeiro lugar, a Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório final, reconheceu 434 mortes e desaparecimentos políticos. Não é só isso. Um documento da CIA de 1974, por exemplo, mostra que se reconhecia 103 mortes só em 1973. Geisel orientou que a política continuasse.
2. A orientação foi dada após o fim dos Anos de Chumbo. É um demonstrativo de que o número real de execuções é maior, assim como a questão das mortes não contabilizadas de indígenas, ignoradas frequentemente. A democracia, com a garantia de direitos fundamentais, preserva a vida.